sábado, 7 de abril de 2012

Kung Fu e Eu!

Do que eu gosto mesmo é de paz e sossego.
Sei lá, tenho preguiça, acho que é a razão fundamental, para fugir de confusões e confrontos.
Devo, portanto, concluir que, mais do que pacifista, sou preguiçosa.

A que vem esta confissão?, perguntarão, ao que eu respondo narrando um episódio absurdo que , este manhã, literalmente me abalroou.

Encontrava-me na fila da caixa de um supermercado, sem carrinho de compras, sem cesto de compras, sem nada. Só eu e dois pacotes de couve destinadas a confecionar Caldo Verde.
A fila era longa e lenta e chata, como são todas as filas longas e lentas,e encontrava-me perdida nos meus pensamentos, alheia a quem me rodeava.
Era uma daquelas filas únicas que gradualmente se fraturam à medida que as caixas registadoras vão ficando livres.
Impaciente, mas tranquila, seguia no passinho de formiga que o andamento impunha.
Acordou-me a voz de uma funcionária que, vinda das profundezas da loja, ultrapassou a fila longa e lenta, dirigindo-se a uma caixa até então encerrada, ordenando:
-Por ordem, na nova caixa!
 Repito, "por ordem".
Estremunhada pelo súbito despertar, dirigi-me para a nova caixa e, ainda que estremunhada,consegui perceber que fora ultrapassada indevidamente.
 Não é que seja grave, porque não é, é apenas um indício da educação dos meus semelhantes que me confrange e, por isso, pareceu-me pedagógico referir o atropelo.
A infratora, uma coisa minúscula que mal me chegava ao cotovelo, em bicos de pés, numa fúria mal contida, deu livre curso à sua indignação, aos gritos, baseada em nada, porque, a bem dizer, certo, certo, e o que lhe dava mesmo jeito,  era que eu não existisse, reclamava testemunhos, insinuava ameaças, agressões físicas, sei lá que mais...

Foi, então, nesse momento dramático, que despertou o Kung Fu que dorme no meu mais profundo ser.

Com um golpe de mestre,disparei um pontapé letal, acertei-lhe na cabeça, torci-lhe o pescoço, revirei-lhe os braços e até lhe puxei os cabelos oleosos, limitando-me, para tal, a ignorá-la, brindando-a com um olhar de RX que torna invisíveis as coisinhas menores, ensopando-a no aguaceiro do meu soberano desprezo.

Foi lindo!

A coisinha menor ficou ali, estatelada, estupefacta, desarmada, perante as armas mortais que são as minhas reações.
Desconfio que ainda la está, exangue, em estado semi-comatoso, entregue à sua devastadora frustração.
Bem feito!
Quem mandou acordar o Kung Fu, quem?

Beijos
Nina