No meu "atelier", - perdoe-se-me a presunção ...- a tralha é imensa.
Refiro que a "presunção" se aplica à designação "atelier", já que, para ter um necessário se torna saber costurar e eu não sei. Não é fácil modéstia, não! Limito-me a brincar com os tecidos e coser umas coisinhas, nada mais. Se me mandassem "fazer" uma saia, nem que disso dependesse a minha vida, saia não haveria.
Adiante, que a outro assunto venho:
Arrumação! Esse já domino satisfatoriamente.
Temos, portanto, que o meu "atelier" está uma bagunça!"
Está neste deplorável estado:
São caixas e cestos e mais caixas e mais cestos repletos de retalhos e projectos a concluir que por ali vegetam, aguardando submissos que chegue a sua hora.
Pois a sua hora chegou. Chegou com a chuva que ontem começou a cair, convidando a ficar por casa.
Bem sei que este mundo de panos, retalhos e novelos de lãs tem vida e vontade própria e que, numa espécie de círculo vicioso - ou de pescadinha de rabo na boca - se propaga indefinidamente, já que uma coisa leva a outra - isto é, para concluir um trabalho dando destino a sobras, é, quase como uma maldição, obrigatório investir em novas aquisições.
Porém, desta vez será diferente!
Eu decidirei, não eles (os retalhos).
Não serei refém da sua vontade!
Não desta vez!
Desta vez, a ordem é despejar cestos, produzir, produzir, produzir , apenas com a prata da casa.
Assim, alfinetando, cosendo e passando a ferro, consegui o que será o exterior de um saco - para compras, para praia, para guardar trabalhos em andamento. Usei apenas pedacinhos de tecido e até umas sobras de bordado inglês. Demorei parte da tarde. Fartei-me de coser e aparar excessos. Fiz uma lixeira incrível, mas, à primeira vista, parece que nem toquei no assustador depósito de retalhos. Já vi que não será fácil e muito menos rápido. Mas a vitória será minha! Vencerei os retalhos!
Pode até ser que futuramente a maldição se repita - receio - confesso - que, no futuro, vendo a carência de materiais seja atacada por uma espécie de síndrome de abstinência e, compulsiva, volte a mergulhar na vertigem das compras - no futuro, repito!
Hoje, fui-me a eles, aos retalhos, aos restos às sobras!
E o pomposamente designado atelier, acabará por ter cara lavada, ar organizado, asseado, vazio de tralha.
Parece-me bem.
Beijo
Nina
Refiro que a "presunção" se aplica à designação "atelier", já que, para ter um necessário se torna saber costurar e eu não sei. Não é fácil modéstia, não! Limito-me a brincar com os tecidos e coser umas coisinhas, nada mais. Se me mandassem "fazer" uma saia, nem que disso dependesse a minha vida, saia não haveria.
Adiante, que a outro assunto venho:
Arrumação! Esse já domino satisfatoriamente.
Temos, portanto, que o meu "atelier" está uma bagunça!"
Está neste deplorável estado:
São caixas e cestos e mais caixas e mais cestos repletos de retalhos e projectos a concluir que por ali vegetam, aguardando submissos que chegue a sua hora.
Pois a sua hora chegou. Chegou com a chuva que ontem começou a cair, convidando a ficar por casa.
Bem sei que este mundo de panos, retalhos e novelos de lãs tem vida e vontade própria e que, numa espécie de círculo vicioso - ou de pescadinha de rabo na boca - se propaga indefinidamente, já que uma coisa leva a outra - isto é, para concluir um trabalho dando destino a sobras, é, quase como uma maldição, obrigatório investir em novas aquisições.
Porém, desta vez será diferente!
Eu decidirei, não eles (os retalhos).
Não serei refém da sua vontade!
Não desta vez!
Desta vez, a ordem é despejar cestos, produzir, produzir, produzir , apenas com a prata da casa.
Assim, alfinetando, cosendo e passando a ferro, consegui o que será o exterior de um saco - para compras, para praia, para guardar trabalhos em andamento. Usei apenas pedacinhos de tecido e até umas sobras de bordado inglês. Demorei parte da tarde. Fartei-me de coser e aparar excessos. Fiz uma lixeira incrível, mas, à primeira vista, parece que nem toquei no assustador depósito de retalhos. Já vi que não será fácil e muito menos rápido. Mas a vitória será minha! Vencerei os retalhos!
Pode até ser que futuramente a maldição se repita - receio - confesso - que, no futuro, vendo a carência de materiais seja atacada por uma espécie de síndrome de abstinência e, compulsiva, volte a mergulhar na vertigem das compras - no futuro, repito!
Hoje, fui-me a eles, aos retalhos, aos restos às sobras!
E o pomposamente designado atelier, acabará por ter cara lavada, ar organizado, asseado, vazio de tralha.
Parece-me bem.
Beijo
Nina