quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Flirt ...


Continente é o seu nome.
Continente para tão escasso conteúdo?
Sim!

O nome foi-lhe atribuído pelos donos fortuitos, eles sim, proprietários de um café com pretensões a essa dimensão, ostentando esse nome.

Todas as manhãs o encontro.
Antes da praia, é paragem obrigatória para tomar café, ler o jornal e aceder ao blog, disponível por WIFI.





Foi, portanto, assim que conheci o Continente, o de quatro patas, um puríssimo exemplar da linhagem rafeira.
Primeiro foi um abanar de cauda a que correspondi com uma tímida aproximação de mão que se transformou em afago.
Depois, alimentei o seu comprovado fundo Pavlovniano e, embrulhado num guardanapo, passei a comprar a sua afeição com uma fatia de fiambre.
Neste momento, já me saúda de longe, com a ventoinha da cauda.
E eu gosto.
Gosto deste flirt combinado em que eu compro o afeto e, em troca, sou reconhecida e se calhar até desejada.
Falo em flirt, não em paixão!





É que nos idos da minha infância, incauta e inocente, recebi de um gato (sei agora que estava no cio...) um profundo ferimento numa perna, cuja cicatriz perdura, na perna e na alma.
Diz quem sabe que, aberto o coração ao afeto de um cão, a retribuição é de tal forma intensa, de tal forma plena, de tal forma incondicional, que paga todas as contrapartidas.
Acredito.
Já testemunhei essa capacidade de tapar buracos na alma, com um agitar de cauda, com a receção efusiva, sentida, sincera que dispensam a quem os acolhe.
Um dia ainda vou ter um cão.





Vou amar um cão.
Vou deixar-me amar em plenitude por um cão.
Um dia...
Para já flirto com o Continente.

Beijos
Nina