... suspira por uma horta, um pedacinho de terreno onde pudesse mexer na terra, plantar e colher, libertando-me um pouco da ditadora das grandes superfícies onde compramos maçãs colhidas e mantidas em estufa há meses, onde tudo é calibrado, sem sabor nem odor.
Inscrevi-me na HORTA À PORTA, que promete um pequeno talhão de terreno, na área da residência. Acontece que a procura supera a oferta e, por isso, encontro-me em lista de espera há mais de 2 anos.
À minha frente, tenho 50 pessoas, o que significa que continuarei a depender completamente dos hipermercados, instituições com cuja política, alicerçada no esmagamento dos produtores, discordo totalmente.
A discussão sobre esta temática mantem-se viva, mas receio que por pouco tempo. É só aparecer outra promoção com 50% de desconto que tudo será perdoado.
Não me apetece falar mais no assunto, tanto mais que este já teve excessivo tempo de antena.
O que me apetece é reafirmar a minha apetência pelo tal talhão que permitirá soltar a camponesa que
habita em mim.
Entretanto, de uma amiga querida, cujo horário de trabalho começa às 9 da manhã e termina quando pode, recebo estes mimos:
As cebolas, ainda trazem terra. Estas cheiram mesmo a cebola. |
Apetecia-me , com estas delícias, compor um centro de mesa ... |
... mas não! Vou comê-las! |
As cores das alfaces afiançam que o sol , o verdadeiro sol as iluminou e não uma qualquer luz artificial. |
Sou tão insistente que já me identificam pela voz, mas, creio que há, entre mim e a atendedora, alguma empatia, já que sempre me aconselha a não desistir e me anima com um "está quase...!
Beijos
Nina