segunda-feira, 15 de maio de 2017

Às vezes ...



Às vezes é uma saudade tão intensa, tão absoluta que nem dói!
 Apenas de mim se apodera e, digamos, me reprograma.
 Então, volto a ser quem fui há muitos anos e a minha vida é satélite da minha mãe , omnipresente, minha sombra e minha guia, minha amiga e protetora.
A saudade vem do nada, de um cheiro, de um gosto, de uma ideia à toa!
Não dói!
Repito!
Apenas se faz presente.
Feliz de mim, feliz de quem guarda tal herança
Diz-se que quem assim é recordado (e amado) não morre - de facto, de uma forma muito leve, muito terna, muito doce, trago, colada na pele, essa lembrança.

Então, de repente, do nada, a "coisa" acontece. Pode ser em qualquer contexto, mas, recorrentemente, é na cozinha - universo de todos os sabores, de todos os odores - que a  tal coisa se materializa.
Então, tal como naquele tempo, em que a equação das calorias ingeridas não sequer se  cogitava, vejo-me cozinhando pratos que um dia a minha mãe cozinhou.
Tinha de ser tudo fresco, tudo de qualidade, mas num desprezo soberano pelas (malditas) calorias.

Surgiam estufados com legumes e massas e batatas e feijão, tudo soberbamente temperado, tudo preparado com os vagares de quem desfruta do momento.

Nada de admirar, portanto, que eu, sem me deter em avaliações calóricas tenha reproduzido o estufado de carne, acompanhado por batatas, acolitado por lacinhos de massa, envolvido em dengosa calda de feijão branco.
Está bom!
Está delicioso!
Sabe aos almoços famintos, quando chegava do liceu verde de fome e, às 2 da tarde, almoçava, engolindo, degustando cada garfada, quase em transe - então era magríssima e tudo me era permitido.

Hoje, não!
Pouco me é permitido, nesta batalha perpétua com a balança.
Mas não hesito.
Não me arrependo.
Volto a ter 15 anos!
Há lá coisa melhor?


Quem nunca provou este estufadinho , não sabe do que se fala quando se fala em delícias...

Se engorda?
Sim! Engorda muito, porque exige acompanhamento de vinho tinto e uma discreta torradinha que se ensopa no molho!
Tal e qual!
Se vale a pena?
Pois então não há de valer?
Vale!
Vale  pecar e repetir, que isto de pecados ou é ou não é!

Depois, para, no sétimo (ou oitavo) céu terminar a refeição, só, apenas e exclusivamente com a DELÍCIA DE CHOCOLATE ...






Uma coisa inenarrável!


Vá lá que estes surtos são esporádicos ...
Mas, quando surgem fazem de mim escrava ...
E eu gosto!
Gosto muito!

Beijo
Nina