quarta-feira, 28 de maio de 2014

1118 - Serviço de jantar

Como todas as noivinhas da época, quando casei, levei no enxoval um serviço de jantar completo da Vista Alegre.
 Presente de casamento!
Guardado como um tesouro - que efetivamente era - só saía do seu refúgio em datas muito especiais, tão espaçadamente que, quando era posto na mesa, exigia lavagem minuciosa.
O mesmo  acontecia com o serviço de copos de cristal, o faqueiro e as toalhas boas!
Limitava-me a seguir as normas.

Até que cresci! E decidi que as pessoas mais importantes do universo sou eu e a minha família, bem com os amigos queridos a quem abro as portas e o coração.
É por isso que, mesmo o mais intímo dos jantares é servido no Vista Alegre, com copos de cristal e as toalhas ganharam estatuto de todos os dias, todos eles importantes e irrepetíveis!
Não vale a pena guardar nada!
Tudo deve ser usado, gozado, vivido sem restrições.
E, se por um acaso inesperado a rainha de Inglaterra vier jantar cá a casa, comerá nos meus pratos lindos e usados.

Acho até um pouquinho tolo investir nesse tipo de presentes para os recém casados!
Para quê preciosidades que não se utilizam com medo de estragar?

Aliás, atualmente, existe à venda, por preços módicos, louça maravilhosa que, se partida, será simplesmente substituída sem drama, sem culpa! 

Concluindo, eu, pessoa quase boa dona de casa ( modéstia, falsa modéstia! Sou uma super dona de casa! ), determino que todas as refeições são especiais e, festeira, faço por dar um arzinho de evento a qualquer reunião.


Gosto de branco! Acima de qualquer outra cor.
Não desdenho, porém, de experiências arrojadas e , ainda ontem, vesti a mesa de roxo.
A toalha, uma maravilha!
Dispensa o ferro! Está tudo dito!
Nos guardanapos brancos, uma argola dourada.
Para quê?
Para ser bonito!
Ao lado, um vislumbre do prato, do tal serviço, da tal marca!

À mesa, os meus amores!
Tratados como príncipes!
Embora o jantar tenha sido apenas isso, um jantar simplezinho, sem excessos, sem pecados, sem aventuras gastronómicas!
Às noivinhas de hoje, desaconselho, portanto, o rigor dos "serviços"!

Porém, tendo-os, usem-nos!
Nada de os guardar como tesouros destinados aos netos que, de certeza, ficarão chateadíssimos com a herança.

Na minha lista de presentes, se me casasse hoje, (cruzes!) incluiria uma máquina de costura, uma de tricotar, todos os eletrodomésticos e uma bicicleta!
Tudo muito mais útil, muito mais usável! 

Atendendo a que não me (re)casarei, apresento mesas de se lhe tirar o chapéu!

Beijo
Nina