terça-feira, 3 de dezembro de 2019

O velho vestido verde

Há 10 anos, decidi, atrevida, que iria tricotar um vestido;
- Porque gosto do imenso conforto que um vestido de malha proporciona;
- Porque, lá atrás, na minha memória, existe um vestido de malha ligado a um episódio muito feliz ...e não sendo supersticiosa, não consigo deixar de criar uma certa relação de causalidade, quando me dá jeito:
- Porque, ignorante mas intrépida, decidi enfrentar o desafio ... sem medo, na expectativa de ver o que dali saía.


Saiu este vestido.
Deixou-me impante de orgulho e não há Outono ou Inverno que não o vista-

Admito que , como todos, me pica na região do pescoço.
Contorno o problema com um lenço de seda e ainda acrescento uns berloques parar garantir uma segura distância.

Tudo a olho!
Aprendi num livro antigo como tricotar o ponto da saia e depois de muito faz/desfaz, lá mecanizei o esquema, com resultados satisfatório.
É que não suporto saias de malha que se me agarram, se me colam.
Gosto assim, soltinho sem ser um saco de batatas.

Comecei pelo fundo, pela barra e fui tricotando até à cintura que marquei com umas quantas carreiras de canelado.


Segui para o corpo, enfrentando novo desafio - esta espécie de trança que conclui copiando o mesmo livro velhinho.

Não me atrevi com cavas. Sabia lá eu como as fazer? Não fiz!
Tricotei a direito, tendo apenas o cuidado de formatar o decote.
As mangas sairam lisas o que me parece aceitável.
Terminei com uma gola alta e pronto, temos vestido.

Hoje, 10 anos passados, faria melhor. Aprendi uns truques, incorporei uns mandamentos que, se aplicados, darão obra de jeito.

Esta manhã, quando escolhi este vestido tive assim uma espécie de epifania - vou tricotar outro!
E para que o entusiasmo não se desvanecesse, passei pela loja e abasteci-me de fio.
Tenho entretenimento garantido para semanas.
Fim.

Beijo
Nina