terça-feira, 8 de março de 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER -- Dona Maria



É pequenina, de olhos verdes e cabelo curtinho.
É assim a Dona Maria!




Conheci-a há um ano, quando precisava de uma pessoa que viesse diariamente fazer a limpeza da casa e tratar das roupas. Contratei-a por necessidade absoluta, face à minha incapacidade de dar conta do recado sozinha.
Mas contratei-a, sem entusiasmo. Sabia-me bem o silêncio da casa, depois do calvário vivido com a última colaboradora, uma possante ex-varina que lançava a confusão, o caos e a destruição por onde passava.
Curiosamente, também se chamava Maria, mas "só Maria", não precisando lá do Dona para nada.
 Dizia-me, quando após um qualquer dos desastres domésticos, me via impaciente, em vias de a despedir:
Oh! senhora, eu preciso muito do emprego -- e eu amolecia, antes dela, no mesmo dia, e poucos minutos após as lamúrias, partir um candeeiro do teto da cozinha ou derramar de um balde de água numa carpete.
 Era assim, por assomos de loucura e depois acalmava por uns tempos.
Um belo dia disse-me que tinha uma irmã a trabalhar na Alemanha  e que, como o marido tinha perdido o emprego, iam os dois tentar a sua sorte por lá.
Foi um alívio.
 Já tinha desculpado tanta asneira e como  convivia com ela há três ou quatro anos, já quase  me habituara à louca da casa.
Dei-me, então ao luxo de não ter ajuda, durante umas, poucas, semanas e, repito, era mesmo bom, mas impossível de aguentar.



Foi então que conheci a Dona Maria.
Nunca pensei vir a encontrar, neste papel, uma pessoa assim, silenciosa, discreta, bem-educada.
Também tem tido os seus acidentes, mas fica tão sentidamente pesarosa, que eu não consigo  decidir-me se devo repreendê-la ou consolá-la.
Outro dia apareceu com umas flores, porque "fazia um ano que estava connosco".
É assim, a Dona Maria!





No entanto, a vida não a tem tratado bem:
Até há bem pouco tempo era dona-de-casa, mãe de dois filhos universitários, casada com um pequeno comerciante. Sem que nada o fizesse prever, foram vítimas de uma burla contabilística e perderam tudo o que tinham amealhado durante uma vida. Para piorar uma situação, já de si terrível, ao marido foi detetada uma doença do foro oncológico, da qual, felizmente, parece ter recuperado.
É uma grande mulher, uma super mulher, uma lady que não perde o aprumo, que não cultiva a auto-comiseração, arregaça as mangas e vai à luta, mas sempre elegante, limpa e aprumada.
É assim a Dona Maria!




Beijos,
Nina

Artistas do Crochet


Eu, que faço e desfaço, começo e recomeço, tenho a ousadia de postar a minha "obra":




Digamos que estamos perante um colete comprido, tricotado numa lã fina que, uma vez mais, comprei nos saldos do Corte Inglês, em Vigo, numa , para mim, líndíssima cor de ciclamen.
Quando tinha o trabalho concluído, no que ao crochet diz respeito, confrontei-me com a desgraça de não ter material suficiente, para concluir o acabamento em tricot:


Pormenor do acabsmento em tricot, recorrendo ao tom arroxeado

Em desespero de causa, voltei a Vigo e, nada, tinha acabado aquela cor.
Aqui no Porto, corri Seca e Meca, entrei em todas as lojas de lãs que encontrei e, de novo, nada.
Havia cores parecidas que eu prontamente recusava, com a certeza que , no final, teria um colete remendado.
Acabei por optar por uma cor contrastante, um roxo beringela, que, na minha opinião , não fica nada mal.
Da aventura retirei um ensinamento:
Comprar sempre por excesso. As sobras de lã nunca se estragam e prestam-se a trabalhos muito interessantes.
Falta referir as fontes:
Este modelo é apresentado na revista SANDRA -- Malhas Modernas -- nº 10
Inovador, para mim, é o facto da peça se iniciar pelo meio das costas:


Pormenor das costas


Entretanto, a manta megalómana, que já apresentei,  em que me meti e com que me enredei,  lá vai andando, ao ritmo de um hexágono por dia. Promete...
Beijos,
Nina