sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Monogamia

Diariamente, entrando ou saindo do meu quarto, em plena luz do dia, cruzava-me com a mais improvável das criaturas, uma magnífica coruja, ave noturna  por excelência, que, empoleirada num pequeno poste ou mesmo rente ao chão, seguia, com toda a dignidade, os meus movimentos, sem exteriorizar o menor sobressalto.
Estranho!


Até que um dia, surpresa!
No mesmo local, encontrei duas,um casal!
Com mil cautelas, aproximei-me e que vi?
Escavado no solo, um túnel por onde uma das aves desapareceu, fazendo-se, de repente, luz para o enigma.
O macho, sentinela atenta, vigiava, enquanto a fêmea acalentava os ovos ou as recém nascidas crias.
Por momentos abandonara o ninho e, juro que vi, que se espreguiçava, primeiro uma asa, depois a outra, repetindo com as patas os mesmos exercícios.
Sorte incrível, ter presenciado esta cena, eu, que achava a ave solitária, meio neurótica, cismando sozinha no mesmo local, desrespeitando os hábitos da sociedade a que pertence.
A seguir, permiti-me romancear, comovida perante a devoção masculina.
Seguramente que, como as araras azuis, são monogámicas, de uma fidelidade a toda a prova, de uma cumplicidade que ultrapassa as as mais elementares medidas de segurança e que, vivem em sintonia absoluta, uma em função da outra, ambas em função da preservação da espécie.
Deus me livre de pretender fazer comparações com elementos de espécies diferentes, concretamente, com a espécie que se auto considera rei da criação!




Observei, a seguir, este intruso que ousou aproximar-se, sendo despachado por um voo rasante , acompanhado por gritos estridentes.
Ainda vi um gato, que infelizmente não fotografei, rondando a área e a quem foi aplicada a mesma técnica de dissuasão  que, também com o felino, resultou em pleno, pondo-se o bichano em fuga para outras paragens.

Parece que os gansos, uma certa espécie de gansos, funciona também assim:
cumplicidade absoluta, ligação perpétua, contrariando as palavras de Vinicius que proclamam

 " ... que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure..."

Beijos
Nina