quarta-feira, 18 de julho de 2018

Observando


Desde que seja possível organizar livremente uma viagem, essa é sempre a modalidade que escolho, quero com isto dizer que, eleito o destino, compro a passagem aérea, reservo hotéis e um carro que apanho no aeroporto e lá vou, com a sensação plena de férias em liberdade.
Melhor ainda é optar pelo automóvel a partir de casa, desde que o tempo disponível o permita. Então a liberdade é quase absoluta.

Desta vez, voámos até Marselha e daí seguimos a rota da lavanda previamente estudada e estabelecida.

O quartel general - o hotel onde pernoitámos todas as noites - situava-se nos arredores de Aix-en- Provence e provou ser uma excelente escolha.

No primeiro dia, saímos de Aix-en-Provence em direção a Gordes ...


Esta surpreendente cidade bege, pendurada na encosta de um monte ...


Estava calor, muito calor e as ruelas estreitas ofereciam sombra e uma brisa encanada muito agradável

É uma cidade muito antiga ...

... que nem por um momento cedeu à selvagem tentação do urbanismo moderno.

Por isso, percorrendo estas ruinhas sentimo-nos perdidos algures no passado


As portadas de madeira adequam-se ao clima de extremos - calor sufocante no Verão e frio polar no Inverno


Vêem-se muitos turistas, diria mesmo que só turistas e que os locais se encontram ocupados em atividades que servem esse mesmo turismo.
Muitos franceses, muitos estrangeiros e muitos, muitíssimos orientais.


Longe vai o tempo em que nos cruzávamos com grupos de japoneses de máquina fotográfica em punho, disparando avidamente em todas as direções.
Distinguiam-se à légua por muitos motivos, sendo que um dos mais marcantes era o vestuário terrivelmente desatualizado, principalmente notório nas mulhers.


Hoje tudo mudou. Mudou para melhor.




As mulheres denotam uma preocupação muito particular com a moda. Não que sempre me agrade, que sempre "faça" o meu género ... que não faz, mas devo reconhecer  que ali há preocupação, há modernidade, há estilo.
Esta jovem chamou imediatamente a minha atenção ...



... com  o esquema monocromático, o incontornável chapéu - espertas, sabem que o sol não perdoa e que apressa incrivelmente o envelhecimento da pele -  e a sobreposição de camadas ...

Duas gerações - fácílimo encontrar as óbvias diferenças.


Esta (japonesa?) está espetacular!
Muito branco, sobreposições e capeline imensa ...




Sapatos cómodos e casamento de cores perfeito.
Adoro a saia compridona e semitransparente.



Tratou-se de um desfile muito interessante ...




Não conheço o Japão, mas tenho ouvido relatos acerca das suas mulheres, moderníssimas e verdadeiras fashion victims - aprecio imenso o conceito e dele retiro o que me convem.


Portanto, inesperadamente, nesta viagem, enchi os olhos (também) com estilo e moda.
É que para além de ser muito observadora, sou terreno (muito) fértil para este tipo de influencia - que levo na conta da cultura, que o é!
Moda é também cultura, sem sombra de dúvida!












Mesmo quando o visual é mais contido, percebe-se que houve ali cuidado, preocupação com a comodidade e com um bom resultado visual. Esta senhora, na sua simplicidade, está o que se pode chamar, muito gira!


A poucos quilómetros de Gordes situa-se a Abadia de Senanque, uma beleza imperdível.
Foi aí que pela primeira vez nos confrontámos com uma plantação de lavanda - embora de médias proporções, nada que se compare ao oceano que atrás mostrei. Ainda assim foi chocante vislumbrar o conjunto Abadia / plantação.







O mar roxo, o tal que mexeu com todos os meus sentidos, seria avistado no dia seguinte.
No primeiro, foi assim - algumas dezenas de quilómetros, um calor sufocante, pausas reconfortantes e observação do microcosmos que connosco se cruzou.
Já disse que moda também é cultura, não disse?


Beijo
Nina