segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Praias


Já me perdi na poalha de ouro do areal das praias de Goa, na Índia;
Já mergulhei nas águas cálidas, azuis, transparentes de Phuket, na Tailândia;
Já observei a fauna marítima, colorida, venenosa e letal de Sharm el Sheikh, no Mar Vermelho, no Egíto;
Já observei o pôr do sol, através da Pedra Furada de Jericoacara, no Brasil;
Já percorri, em Buggy, o nordeste brasileiro, desvendando paisagens, soltando "ohs!" de espanto;
Já flutuei, sentada, no Mar Morto, na Jordânia;
Já fui personagem hedonista, num resort da Jamaica, onde os elementos se conjugavam para que a perfeição fosse o quotidiano, numa estadia fugaz;
Já me perdi por esse mundo, buscando o paraíso, em dias de lazer, em paisagens de sonho, 
mas, tenho que confessar, nada, nenhum mar, nenhum ar, nenhum areal se compara à minha praia, na Reserva Natural da Ria Formosa, no sotavento algarvio.





As praias sucedem-se, todas protegidas por dunas, onde o trânsito automóvel é, naturalmente, interdito.
O areal é imenso, por isso, para ter privacidade, basta caminhar, pisando uma areia branca, coalhada por conchas, visitada por aves marinhas.

Mas ...
As normas foram quebradas e, mesmo no limiar da praia, instalada uma discoteca, a Manta Beach, na praia da Manta Rota.
É possível tal monstruosidade?
É!





Foi montada nos fins de Julho e encerrada no fim de Agosto, pela segunda vez, repetindo a experiência do ano passado, surdos os responsáveis ao coro de protestos.
Mais do que irritação, é a incredulidade que me invade.
Como foi, como é possível?
Fica na boca o sabor amargo de uma injustiça, de um assalto aos nossos direitos, de descrença absoluta em quem nomeámos para nos representar e defender os nossos legítimos interesses.
É feio, é sujo, não se faz!

Já partiram, já desmontaram a tenda, mas deixaram despojos que  nos relembram  o atentado.

Felizmente, longe, bem longe deste horror, surgiu esta beleza:







Voluntários anónimos recolheram despojos lançados pelo mar,( pobre mar tão maltratado ...), e todos os dias o monumento cresce ... também colaborei com a minha mínima recolha de lixo.
Os autores deixaram uma mensagem, não tão anónima assim, se se reparar no símbolo impresso.

Nem tudo está perdido, conclui-se, se a par da discoteca manhosa, há quem recolha detritos na praia.

Beijos
Nina