Repete-se todos os anos a mesma "cena" - sobra sempre imeeeeeenso peru, no Natal.
É que os bichos são corpulentos - não admira, portanto, que por muito esfaimados que estejam os comensais, não conseguem acabá-lo.
Pessoalmente, não simpatizo com peru!
Acho a carne desenxabida e seca, mas tradição é tradição.
Portanto, para além de comprar uma ave "monstruosa" que exige horas e horas de permanência no forno - 1 hora por quilo! - dou-lhe um tratamento que se inicia dois dias antes do dia do cozinhado.
Primeiro, fica 24 horas de molho, coberta por água temperada com vários limões cortados em rodelas e muitas folhas de louro.
Depois, há que deixar que escorra completamente, há que secá-la com papel absorvente e, só depois a temperar com uma pasta de margarina, sal, pimenta, colorau, muito alho picado e vinho do porto.
Requer outra etapa de 24 horas para que o tempero atue.
Só depois - 48 horas volvidas - é que está pronto para entrar no forno e, então enche-se-lhe a cavidade abdominal com o recheio ou - outra possibilidade - com limões e cubos de caldo de aves.
Seguem-se as horas de assadura exigidas de acordo com o peso do animal.
Enfim, é uma logística muito trabalhosa, muito demorada, para quem, como eu, não morre de amores pela criatura.
De tal modo a nossa relação é fria e distante que decretei acabar com o peru no natal e,
no próximo ano, quebrarei a tradição sem o menor problema de consciência.
Este ano, porém, comeu-se peru e sobrou peru.
Congelei-o!
Fui utilizando porções, espaçadamente, de modo a evitar um motim!
Lá consegui terminá-lo e ontem preparei canelloni com recheio de peru!
O peru tem uma curiosa particularidade - reeeeeende, rende muito! Por isso, com as sobras das sobras, consegui várias porções de canelloni! |
Congelei e cozinhei estas duas para o jantar de domingo. |
Estavam bons, os canelloni!
E ninguém suspeitou que eram de peru.
Como convem!
Não precisam de saber tudo, pois não?
Adeus peru!
Beijo
Nina