quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

A minha alegre casinha


Tenho uma estranha ligação com “obras”, assim tipo amor/ódio.

Explico:




Ando eu, muito sossegadinha, no ramerrame dos dias, curtindo o meu espaço, o melhor local do mundo, com conforto, qualidade de vida, prazer estético para os olhos, quando, do nada, emerge um desassossego, uma inquietação que, aos poucos se materializa. É aquela parede, aquele estore, a iluminação, ou o pavimento... de repente, a implicação toma forma com uma força tamanha que me deixa sem saída. Tenho que agir. Atuar. Eliminar o “irritadiço”. Fazer obras.




Converso com o "meu" especialista na matéria, combinámos datas, recebo orçamento e começo a operação obras. Há que guardar toda a traquitana não vá o diabo tecê-las . Retirar quadros. Enrolar tapetes. Eliminar cortinas e reposteiros. Uma trabalheira insana.


Depois, na data prevista, chegam os entendidos (sempre na data prevista. Por isso amo o meu especialista).
Revestem o pavimento com cartão, isolam rodapés, cobrem com plástico móveis e sofás.
Até parece simples! E eficaz! Não parece?
Mas não é!
Há sempre uma maldita poeira que se insinua, invadindo os mais impensáveis recantos.
E há estranhos circulando, apesar de discretos.
E há música no ar. Sim! Música! Porque esta gente só trabalha com fundo musical.
Por isso odeio obras.
Na mesma medida em que amo os resultados.

Dentro de dias (poucos) tudo estará terminado.
E lá vamos nós remontar a casa, sabendo antecipadamente, que dentro de meses, a atração pelo abismo, mais forte do que eu, me lançará em nova aventura/suplício.

Beijo
Nina