domingo, 9 de dezembro de 2012

Aqui e agora!


Tive um sábado perfeito, com frio e céu azul .
Combinara um almoço em casa de amigos. Um casal amigo desde sempre, desde que nascemos.
Não nos vemos muito porque há trabalho, compromissos, desencontros, adiamentos. Mas queremo-nos tão bem, que o nosso querer não sai beliscado destes contratempos.
Ontem foi, então, dia de reencontro. Maravilhoso, cheio de conversa, de intimidades que trocamos sem receio nem pudor.
Foi um almoço fantástico, com lareira acesa, assado em forno de lenha, vinho tinto especial.
A meio da tarde separámo-nos porque outros compromissos, outras obrigações nos condicionavam.
Vinha no carro, a caminho de casa, quando o telefone tocou.
Do outro lado uma voz querida, uma voz que amo, uma voz, então, muito triste, uma voz cujo tom me assustou, me arrepiou em sobressalto antecipado.
Adivinhei horror.
Não me enganei.
A voz querida transmitiu-me uma notícia horrível, inaceitável, injusta, cruel, estúpida, avassaladora, que me derrubou.
Momentos atrás, vítima de acidente, tinha morrido um jovem, filho de um casal muito próximo, ainda da minha  família, por afinidade.
Horrível, indescritível o horror.
Desmoronei, o meu mundo desabou, vítima da improbabilidade.
Não era suposto, não é esta a lei natural da vida!
Primeiro, seria de esperar que falecessem os avós, depois os pais e só então ele!
Ele, que ainda vivia a plenitude dos dias, quando se é jovem e imortal.
Vi-me no papel dos pais. Como continuar a viver depois deste cataclismo?
Dói-me tanto assistir à sua dor! Dói-me fisicamente. Dói-me cada milímetro do meu corpo!
E este nó na garganta que não desata, que me sufoca, que se forçado, solta rios de lágrimas dos meus olhos!
Minutos antes, a paz!
Estava bem! Estávamos todos bem. Tudo estava tão bem! Era tão feliz e não sabia.
E, do nada, sem se anunciar, sem que nada o fizesse prever, a vida, sádica, de surpresa, desferiu um golpe brutal sobre a nossa existência.
Suspeito que, para que o efeito seja, de facto, destruidor, a vida se arma do elemento surpresa para nos apanhar desprevenidos e, assim, melhor nos derrubar.
É horrível ter medo do amanhã, recear o despertar para um dia de negra dor!
Assim me sinto.

Nina