Estive em AMARANTE na véspera do início das festas da cidade e logo que iniciei o passeio ouvi o som da banda. Tinha que haver uma banda.
Depois cruzámo-nos.
Aquele romantismo nostálgico que associa "A banda" a Chico Buarque, infelizmente, no caso, não lhe assentou. |
Barulho, imenso barulho. Nenhuma melodia que fizesse "A moça triste que vivia calada" sorrir... |
As ruas junto ao rio Tâmega encontravam-se ocupadas vendendo o que é suposto encontrar em tais efemérides.
Além da banda, havia música no ar.
Brejeira, popularucha, barulhenta.
Barulho, ruído.
Contrastando com a placidez bucólica da paisagem.
E aqui - já sei - visto a farda snobenta de quem não aprecia romarias.
- Posso?
- Posso, não delirar com o Quim Barreiros?
- Obrigada!
Não, definitivamente, não deliro.
Prefiro a vista límpida do rio, da verdura das margens. E o silêncio!
Felizmente existe a ponte ...
A PONTE DE S. GONÇALO |
E ao fundo, a Igreja ...
IGREJA E CONVENTO DE SÃO GONÇALO |
Melhor será vivido e apreciado quando adormecido no ramerrame dos seus tranquilos dias, sem folias exasperantes, na tranquilidade pasmada do seu quotidiano.
Come-se bem em Portugal, come-se muito bem no Minho, come-se divinamente em Amarante.
Para fugir ao eterno Zé da Calçada, arriscámos no Pobre Tolo cujo nome espicaçou curiosidades.
Isto não é uma sobremesa. Isto não é um Pudim Abade de Priscos. Não! Isto é uma jóia! Uma raridade, uma preciosidade. |
Poder-se-ia optar pelos docinhos tradicionais de Amarante. Eu optei. Optei duas vezes, já que comi dois, esquecida de contenções e dietas. Ai!Ai! Suspiro e salivo, salivo e suspiro. E mais não digo. |
Seguimos para o Museu Amadeo Sousa Cardoso e difícil se torna descrever emoções a este nível.
O museu percorre-se devagarinho, contempla-se, volta-se atrás uma e outra vez. Vê-se sem pressas. Mais que ver, absorve-se, mergulha-se nas telas que assim se oferecem.
Não foi a minha primeira vez. Não foi a última. Voltarei.Obrigatoriamente.
Depois. Depois não poderia regressar a casa sem o último ritual.
Os doces.
Quando era criança, a Lailai era quase local de culto. Paragem obrigatória.
Um entusiasmo. Tão grande que, um dia, na pressa de entrar, quase atravessei um vidro. O vidro da porta. Foram lágrimas e um "galo" na testa.
Num dia de triste memória encontrámos a Lailai encerrada. Problema de partilhas, herdeiros que não se entendiam - informaram-nos.
Foi um dia triste.
O adeus à Lailai quase um adeus a memórias de infância.
A vida continua e então conhcemos a ...
Confeitaria da Ponte que ... |
... em nada desmerece a Lailai - entretanto reaberta. |
Escolhi 3 destes, 3 destes e mais 3 destes e daqueles que não sei o nome - aliás, nomes para quê? O sabor, senhores, o sabor, o derreter na boca, o querer só mais um ... |
E muito mais.
Mas, isto, é a essência, o essencial, a recordação que perdura.
Beijo
Nina