sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Metendo as mãos na massa

 Ontem foi dia de meter as mãos - as luvas - na massa - na terra. 

Plantei bolbos que prometem mundos e fundos para a próxima Primavera. 

A ver vamos.

Os bolbos aguardam vida enquanto repousam junto a um muro. Pareceu-me local adequado, decidi eu do alto da minha quase total ignorância.



Este picar, sachar, arrastar a terra, cobrir os bolbos são tarefas que merecem retorno, que isto só é apenas giro nos romances.
Ao vivo, deixam entre outras sequelas , profundo desconforto "nas cruzes"

 

Está visto que exagerei na compra. 
Mais olhos que barriga, dá nisto - cava que cava, laralalai!


Ufa! Terminei!


Vamos agora às couves!

Observei as couves com olhos de  águia, à cata de lagartas, bichos vorazes que reunindo a família se empanturram com a verdura. Implacável, aniquilo-as à unha que aqui, nunca, jamais, em tempo algum entrarão pesticidas. A seguir retiro folhas velhas e mentalmente conversamos:

- Então a promessa de couves para o Natal?

- Então? 

- Suas mirradas!

Assumo que não será este o ano com  ceia de  couves caseiras. São jovens e eu inexperiente- há que dividir responsabilidades.

 Lá chegaremos!


Mesmo ao lado num canteiro improvisado crescem alhos, prometendo colheita farta.

 É dar-lhes tempo.

Depois ...

Também podei . Podei arbustos .

Até que  o cansaço  se apoderou de todos os meus músculos, mesmo daqueles que não sabia possuir.


Com botas cobertas de lama, suja da cabeça aos pés decidi parar.

Roupa e botas são as da quinta, quando viro camponesa.

 Transformo-me, irreconhecível.

 Também por dentro que a libertação é então absoluta. 

Terapêutica. 

Curativa.


Beijo

Nina

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Confinamento

 Se algo de bom me trouxe o confinamento - note-se e sublinhe-se que falo de confinamento, acto de permanecer em casa e não do maldito covid, essa criação do inferno - mas, repetindo, se algo de bom me trouxe o confinamento, tem sido o tempo de qualidade dedicado à leitura, a filmes e séries ( obrigada, Netflix) que simultaneamente desfruto empunhando agulhas de tricô. Admito que nem sempre isento - o tricô - de erros. Desmancho e componho desportivamente, com FairPlay quase britânico - está-se mesmo a ver que me encontro profunda e convictamente mergulhada em The Crown.


Feito que foi esta introdução, passemos a factos:




Terminei este casaco. Bonito, no seu azul celeste que a fotografia caprichosamente desmente. O método? Topdown, evidentemente, que se transformou no meu favorito desde que o descobri. Uma beleza tricotar, Já coser as partes que compõem a peça, é uma enorme maçada. Viva pois o topdown. O amargo de boca tive-o quando procurei comprar botões. O chinês, o santo chinês que sempre tem uma solução para os meus problemas, desta vez, falhou. Não, não tinha botões. Acabei numa retrosaria donde trouxe botões excessivamnete pequenos. Oh! vida! para quem não gosta de coser ... Há que descoser, procurar um tamanho maior, voltar a coser!
Tirando isso, todo o processo foi super agradável, de tal modo que estou tentada a repetir a experiência com uma cor diferente.


Entretanto ...

Metade das costas de um pulover masculino cuja razão de ser passo a explicar ...


Chegaram-me aos ouvidos, queixas, ressentimentos,  reclamações salpicadas de ciúme..

De quem, por quem? Pelo marido! Pois tricoto para toda a gente menos para ele.

Enchi-me de brios e coragem - que dado o tamanho do  pretendente a coisa promete, será obra de dimensão avantajada. Que seja, pois dos fracos não reza a história.

No caso abdiquei do topdown pois pretendo incluir um decote em V e não sei se para tal, seguindo o tal método,  para tanto  tenho capacidade.

E assim vamos, enfrentando garbosamente  desafio temível e  desconhecido.

Beijo

Nina




terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Semeando





Esta chuva intensa e persistente tem boicotado toda e qualquer atividade agrícola ... digo mal - toda a atividade agrícola ao ar livre, porque, dentro de portas tenho investido bastante, quer a nível de leitura sobre o assunto, quer em praticando experiências de sementeira que , no conforto das quatro paredes, hibernam, aguardando a Primavera.

Gosto muito de Manga e, apesar do preço nada convidativo, compro, compro sempre, compro muito.
Descobri que através do caroço  a reprodução é viável.




Assim, há que abrir o caroço (utilizando uma faca - cuidado com os dedos!) e dele extrair uma espécie de feijão gigante, a semente.




A seguir, tratamos de a  colocar (horizontalmente) num recipiente com terra e drenagem adequada  e  de a cobrir
com cerca de 1 cm de terra. Vamos borrifar diariamente para garantir a humidade indispensável.
Neste momento tenho cinco projetos de mangueira, que trato com desvelos de mãe. Coloquei-os no parapeito de uma janela onde recebem luz abundante e todos os escassos raios de sol que espreitam através das nuvens.
Se fosse no Brasil - garantiram-me - já teriam germinado. Por isso, por aqui,  paciência é preciso!




Quanto ao abacateiro, dada a sua raíz robusta, deixou o frasco com água e já habita num vasinho com terra.
Não me parece que se tenha ressentido e alegra os meus olhos sempre que , preocupada, o examino.

Em standby tenho sementes de anona .
 Com as primeiras não fui feliz, pois ganharam um bolor indesejado, mas, insistente, aposto numa segunda tentativa.
- Alguma sugestão?

As sementes da papaia serão a próxima aposta. De acordo com instruções, devem secar antes de ser semeadas.

Se tudo correr bem - sou uma otimista, sim! - na Primaverá plantarei mangueiras, anoneiras abacateiros e papaieiras. 
Tudo fruta tropical que se ambientará ao verde Minho.


Beijo
Nina

 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

O tempo voa

 Sem dar conta da velocidade do tempo, confronto-me, espantada, de que mais de um mês passou - na realidade, quase dois - desde a última vez que aqui estive. É o tempo e é, principalmente, a vida, que assim me (nos) condiciona. O tempo voa, veloz, enquanto que a vida mudou. Sabemos porquê. 

Adaptei-me. Criei novas rotinas, novas obrigações e , confesso, novos hobbies.

Em casa, prescindi de ajudas exteriores, assumindo o controlo do barco. A princípio assoberbada, atarantada mesmo, com a catadupa de tarefas. Depois, aos poucos descobri estratégias descomplicantes  e a “coisa”entrou nos  eixos de uma rotina muito simplificada.

As saídas foram reduzidas ao mínimo, ao essencial umas caminhadas longe de aglomerados , umas idas imprescindíveis ao supermercado e pouco mais. Até o cabeleireiro de que era semanalmente dependente foi eliminado ( com muita, muita pena. Muitas saudades, Márcia).

Descobri as alegrias da agricultura - já referidas em texto anterior - e fechei o círculo de contactos aos meus mais próximos, às minhas pessoas - somos 4 em bloco e o que um decide (qualquer um) os outros aderem ... ou não, já que a unanimidade  - dizem - é burra.

E então o blog ? 

O blog foi adiado. 

Apenas. 

Vou voltar. 

Já voltei.

Eis-me de volta.


Beijo 

Nina