Já se sabe que o calendário perdeu toda a autoridade. O tempo, pura e simplesmente, ignora as estações do ano e prega todas as partidas que muito bem entende.
Portanto, não há que fiar no calendário, estamos entendidos.
Há que estar atento a indícios, isso sim.
As cerejas são deliciosos indícios.
Quando aparecem é sinal que o calor não tarda.
Sortuda, recebi quilos destas delícias vermelhas. |
Vieram do Douro, de Resende, a pátria abençoada das cerejeiras. |
Felizmente, o meu lado formiga ainda possui algum poder reivindicativo nas minhas decisões e, claro, nada melhor do que eternizar por um ano estas maravilhas, recorrendo ao infalível truque das compotas.
Há que lavá-las, escrupulosa, repetidamente, em várias águas ... |
... arrancar-lhes os pés, um a um ... |
Depois, abracadraba!
Do fundo do armário dos pequenos eletrodomésticos, surge, em toda a sua glória, o descaroçador de cerejas quem, num abrir e fechar de olhos, executa a infernal tarefa de retirar os caroços.
Uma a uma, as bolinhas vermelhas são perfuradas e o caroço cai no depósito, enquanto a polpa é expelida. |
Não sei se existe à venda por aqui. Este veio da Alemanha onde sempre me abasteço de fabulosos ajudantes domésticos. |
Aqui estão eles, os carocinhos ... |
... enquanto que a polpa, perfurada, se vai amontoando. |
Depois, é só juntar açúcar, levar a lume brando, até atingir o famoso ponto de estrada que já mencionei aquando da compota de morangos. |
Neste momento toda a casa está perfumada ... Há no ar um cheirinho doce, um cheirinho aos dias da infância. |
Beijos
Nina