sábado, 1 de dezembro de 2012

Sábado ...


... quem diz sábado, diz Cerveira, Vila Nova de Cerveira, com a sua feira gigantesca e animada.
Há que estar sol, ainda que o frio seja polar, mas, repito, há que haver sol.
Então, mesmo para quem abomina compras, shopping, confusão, calor e luzes artificiais, Cerveira continua sendo um íman irresistível.
 O efeito começa a fazer-se sentir já na sexta.
 É um desassossego, uma inquietação, uma ânsia boa que a alma invade!

É perder-se pelas ruas e ruelas vedadas ao trânsito, semeadas de cafés, bares e esplanadas que insistem na pausa.
Mesmo que o espírito (comercial) do Natal esteja presente, não é claustrofóbico, não encurrala, não manipula, não encosta à parede.
O espaço é amplo.
O horizonte, distante.
Só compra quem quer.
As opções para viver o sábado, múltiplas e diversificadas.
Se, por um acaso longínquo e altamente improvável, dou comigo nos corredores de um qualquer shopping, reconheço-me, macambúzia, quase irada, forçada a uma incursão em terreno inóspito e insalubre, que despoleta no meu pobre ser, um quase letal grau de stress.
Aqui, não!
Aqui, desfruta-se do luxo de deambular, de parar para ver, fotografar, tomar café ...

... comover-se com a singeleza das coisas.
Cada biscoito de milho foi modelado por mãos pacientes, em cozinha doméstica, longe da máquina da montagem
industrial .
São biscoitos reais, que apetecem.

... vendidos aqui, numa lojinha que assumiu, também ela, o Natal ...

... com pinhas e laços ...

... azevinho e neve a fingir.

Ao fundo, a parede imponente e comovente da montanha, altiva e protetora.
Cerveira nasceu no seu sopé, debruçada sobre o rio Minho.
 Na praça da feira, as coisas são diferentes.
 São sempre diferentes e ainda mais agora, que se aproxima o Natal.
Aí fazem-se belíssimas compras, vencem-se multidões, enfrentam-se apertos (e pick pockets), regateiam-se preços, enchem-se sacos, carregam-se fardos de embrulhos.
Se não pretendo uma compra específica, fujo da feira.
Fico-me pelo coração da vila. Em esplanada ensolarada, com o jornal do dia e um expresso fumegante. Momento 100% Zen!
Depois o almoço com múltiplas possibilidades, dúzias de ofertas.

Hoje, Esposende, ao sul de Cerveira.
Hotel Suave Mar.
Delicioso nas suas três estrelas.
Ambiente cálido e intimista.
Vista deslumbrante sobre a foz do rio Cávado, com o mar ao fundo.
Comida divina.
Tratamento de outras eras, roubado à vivência dos antigos hotéis  de campo ingleses.
Não me espantaria se, numa mesa discreta, avistasse Agatha Christie trabalhando nos enredos de um intrincado policial.

Esta, a sala ...

... esta eu ...

... esta a mesa de sobremesas.

Terminado o almoço, uma experiência quase transcendental, de novo o sol, de novo o céu muito azul, de novo o vento norte cortante!

O regresso a casa ...

... com uma preguiça boa que sugere sesta.

Sábado perde a luz, perde o azul, perde o fulgor.
São 17 horas e o dia está prestes a acabar.
Agora a noite, de mansinho, avança.
Foi um dia bom.
Será uma noite tranquila, com lareira, música, um pouco de tv, leitura, alguma e, espero, muito tricô.
São os pequenos prazeres.
As grandes felicidades!

Beijo
Nina