quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Tralha



Que atire a primeira pedra quem nunca se flagrou com um monte de tralha imprestável.
Alguém?
Bem me parecia!
Nem a super, hiper, fenomenal dona de casa é imune à tralha.
Ela nasce, insidiosamente e - tenho para mim -  lança raízes, germina e  reproduz-se.

Tudo começa de uma forma aparentemente inocente:
- Um interruptor que avaria, uma torneira que pinga, um parafuso enigmático que surge do nada e que nós guardamos, não vá dar-se o caso de (a tralha) se tornar indispensável, vital mesmo, em situações de crise.

Primeiro o tal parafuso, depois uma anilha com ar suspeito, a seguir a ponta do fio elétrico que se utilizou não sei para quê ...
É assim que o caos se estabelece. Acreditem. Sei do que falo.

Há quem possua uma gaveta para a tralha, mas não eu.
Eu tenho um armário!
A sério!

Foi uma inspiração que eu tive.
Quando mudei para esta casa confrontei-me com umas portadas no hall de entrada que abrigavam o quadro elétrico, um espaço completamente desaproveitado. Mandei fazer prateleiras.
Assim nasceu o armário (da tralha).
Na sua barriga, caverna do demo, abriga "cenas" - lâmpadas, caixa de ferramenta, fios e cordel, pregos e parafusos e por aí segue.
Aquele espaço concebido para arrumar transformou-se rapidamente no local onde se larga quase tudo - essencialmente inutilidades -  por outras palavras, lixo!

De vez em quando, sempre que calha abrir aquelas portas, tenho ataques de raiva, de fúria pura e dura. Apetece-me mandar tudo para o lixo - decisão arriscada, porque no meio da bagunça há que preservar e conservar o que presta.
O que é imperioso é escolher, despachar, limpar e reorganizar.
Não é programa apetecível, não!
Mas alguém tem de o fazer!
Eu!
Quem mais?


Em frascos de vidro coloquei etiquetas identificando o conteúdo e a sua utilidade.
Usei igualmente caixas vazias para maiores volumes

Tudo num só lugar, tudo etiquetado ..

Voaram para o lixo objetos estranhos, não identificados


Os que restaram - se calhar deveriam ter tido o mesmo destino (lixo) - repousam em caixas feçhadas


O espaço parece que cresceu, aliviado de inúteis bugigangas ...



Já mostrei a quem comigo convive.
Recebi aprovação, rasgados elogios.
Repliquei com uma ameaça:
- Mato quem desarrumar o armário da tralha.

Beijo
Nina