Só os brasileiros, só eles, capazes de assim me embalarem!
Obrigada, povo irmão, genial, querido!
De modo que, eu, saudosa do sol, deste modo o associo à ausência de um amor distante.
Porém, já lá vão dois dias, quase três, de sol glorioso.
As gentes, os bichos, as plantas rejubilam, tiram roupa, espreguiçam membros, desabrocham em flor.
Os bolbos, aquelas cebolas fedorentas e feiosas que no outono se enterram , apertados, em vasos feiinhos, sem ilusão de grandes surpresas, com o sol, fazem milagres.
Narcisos. Irromperam caules carnudos e a flor, faz-se desejar, difícil, como uma mulher bonita! |
Espevitavam lentamente, junto à janela, virada a sul, espaço de toda a claridade, de todos os raios de sol. |
Na primeira ou segunda manhã de sol, quando descia as escadas, vinda do quarto de dormir, pressenti subtis diferenças. O que seria que assim me alertava? Era um perfume ... |
Um aroma raro, mal definido, entre o doce e o acre... Os narcisos haviam explodido em mil botões. Deles emanava o inebriante perfume. |
De repente encontrei os tais "olhos que a gente não vê..." num entusiasmo adolescente do reencontro.
Foi o presente do dia, o presente da vida, o presente da natureza que, se respeitada, jamais decepciona.
Nesta fase, para melhor preservar a sua longevidade, melhor será protegê-los do sol directo. |
Assim, maravilhosos, um rosa, outro azul arroxeado, apelam continuamente à minha visita. |
Vigio-os como mãe atenta, como namorada saudosa, com reverência e respeito face ao milagre que, cada ano, se repete. |
Quem?
Serão dias de profundo e absoluto prazer, por menos de 2€.
É que há coisas que não se aferem pelo preço, pelos desprezíveis euros.
São preciosas em si, apenas porque são, porque existem, porque estão aí para nos dar momentos de felicidade sem par.
Amo-vos, amo-vos narcisos floridos!
Obrigada por existirem.
Beijo
Nina