quinta-feira, 16 de maio de 2013

Porto medieval!

O Porto é uma cidade antiga, muito antiga, repleta de vestígios da sua fundação na Idade Média.
Aqui nascidos e criados, raramente nos damos ao trabalho de ver com olhos de ver, as marcas da sua antiguidade, que ainda perduram.
São zonas antigas, velhas, que não fazem parte do nosso quotidiano e que por serem velhas evitamos.
Nelas, dada a sua exígua dimensão, quase não circulam automóveis, o que ainda mais as distancia.
Não me passaria pela cabeça circular por essas artérias  a pé e muito menos sozinha.
Fui porém desafiada a participar num percurso guiado, visitando a judiaria do Porto, local onde, até à sua expulsão do país, no reinado de D.Manuel I, se desnvolveu o bairro judeu.
Dessa visita guiada, registei momentos, testemunhos do seu passado.



As casas, entretanto "modernizadas" com revestimento atual, apresentam uma estrutura própria.
São de pedra, com divisórias em madeira, sendo ocupadas, por piso, por famílias diferentes.

Estamos na Rua dos Caldeireiros.
A Igreja da Nossa Senhora da Silva, apertada entre dois blocos de casas, persiste com ar festivo, invocando a religiosidade popular.


Muito mais rica que as restantes fachadas, não passa desapercebida.

A identificação para informação turística.




E toda a rua, estreitinha e inclinada, em sombra perpétua, se desenvolve assim, numa colmeia de habitações.

Na saída, o edifício magnífico da antiga Cadeia da Relação, hoje dedicada a exposições e escolas de arte,
albergou famosos reclusos, como Camilo Castelo Branco.

Numa vista inesperada, o horizonte alarga-se em ampla varanda e ao fundo a Sé Catedral. 

O nome da rua não surgiu por acaso.
Aqui se desenvolvia a atividade relacionada com o ferro.
Seria, por isso, na Idade Média, uma rua de artesãos, barulhenta e suja.

Atualmente, a movida noturna agita-se por aqui ...

... a par com a vidinha tranquila dos seus habitantes.


Perpendicularmente, a Rua de S. Bento da Glória, bem mais rica, bem mais monumental.
Num destes edifícios funciona um tribunal criminal e uma importante esquadra da polícia judiciária.
Vendo esta multidão ocupada apenas em olhar, pensei tratar-se de outro grupo de visitantes.
Afinal, não!
Era uma comunidade cigana!
Solidários até ao último suspiro de vida, acompanham-se em tribo, sempre que algum deles se encontra em dificulade, quer seja por doença, quer por transgressão legal, como era o caso.
E dali não arredam pé até que  seja libertado o que caiu nas malhas da lei!

O Convento de S. Bento da Vitória, deve o seu nome à expulsão dos judeus já mencionada.
O "da Vitória", refere-se à vitória da religião cristã sobre a "das trevas" representada pelo povo expulso.
Este, perseguido, espalhou-se por toda a Europa do norte, contribuindo para o seu desenvolvimento.
Isto de expulsões e persiguições, está provado, não funciona!
E nós, os virtuosos, é que ficámos a perder!

Não me dou com paredes, não me ajeito com muros.
Gosto de amplitude.
Chegando ao término da rua, este postal!
O Douro glorioso e, na outra margem, Vila Nova de Gaia! 


A velha ponte de D. Luís I e , no alto, o Mosteiro da Serra do Pilar.

E os telhados, num jogo de faces, de orientações de ângulos.
E o rio!
O rio sereno e vigilante.

Foi um percurso de 2 horas.
Foi um abrir de janelas sobre a minha cidade.
Foi uma perspetiva reveladora.
Foi como que se visse o Porto pela primeira vez.
Gostei muito!

Beijo
Nina

Não posso deixar de relembrar que continuam abertas as inscrições para o sorteio desta bolsa:



Estas são as regras.

Vá, concorram!
Beijo