No século XVI, chegou à Península Ibérica trazido pelos navegadores espanhóis, e daqui se espalhou para todo o mundo.
Nunca gostei de peru!
A razão da minha aversão prende-se com um facto ocorrido na infância, cujo trauma ainda perdura.
Tinha uma tia, a tia Fernanda, que vivia numa casa implantada no meio de um imenso terreno. Nele se praticava todo o tipo de agricultura, crescia um pomar com as mais diversas árvores de fruta, imperava um lago onde nadavam peixinhos vermelhos e onde, nos dias de canícula, cheguei a mergulhar com outros garotos da minha idade.
Era o paraíso?
NÃO!
Também criavam perus.
Eu, cautelosa face às proporções descomunais dos bichos, observava-os de longe, movendo-se em grupo, espampanantes, na sua plumagem de gala, black total eles, elas de branco, monstruosos, com o pedúnculo carnoso, de um vermelho arroxeado, que, como um badalo, oscilava , suspenso sobre o bico, que emergia de uma calva cabeça vermelha.
E a voz?
Era gutural, mas estridente, num glu-glu que acionava alarmes anti- intrusão.
Morria de medo deles.
Porém, um dia, incauta, aproximei-me do seu território, convencida que as minhas pernas ágeis, os deixariam à distância, em caso de perigo.
Engano o meu.
De repente vi-me rodeada pelo bando de monstros, que, sem qualquer tipo de intimidação face aos meus gritos, saltos e esbracejar, chegaram a picar-me.
Vi a morte à frente dos olhos e num ápice tive a certeza que seria devorada acabando, estupidamente, no estômago (?) das feras.
Claro que tal não aconteceu e hoje , aqui estou, a contar a história.
Pois este mostrengo, chegou a ser uma ave aristocrática, antes da sua criação ascender ao estatuto industrial de produção em massa.
Então, comia-se assado e recheado, como prato principal, em algumas zonas do país, na noite de Natal.
Eu, já adulta, continuava a antipatizar com o bicharoco, que para ser apresentado exigia penosas fases que antecediam o repasto:
Primeiro era preciso embriagá-lo, enfiando-lhe pela garganta uma certa dose de cachaça ( para os músculos distenderem e a carne ficar mais tenra ...)
Depois de executado, havia que o manter 24 horas num banho de água e limão.
Seguia-se a fase do tempero que antecedia o cozinhado, 24 horas.
Vinha finalmente o acto de o assar que exigia a aplicação de uma fórmula matemática: por cada quilo de peso, correspondia uma hora no forno.
Quem pode confiar numa criatura destas?
Actualmente, reconheço que a coisa mudou e os nutricionistas até aconselham o seu consumo.
Mas um facto permanece imutável: a sua carne é insípida.
Para contornar a questão, sugiro um tempero que resulta lindamente com a carne de porco:
-Sal e pimenta moderados;
- 3 colheres de sopa de mel
- 3 colheres de sopa de ketchup
- 3 colheres de sopa de molho inglês
Aplicado o tempero, fechei o recipiente e guardei no frio, até ao dia seguinte.
Na altura de cozinhar, reguei um grelhador com um fio de azeite e deixei que as espetadas grelhassem 2 minutos em cada uma das quatro superfícies.
Servi com brócolos cozidos ao vapor e arroz branco.
Garanto que o sabor da carne melhora imenso, ficando com uma leve sugestão de barbecue, muito apetecível.
O aspeto é este:
Podem experimentar.
Quem o diz é a protagonista da pungente narrativa atrás feita.
Beijos,
Nina
Nunca gostei de peru!
A razão da minha aversão prende-se com um facto ocorrido na infância, cujo trauma ainda perdura.
Tinha uma tia, a tia Fernanda, que vivia numa casa implantada no meio de um imenso terreno. Nele se praticava todo o tipo de agricultura, crescia um pomar com as mais diversas árvores de fruta, imperava um lago onde nadavam peixinhos vermelhos e onde, nos dias de canícula, cheguei a mergulhar com outros garotos da minha idade.
Era o paraíso?
NÃO!
Também criavam perus.
Eu, cautelosa face às proporções descomunais dos bichos, observava-os de longe, movendo-se em grupo, espampanantes, na sua plumagem de gala, black total eles, elas de branco, monstruosos, com o pedúnculo carnoso, de um vermelho arroxeado, que, como um badalo, oscilava , suspenso sobre o bico, que emergia de uma calva cabeça vermelha.
E a voz?
Era gutural, mas estridente, num glu-glu que acionava alarmes anti- intrusão.
Morria de medo deles.
Porém, um dia, incauta, aproximei-me do seu território, convencida que as minhas pernas ágeis, os deixariam à distância, em caso de perigo.
Engano o meu.
De repente vi-me rodeada pelo bando de monstros, que, sem qualquer tipo de intimidação face aos meus gritos, saltos e esbracejar, chegaram a picar-me.
Vi a morte à frente dos olhos e num ápice tive a certeza que seria devorada acabando, estupidamente, no estômago (?) das feras.
Claro que tal não aconteceu e hoje , aqui estou, a contar a história.
Pois este mostrengo, chegou a ser uma ave aristocrática, antes da sua criação ascender ao estatuto industrial de produção em massa.
Então, comia-se assado e recheado, como prato principal, em algumas zonas do país, na noite de Natal.
Eu, já adulta, continuava a antipatizar com o bicharoco, que para ser apresentado exigia penosas fases que antecediam o repasto:
Primeiro era preciso embriagá-lo, enfiando-lhe pela garganta uma certa dose de cachaça ( para os músculos distenderem e a carne ficar mais tenra ...)
Depois de executado, havia que o manter 24 horas num banho de água e limão.
Seguia-se a fase do tempero que antecedia o cozinhado, 24 horas.
Vinha finalmente o acto de o assar que exigia a aplicação de uma fórmula matemática: por cada quilo de peso, correspondia uma hora no forno.
Quem pode confiar numa criatura destas?
Actualmente, reconheço que a coisa mudou e os nutricionistas até aconselham o seu consumo.
Mas um facto permanece imutável: a sua carne é insípida.
Para contornar a questão, sugiro um tempero que resulta lindamente com a carne de porco:
Embalagem de espetadas de peru |
- 3 colheres de sopa de mel
- 3 colheres de sopa de ketchup
- 3 colheres de sopa de molho inglês
Aplicado o tempero, fechei o recipiente e guardei no frio, até ao dia seguinte.
Na altura de cozinhar, reguei um grelhador com um fio de azeite e deixei que as espetadas grelhassem 2 minutos em cada uma das quatro superfícies.
Servi com brócolos cozidos ao vapor e arroz branco.
Garanto que o sabor da carne melhora imenso, ficando com uma leve sugestão de barbecue, muito apetecível.
O aspeto é este:
Podem experimentar.
Quem o diz é a protagonista da pungente narrativa atrás feita.
Beijos,
Nina