segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Tal como ...


... existem restaurantes para fumadores e restaurantes para não fumadores, embora os primeiros tendam a desaparecer, também, na minha modesta opinião, deveriam existir salões de cabeleireiro para faladores e não faladores.
Mas não existem, com grande pena minha.

Fui ao cabeleireiro.
Destinei a tarde para o efeito, pois, uma trunfa como a minha, exige tempo e vagares, ainda mais quando a solicitação é de "madeixas em todo o cabelo".
 Para quem não sabe, de dois em dois meses, acerto a cor apenas na região frontal. Cabeça toda, é obra para 3 horas e só me sujeito ao suplício duas vezes ao ano.
Pronto, hoje foi dia de suplício.
Às 14h 30m, lá estava, com vez marcada e tudo.
Encontrei o estendal de apetrechos prontos para me serem aplicados, que a moça é de boas vontades e procura agradar-me.

Sentei-me e abri o Ipad na tola pretensão de ser deixada em paz, entregue aos meus pensamentos.
Qual quê?
Ali, as pessoas interagem, conversam, desabafam, dão palpites e pareceres, trocam confidencias.
É assim! 
É esta a natureza de um salão de cabeleireiro.
Chego a duvidar de que a sua função principal seja tratar os cabelos... Vá! Admito que seja, mas, em partes iguais com a conversa.


Juro que não tenho a mania da superioridade.
Juro que sou humilde e tolerante.
Que sorrio e abano a cabeça, em sinal de concordância...

... mas, quase em transe, suplico que me esqueçam, que me ignorem, que me desprezem.

Não consigo entrar no espírito da coisa, por pura limitação da minha parte.
Não sintonizo na mesma onda, de onde resulta um diálogo de surdos.

Tenho para mim que me consideram lerda, lerda, definitivamente lerda, muito mais do que presumida.
E eu ali, bombardeada por ruído que não descodifico, chinesa no meio de finlandeses.
Nem o Ipad, nem o livro que ostensivamente desfolho, nem as revistas cor de rosa me salvam.
Suposto é interagir!
Por isso olho sem ver e ouço sem ouvir, num desespero de  a quem  apenas apetece perguntar:
-Porque não se calam?
Procura-se cabeleireiro para NÃO FALADORES!

Beijo
Nina