quarta-feira, 15 de março de 2017

Roupa nova?

Esta a pergunta que repetidamente ele me dirige, ao que eu, quase sempre respondo:
-Não! Não é nova, mas está nova.

Bem sei que tenho muita roupa, demasiada roupa, mas, porque será que quando a fatiota é mesmo nova, passa despercebida? Porque será?
Serão os homens sujeitos a lapsos frequentes de memória?
Serão apenas cautelosos e, não querendo correr o risco de deixar passar o elogio que se impunha, elogiam sem critério?
Serão mesmo assim tão irremediavelmente despistados?
Serão?

Não sei!
Sei apenas que estes piropos inconsequentes me são dirigidos a despropósito!

Ontem pus um vestido de malha bem antigo, com anos de vida em meu poder.
É verdade que este ano ainda não lhe tinha tocado. É verdade! Porém tenho a certeza absoluta que se o tivesse visto noutro corpo o reconhecia.
Se calhar estamos perante um tipo de amnésia selectiva, isto é, para eles trapos são e sempre serão apenas trapos que naquelas cabeças desarrumadas se misturam em trouxa informe.
Agora se se tratasse de um automóvel, aí não haveria hipótese de confusão, porque desde as rodas, às jantes, à grelha, ao motor - uma coisa de cavalos que ouço até à náusea e de que não entendo nada, nem quero entender  - aí todos os detalhes, todos os pormenores, todas as vírgulas seriam infalivelmente precisas e de milimétrico rigor.

Homens ...!

O tal piropo desadequado aplicou-se aqui:



Um vestido de malha hiper colorido - impossível ser confundido por uma mulher ...

.. sobre o qual vesti um blusão de couro ...

.. porque, o vento é agreste ...


... e receio ter-me constipado - o nariz pinga e a garganta dói.




Hoje calcei sapatos novos e ... nem uma palavra!
O que é que eu disse?
É amnésia!
Amnésia particularmente dirigida aos trapos!

Beijo
Nina