segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Apesar do horror...

O sol teimou em surgir e um novo dia nasceu.
Sem discursos, a vida impõe-se, teimando em continuar.
E assim, a seguir à revolta, à negação, vem a aceitação ... E uma réstia de paz.
Acho que a brutalidade  que assim, subitamente nos esmaga, mostra, em última análise, a precariedade da vida.
Então chorámos por quem parte, mas chorámos, essencialmente, por nos próprios, tão perecíveis como quem assim, abruptamente se vai.
Chorei por ele, pelos pais, pelos meus filhos, por mim!
Mas o sol teima em, cada madrugada, surgir, prova viva de que a vida continua.
Para sobreviver ao desgosto, há que aceitar, mas, essencialmente, há que reagir.
As lágrimas são agora balsâmicas, escape da brutal tensão interior.
São quase terapêuticas.
Sobrevem, agora, o cansaço das noites insones, a fraqueza que fortalece, que permite que o corpo se reanime, se recomponha, mais forte, já que não sucumbiu à provação.
E a aceitação. Palavra abençoada. A aceitação de que não passamos de seres perecíveis, com prazo de validade.

Hoje tudo estará consumado.
Os rituais, o remexer na ferida, mas também os abraços, os ombros amigos, a solidariedade.
Como posso agradecer o carinho que recebi?
Não posso. Não sei como.
Deixo o meu obrigada.
Nina