quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Cem anos de solidão



Se me perguntam qual o livro da minha vida , não sei que resposta dar.
Se mergulho num livro, se ele consegue agarrar-me, ele é, enquanto a leitura perdura, o livro da minha vida.
É , parafraseando Vinicius, " ... infinito enquanto dura", mas, terminada a leitura, deixará ou não marcas a fogo na minha memória.
Poucos deixam, quase nenhuns deixam. 
Quase todos são descartáveis, com função recreativa que termina quando termina a recreação.
Pensando na torrente de publicações que diariamente , rotativamente, enchem os escaparates das livrarias, já é uma sorte, fisgar um exemplar que mereça o dinheiro despendido e, principalmente, o tempo gasto na sua leitura.

Porém, para jogar pelo seguro, aqui deixo esta proposta:

 

 Revisito-a.
Afoguei-me nestas palavras há muito tempo. Lembro a ação, mas esqueci os detalhes. Daí a revisita.

Dos escritores sul americanos guardo a certeza de uma narrativa viva, mas, acima de tudo, mágica.
Onde acaba a realidade e começa a fantasia?

De Garcia Marques li muito, mas também de Isabel Allende, de Vargas Llosa, de muitos outros ...
Um fio invisível os une. Essa dança fantástica que enlaça mortais e fantasmas, realidade e fantasia, que exige cumplicidade ao leitor para que a narrativa  seja credível.

Depois há o sentido de humor, o incrível sentido de humor que extrai do cotidiano, situações hilariantes, que aos leitores arranca gargalhadas de puro prazer.

Este livro é tudo isso.
Este livro é genial.
Este poderia ser  ( e é)o  livro (um dos livros) da minha vida!

Beijo
Nina



Não adianta ...


... se não gosto absoluta e totalmente, não adianta!
Pode não ser imediato, posso adiar, posso "engonhar" o que quiser, assobiar para o lado, fingir-me de morta ... que sempre, sempre,  acabo por rejeitar, por devolver, por desfazer, por voltar à estaca zero.
Sempre!


À medida que avançava neste casaquinho, fazia-o com reservas.
A lã era mais grossa do que a do modelo original, exigindo, por isso, agulhas também elas mais grossas.
O resultado foi um casaquinho lindinho, fofinho, amoroso, docemente colorido e  absurdamente desproporcionado.
Ainda assim prossegui.
Fechei costuras ...



... preguei botões ...

Virei-o de um lado, depois do outro, olhei de longe, de perto, imaginei-o vestido...
Não! Não me convence!

Por que é que sou assim?
Por que prossigo com  a cabeça cheia de "mas"?
Deve ser um medo doentio de me precipitar, deve ser!
E lá vou até ao fim, até ao derradeiro momento em que não existe argumento que me convença.
Então, sou implacável, sou ótima a desfazer sem hesitações, sem segundas oportunidades.
A extrapolar este comportamento para outras situações, já se vê o perigo público que é a minha pessoa, dominada de inércia que, uma vez vencida, avança para a tese da terra queimada.
Cruzes!
Sou mesmo perigosa!


No caso, reduzi o casaquinho, malha por malha, ponto por ponto, a três novelos e rapidamente parti para outra.
Concretizando, para estas botinhas, elas sim, fofas, doces, lindas, pedindo em urgências exibicionistas uns pézinhos para calçar.

Fazem conjunto com o casaco de capuz e prometem ohs! de espanto quando vestirem a menininha que aí vem.

Beijo
Nina