domingo, 13 de março de 2011

Fátima



A 18 Kms da Batalha fica Fátima, uma pequena cidade com cerca de 7 800 habitantes, integrada no distrito de Santarém.
Conforme referi ontem, esta foi a segunda paragem na minha ida para o Algarve.
Antes de passar ao divino, tratemos do profano, já que foi por essa ordem que se desenrolaram os acontecimentos.
Estava na hora de almoçar.
Em Ourém, muito perto de Fátima, existe há anos um charmoso e competentíssimo restaurante, o Tia Alice, incontornável nesta localização.
Este é o seu aspecto interior:


A carta é curta, com meia dúzia de entradas, quatro pratos de peixe e outros tantos de carne, sendo a lista de sobremesas  um pouco mais longa.
Servem, para um mínimo de duas pessoas , isto, a que chamam "Bacalhau gratinado com camarão":


'É irrepreensível, no seu todo, servido em quantidade mais do que suficiente para duas pessoas.
Devo, contudo,  informar que existem mil versões para esta receita, entre as quais está a minha, que terei o maior gosto em divulgar, da próxima vez que a prepare, registando os diferentes passos com imagens, as quais, como toda a gente sabe, valem mais que mil palavras.
Já agora, e modéstia à parte, considero a minha abordagem mais rica, porque incluo maior variedade de legumes e mais equilibrada, já que prescindo das natas.
A seu tempo sujeitar-me-ei à avaliação.

Reconfortado o estômago era hora de rumar ao Santuário de Fátima.
Tal como acontecera com o Mosteiro da Batalha, já o visitara nos idos da minha infância e adolescência.
Do local guardava memórias de uma imensidão impressionante.
Receava, contudo, que, como muitas vezes ocorre com as memórias de criança, a imensidão se transfigurasse num espaço muito mais modesto ou mesmo exíguo.
Tal não aconteceu e, seja-se ou não crente, o espetáculo é avassalador, pela imensidão da área ocupado, pela imponência dos edifícios e pela postura dos crentes, de entrega absoluta pela força da fé.

Reza a história que a 13 de Maio de 1917, na Cova da Iria, três pastores, Lúcia de 10 anos , Francisco de 9 e Jacinta de 7, os dois últimos irmãos e primos de Lúcia, durante a sua atividade, viram, em cima de uma azinheira, uma senhora  que,de rosário nas mãos, "  brilhava como o sol..."
A aparição dessa senhora ter-se-à repetido e dela terão os pastorinhos recebido o pedido de "rezarem muito" .

Após este fenómeno, rapidamente Fátima se tornou local de peregrinação em todo o mundo católico, e ,se as fotos conseguirem dar uma informação próxima da realidade, estes são alguns dos ângulos captados:

Exterior da Basílica
Vitral no interior da Basílica
Escultura representando os pastorinhos
Escultura representando o papa João Paulo II
Vista do recinto exterior
Interior da nova Basílica
Esclareço que as fotografias são redutoras. Não transmitem minimamente a grandiosidade do local.
Falham redondamente na transmissão da atmosfera que lá se vive.
Visitar Fátima, repito, não deixa ninguém indiferente.
Beijos,
Nina

Batalha, Fátima, Algarve ...

Foi o motivo da minha ausência ontem, quando estava planeada uma fuga até ao Algarve, se o tempo permitisse.
Pela manhã, muitas nuvens, uma ameaça latente de chuva, mas o hotel estava pré-pago e a desistência tinha preço.
 Por isso, fui.
A ideia era postar assim que chegasse, mas "problemas técnicos no hotel" inviabilizaram os meus planos e deixaram-me frustrada. Para piorar a situação, no sul, o tempo estava bem pior que no Porto e, por isso, o que estava previsto ser uma estadia de 3 dias transformou-se numa noite ( ainda por cima, mal dormida) e numa viagem de ida e volta.
Valeu pelo percurso que teve paragens muito agradáveis e pelos excelentes almoços e jantares que estou morta por compartilhar.

A começar, tive o privilégio de, a 200Km do Porto, fazer uma primeira pausa na Batalha, uma vila do distrito de Leiria, com cerca  de 16 000 habitantes.
Nela foi erigido, durante dois séculos, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha. 
D. João I de Portugal foi o responsável por esta obra, edificada como prova de gratidão a Nossa Senhora, que terá protegido os portugueses, na Batalha de Aljubarrota, quando estes defrontavam um muito mais poderoso exército espanhol.
Em causa estava uma crise dinástica que punha em perigo a perda da independência de Portugal a favor dos Castelhanos.
Comando por D. Nuno Alvares Pereira, o exército português acabou por expulsar o castelhano, numa luta tão desigual, que só a intervenção divina explicava o sucesso dos primeiros.
Como prova de gratidão, surge esta jóia em estilo gótico, património mundial da Unesco e considerada em 2007, como uma das sete maravilhas de Portugal.


Vista lateral


Porta principal


Detalhe da porta principal



Figuras sobre o arco da porta principal



D. Nuno Álvares Pereira


Túmulo de D. João


Detalhes de outros túmulos

Não foi a minha primeira visita.
Lembro-me que, em criança, no âmbito de uma visita de estudo organizada pela escola, já lá estivera.
Mais tarde, adolescente, voltara.
Mas só agora é que verdadeiramente me emocionei com o jogo de rendas, do crochet delirante executado por mãos iluminadas, em pedra.
No interior, o jogo de luz e sombras não é captável pela objectiva. Transcende a visão, invade-nos, respira-se o mágico e o maravilhoso.
Sempre lá estiveram. Eu é que era cega, incapaz de me desprender das amarras do banal e ascender, por minutos, ao sublime.
Esta é, porventura, uma das vantagens de amadurecer, de acumular anos...

Beijos,
Nina