sexta-feira, 4 de maio de 2012

A camponesa que habita em mim ...

... suspira por uma horta, um pedacinho de terreno onde pudesse mexer na terra, plantar e colher, libertando-me um pouco da ditadora das grandes superfícies onde compramos maçãs colhidas e mantidas em estufa há meses, onde tudo é calibrado,  sem sabor nem odor.
Inscrevi-me na HORTA À PORTA, que promete um pequeno talhão de terreno, na área da residência. Acontece que a procura supera a oferta e, por isso, encontro-me em lista de espera há mais de 2 anos.
À minha frente, tenho 50 pessoas, o que significa que continuarei a depender completamente dos  hipermercados, instituições com cuja política, alicerçada no esmagamento dos produtores, discordo totalmente.
A discussão sobre esta temática mantem-se viva, mas receio que por pouco tempo. É só aparecer outra promoção com 50% de desconto que tudo será perdoado.
Não me apetece falar mais no assunto, tanto mais que este já teve excessivo tempo de antena.
O que me apetece é reafirmar a minha apetência pelo tal talhão que permitirá soltar a camponesa que 
habita em mim.

Entretanto, de uma amiga querida, cujo horário de trabalho começa às 9 da manhã e termina quando pode, recebo estes mimos:

Alfaces e couve portuguesa, daquela com que se cozinha o verdadeiro caldo verde.

A minha amiga possui um terreno que cultiva durante o único período livre de que dispõe, o fim de semana.
Afiança que é o melhor antidepressivo que conhece.

As cebolas, ainda trazem terra. Estas cheiram mesmo a cebola.

Apetecia-me , com estas delícias, compor um centro de mesa ...

... mas não! Vou comê-las!

As cores das alfaces afiançam que o sol , o verdadeiro sol as iluminou e não uma qualquer luz artificial.
Vou telefonar para  A HORTA À PORTA!
Sou tão insistente que já me identificam pela voz, mas, creio que há, entre mim e a atendedora, alguma empatia, já que sempre me aconselha a não desistir e me anima com um "está quase...!
Beijos
Nina