Este é o chamado presente envenenado, seja qual for o ângulo em que o encaremos.
São amêndoas. Deliciosas, irresistíveis amêndoas de Páscoa, o meu verdadeiro calcanhar de Aquiles no que à resistência aos petiscos, diz respeito.
Há nelas qualquer coisa de tão absolutamente, tão demoniacamente sedutor que até lhes tenho medo.
Não compro nem uma.
Mas, ontem, uma pessoa querida entregou-me esta caixa. Tem, ou tinha, pelo menos 500g.
Olho-as hipnotizada, boneca de trapos sem vontade própria.
Finjo-me de morta, como quem não dá por elas.
Em vão!
Uma força magnética atrai-me, as mãos desobedientes apanham uma e depois outra e depois ...
Têm o sabor da minha infância, promovem uma viagem no tempo. É obra! Quem, mas quem, resiste ao chamariz de uma visita aos anos dourados de criança? |
Desculpas, bem sei! Vou odiar-me amanhã |
Mas hoje, não!
Hoje, só hoje, só desta vez, deixarei que a gula determine os meus actos e, o que é mais grave, o tamanho das minhas roupas, o perímetro da minha cintura e de outros perímetros!
De novo, coberta de vergonha, me confesso e vou comer só mais aquele moranguinho com recheio de fondant, que, safado, me pisca o olho.
Beijo
Nina