quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Isto das arrumações ...

Isto das arrumações é uma coisa preversa, nada inocente e tem muito, mas mesmo muito, que se lhe diga e passo a explicar:
- Vai uma pessoa e decide que aquele canto da televisão está um horror tipo feira da ladra, com montanhas de cd's e respetivo pó agregado e decide que vai por ordem naquilo.
Até parece fácil. É só retirar os discos, guardá-los (ou destruí-los), reorganizar o espaço e já está! Fica-se com uma sala digna de revista de decoração.
Puro engano!
Ainda só organizei ( muito bem, diga-se de passagem!) aquele canto e, tipo pescadinha de rabo na boca ou sistema de vasos comunicantes, desencadeou-se uma incontornável necessidade de organizar a casa toda. É que, como dizia o outro, não há almoços grátis, isto é, tudo tem consequências.
A ver:
Tenho uma catervada de toalhas para arrumar e não sei como, nem onde. Vou descobrir, o que implica que outras arrumações virão.
Deveria ter posto mãos à obra esta tarde - não gosto de adiar o inadiável , preferindo matar o trabalho, a mantê-lo agonizante.
Acontece que hoje é quinta feira e à quinta feira sempre tenho direito a cabeleireiro.
P'ra mais chove, está frio e o dia escuro, nada apropriado a sacrifícios ... e já sofri muito ontem.
Fui ao cabeleireiro, portanto. Faz bem à alma, já para não referir o cabelo que fica com muito melhor aspeto.
A minha atual cabeleireira é discreta. Fala pouco ou nada. Deixa-nos escolher.
Hoje decidi-me pela conversa, quase monólogo. Limito-me a ouvir e a acenar.
Contou-me que está no meio de um processo de divórcio chato, com o cavalheiro a esquivar-se às suas responsabilidades, no caso, a de contribuir para o sustento da filha!
- Uns trastes! - generalizou ela, referido-se aos homens.
Apoiei assumindo a injustiça da generalização.
E contou, sem mágoa, que a vida continua e que, com algumas amigas, tem saído à noite para jantar, para um copo ou para um pé de dança. E continuou:
-Nas discotecas, o ambiente é surreal! Tenho 36 anos e sinto-me velha. Só há miúdos ... que me tratam por tia!!!!!
- Por tia? exclamei, incrédula! Isso é uma facada na auto estima!
- Pois é ! Mas é o que temos! concluiu.

A ser assim, nem sei que diga.
Tia? (Um momento, por favor! Vou ali num instante cortar os pulsos e já volto!)

Beijo
Nina