segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Mulher = Multitask

Está provado, dizem, que o cérebro feminino é diferente do masculino.
Assim, enquanto que o homem apenas consegue desempenhar  uma tarefa de cada vez, a mulher, ao contrário, tem a capacidade de prestar atenção e concluir várias tarefas simultaneamente.
Nas minhas recordações, vejo-me a embalar um bebé, segurando-o com um braço, enquanto com o outro, mexia o conteúdo de uma qualquer panela na cozinha, para não citar uma lista de situações em que se multiplica esta capacidade.

Depois de ler um comentário ao post "SE", que ontem publiquei (Reflexos), fiquei a refletir sobre este assunto e várias questões surgiram, para as quais não tenho resposta e a que apenas consigo responder com outras questões, outras dúvidas...

Assim, segundo Darwin, para garantir a sobrevivência da espécie, os seres vivos evoluem no sentido desse sucesso, desenvolvendo capacidades que lhes permitem sobreviver.
Surge então a  questão:
- Será que o cérebro feminino possui as capacidades que se lhe reconhecem, apenas por determinação inicial, ou, por outro lado,  para sobreviver, não precisou de desenvolver competências mais alargadas?

No caso de Emerenz Meier, pelas suas palavras, não depreendo que ela apreciasse particularmente a faceta multitask, pelo contrário, depreciava o género masculino em geral, que em oposição a si própria não se prendia com questões menores e se limitava a ser génio.

É que é muito mais fácil ser génio, quando a comida aparece pronta sobre a mesa, a roupa lavada e a casa arrumada, como que  por milagre.

Como dizia, outro dia , uma corredora de automóveis cujo nome me escapa,a ela, era-lhe, sempre, cobrado muito mais que aos seus colegas homens.
 Segundo as suas palavras, se o seu desempenho falhava era porque " ...coitada, é mulher...", enquanto que os desastres masculinos se deviam ao facto " do Benfica ter jogado mal!"

As grandes poetisas da nossa literatura, como Florbela Espanca e Sofia de Mello Breyner, que reverencio em doses iguais, não são exemplo do chamado multitask.

A primeira, foi uma mulher muito à frente do seu tempo, casada e divorcida várias vezes , seguramente, não se prendia com minudências como a lavagem da roupa ou a gestão da casa.

A segunda, Sofia, a divina Sofia, vivia noutro mundo!
Aristocrata de nascimento, pairava acima do comum dos mortais, e os próprios filhos testemunham que, rua abaixo, frequentemente os perdia, perdida nos seus sonhos, nos seus pensamentos mais delirantes.

Daí que a minha homenagem a Emerenz Meier que, em pleno século XIX se atreveu a proclamar que " O rei vai Nu" me pareça justa,reconhecendo nela uma arauta dos nossos mais justos direitos, que se atreveu a ser mulher e escritora, que se transformou numa bandeira a favor dos direitos femininos, que fez a parte dela.

Façamos nós a nossa!

Beijos,
Nina