... é melhor do que o teu!
Por quê?
Porque a receita do meu doce de abóbora remonta aos idos do século passado e vem das mãos e da sabedoria inigualável de uma senhora, uma senhora da alta, altíssima, sociedade de então, Bertha Rosa Limpo, autora do Livro de Pantagruel. Uma bíblia.
Uma bíblia porque não admite questionamento. Tudo que dita está certo, imaculadamente, indiscutivelmente correto.
Aprendi tudo, com a sua leitura.
Depois, inevitavelmente, deixei que as minhas asas crescessem e tornei-me autonomamente competente ... passo a imodéstia.
Mas, o facto de ter tido cesso ao Pantagruel quando era ainda uma miúda, quando não era mulher de ninguém, nem mãe de ninguém, nem sonhava em ser capaz de cozinhar, fez toda a diferença.
Do mesmo modo que fez toda a diferença o facto de ter frequentado um colégio privado onde aprendi as primeiras letras e adquiri bases que me possibilitaram a progressão académica.
As bases, as basezinhas ... são tudo!
Como ia dizendo ... o meu doce de abóbora é melhor que o teu! Honestamente, não conheço melhor. |
É uma sorte, uma mais- valia, dispor assim de garantia de frescura absoluta, bem sei.
Depois, quando é o caso, preparo o doce até que fique com este aspeto cremoso, deliciosamente untuoso, mas sem líquido.
Comêmo-lo nas torradas,ao pequeno almoço, ou recheando tortas, ou na sobremesa, com requeijão, momento em que o sublime delírio se instala:
- É que, então, num assomo de gula, misturo-lhe uma mão cheia de nozes!
Nada se compara a um docinho destes. Nenhum pitéu comprado na mais gourmet das lojas proporciona o prazer deste inebriante puré dourado.
Estamos no tempo das abóboras!
É comprar e encher muitos frascos!
Já!
Beijo
Nina