domingo, 14 de abril de 2013

Lar, doce lar!

A partir do texto de Luísa Costa Gomes, "O que importa é que sejam felizes", encontra-se em palco a peça "Lar, doce lar", num impressionante desempenho de Maria Rueff e Joaquim Monchique.


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Ei-las as duas quase octogenárias!
O texto é hilariante, desenvolvendo-se a um ritmo perfeito, através de primoroso diálogo.
Pronto, são dois consagrados artistas, utilizando um texto impecável.
Muito bom, muito divertido, horas de gargalhada plena, o que é bom e saudável. .Mas, o que realmente impressiona é o tratamento do assunto. Fala-se de velhinhos, coitadinhos ... 
Ora, a grande , a espetacular novidade, reside na abordagem do tema.
É que estas duas velhinhas nada têm de coitadinhas. Atentas e lúcidas e ricas, são navalhas de crítica social implacável, dirigida essencialmente aos familiares mais próximos, os filhos.
As duas seniores, como fazem questão de serem tratadas, com as suas mazelas são, ainda assim, poderosas.
Porque ricas.
O que nos leva à questão fundamental: dinheiro é poder!
Quando todos os outros valores falham (respeito, consideração, gratidão ...), resta o argumento monetário.
Só porque são economicamente independentes,  é que as duas velhotas têm poder de decisão. E decidem. Decidem onde e como querem viver a sua vida. E, curiosamente, optam pela residência de luxo em detrimento da casa dos filhos.
No cúmulo da liberdade, ou da libertinagem, fumam ... e não, propriamente tabaco, zombando abertamente dos conceitos e preconceitos sociais.
Uma abordagem genial de um tema que sempre incomoda.
Aqui não. Aqui inspira. Aqui dá ideias a quem tiver a sorte de chegar aos 80 anos.
Que seja assim, sem submissão e com muito bom humor.

Beijo
Nina