quinta-feira, 22 de março de 2012

Como os lagartos ...

... que , assim que os primeiros raios de sol tocam a terra, aquecendo lentamente o ar e as coisas, apontam o ângulo agudo do focinho fora da toca, como os lagartos, a terra e os seus seres, hoje, animou-se.
Ainda timidamente, é certo, mas animou-se.
É que o sol espreitou.
 Primeiro a medo, depois de uma carga de água pesada, mas, a seguir com convicção, secando as árvores, a relva,a areia e, sobre tudo, as almas, empapadas pelo dilúvio.
É então que  surge a urgência aflita de sair, não vá o sol arrepender-se, não vá a tormenta voltar.
E o mar volta a ser mar, negando a continuidade pegajosa que a água da chuva lhe empresta.
Agora o mar tem identidade, começando aqui, na areia molhada e terminando lá longe, na linha   do horizonte. 
Tem cor própria, tem voz que se enrola, nítida, em cada onda que desagua no areal.
E o mundo veste-se da azul.




Não é que a chuva tenha sido impedimento, que não foi, mas sob o sol, o êxtase é absoluto, a dança sinuosa e o ouro da pele por onde passeia um dragão, resplandece, estátua perfeita.

São pedaços de sonho.
Espalham-se, ainda molhadas, pelo areal, abrindo-se ao beijo quente do sol.



E o deserto anima-se, transfigura-se.
Há crianças, casais, gente, movimento, vida.
Lá ao fundo, o meu hotel, o Pestana, propriedade de um grupo português, com conforto e hospitalidade q.b.

As diferentes tonalidades da água, refletem o céu não totalmente liberto de nuvens.
Há que aproveitar agora...

... e comer um petisco, que a oferta é variada,

nesta praia linda, de verdes coqueiros, mansa brisa, água quentinha e dunas de areia branca...

... que, abraçando o oceano, formam uma bacia tranquila, de serenas ondas.

Ladeando o Calçadão que corre ao longo da praia, encostas de cactus numa mistura indisciplinada com buganvílias garridas.

Quando o sol brilha, é inclemente.
A pele exige sombras e muita proteção.

Melhor, muito melhor que passear no Calçadão, é fazê-lo junto ao mar, onde a areia fina endurece  e os pés são beijados por uma águinha morna, quase doce, de tão boa. 

Do nada, surge a tentação das compras, assim como quem não quer a coisa, assim como roupa estendida no varal.
Difícil, doloroso resistir!!!!
Quando o crepúsculo chegou, o mundo vestiu-se de rosa.
Só que o artista, de irrepreensível bom gosto, misturou ao rosado uns farrapos de cinza, numa combinação perfeita, mas ...
Preferia, definitivamente, preferia um crepúsculo apenas rosa.

Assim, ansiosa, feliz, mas ansiosa, procuro ler indícios nas nuvens, nos ventos, nas estrelas, procuro promessas de um outro dia de sol.

Beijos,
Nina