quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Quem, como eu ...

... recebe abraços, recebe carinho, recebe apoio, de todos os lugares do mundo, é uma privilegiada!
Tanta gente sofrendo, tantas situações extremas, tanto desespero como único horizonte, sem qualquer mão amiga que se estenda ... E eu aqui, soltando a minha aflição para ouvintes atentos, leitores amigos, que se me dão!
Tenho esta imensa, esta incomensurável sorte de criar laços , cadeias de solidariedade.
Queria agradecer a cada uma das minhas amigas, das minhas amigas do coração, mas, se me for permitido, prefiro dirigir assim, colectivamente o meu obrigada,numa tentativa de deixar que a poeira assente, fugindo ao revolver das cinzas, que fatalmente reabrem e fazem sangrar a ferida.
Quero seguir em frente. Quero. Quero muito recuperar a normalidade. Quero deixar para trás o irremediável.
Desde sábado, hoje, pela primeira vez , levantei-me lúcida, com objectivos para o dia.
Não é que a guinada de dor não me assole. Mas fá-lo esporadicamente, fazendo rolar uma lágrima dos meus olhos e um arrepio em resposta à fisgada que me dilacera. Mas, obrigada meu Deus, ocorre esporadicamente, desalojou-se de dentro de mim, onde fizera ninho.
Acho que isto é o início, ainda que tímido da recuperação.
Vi os pais, vi os familiares diretos, a irmã a quem quero como a uma filha,  atravessando o horror do inferno. Hoje, parecem-me mais tranquilos, ainda que dilacerados.
Para eles peço paz e aceitação.
A eles me dou, a eles me ofereço incondicionalmente, na minha quase nula utilidade.
Penso que ensaiam os primeiros passos de modo a permitirem que a vida se reinicie, se reformate.
Tranquiliza-me e apazigua-me assistir à sua reinvencão.
O tempo, esse incontestável remédio, começa a surtir o seu efeito.
Fiz, depois de perdida em terra de ninguém, em tempo sem coordenadas, por onde vagueei nas últimas 72 horas, fiz, pela primeira vez, desde então, a minha lista de afazeres para hoje.
Sinto um enorme alivio por tê-lo conseguido, por ter vencido as amarras da aflição.

Beijo
Nina