sábado, 6 de agosto de 2011

Flores do campo.

São, na sua simplicidade, mais importantes que os mais empolgados discursos a favor da defesa da natureza.
Não é possível ser indiferente a toda a sua imensamente simples beleza .
Entre um artístico e sofisticado ramo de exóticas e manipuladas flores e estas, qual escolher?
Difícil a resposta, pressinto.












Cesário Verde, poeta que particularmente me toca, escreveu o poema que junto, no qual, um ramo de papoilas, assume um simbolismo carregado de erotismo, não inibido pela natureza singela destas flores ... do campo.



DE TARDE

Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampamos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

Deste poeta, apresentarei outros trabalhos de inquestionável atualidade, que vestem como luvas, temas de hoje e de sempre.

Beijos,
Nina