quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Destralhando

No meu "atelier", - perdoe-se-me a presunção ...-   a tralha é  imensa.

Refiro que a "presunção" se aplica à designação "atelier", já que, para ter um  necessário se torna saber costurar e eu não sei. Não é fácil modéstia, não! Limito-me a brincar com os tecidos e coser umas coisinhas, nada mais. Se me mandassem "fazer" uma saia, nem que disso dependesse a minha vida, saia não haveria.
Adiante, que a outro assunto venho:
Arrumação! Esse já domino satisfatoriamente.

Temos, portanto, que o meu "atelier" está uma bagunça!"
Está neste deplorável  estado:












São  caixas e cestos e mais caixas e mais cestos repletos de retalhos e projectos a concluir que por ali vegetam, aguardando submissos que chegue a sua hora.

Pois a sua hora chegou. Chegou com a chuva que ontem começou  a cair, convidando a ficar por casa.

Bem sei que este mundo de panos, retalhos e novelos de lãs  tem vida e vontade própria  e que, numa espécie  de círculo  vicioso - ou de pescadinha de rabo na boca - se propaga indefinidamente,  já  que uma coisa leva a outra - isto é,  para concluir um trabalho dando destino a sobras, é,  quase como uma maldição,  obrigatório investir em novas aquisições.

Porém,  desta vez será  diferente!
Eu decidirei, não  eles (os retalhos).
Não  serei refém  da sua vontade!
Não  desta vez!









Desta vez, a ordem é despejar cestos, produzir, produzir, produzir , apenas com a prata da casa.

Assim, alfinetando, cosendo e passando a ferro, consegui o que será o exterior de um saco - para compras, para praia, para guardar trabalhos em andamento. Usei apenas pedacinhos de tecido e até umas sobras de bordado inglês. Demorei parte da tarde. Fartei-me de coser e aparar excessos. Fiz uma lixeira incrível, mas, à primeira vista, parece que nem toquei no assustador depósito de retalhos. Já vi que não será fácil e muito menos rápido. Mas a vitória será  minha! Vencerei os retalhos!


Pode até  ser que futuramente  a maldição  se repita - receio - confesso - que, no futuro,  vendo a carência de materiais seja atacada por uma espécie de síndrome de abstinência e, compulsiva,   volte a mergulhar na vertigem  das compras - no futuro, repito!

Hoje, fui-me  a eles, aos retalhos, aos restos às  sobras!
E o pomposamente  designado atelier, acabará por ter cara lavada, ar organizado,  asseado, vazio de tralha.

Parece-me bem.

Beijo
Nina