quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Costa dos Coqueiros

Seria possível encontrar uma designação mais apropriada para este pedaço de litoral brasileiro?
Duvido!
E duvido, não apenas porque o título é plenamente informativo, mas também porque, a repetição do som /k/, numa aliteração poderosa, sugere a sonoridade de um espaço nunca silencioso.
Seja a brisa permanente, os repentes de ventania poderosa, o murmurar das pancadas de chuva equatoriais que, como vêm, assim se vão, sem rasto que não seja o da música de harpa dedilhada na folhagem poderosa, sempre, sempre , uma melodia  se escapa desta cabeleira de folhas.
São lindos os coqueiros, tanto mais lindos quanto mais velhos, mais altos, esgalgados num fino tronco que, crescendo em aneis sobrepostos, cicatrizes de folhagem perdida, se perdem nas alturas, cada vez mais finos, cada vez mais elásticos , cada vez mais inacessíveis, mais sobrenaturais, mais do reino dos céus do que das profundezas da terra onde, previdentes, poderosas raízes lhes garantem a sobrevivência.

Depois, tenho para mim, que a primeira impressão é ( ...às vezes, injustamente) determinante.
Por isso, quando o veículo do transfer que, a partir do aeroporto me conduzia ao destino eleito, observei, maravilhada, a fina, a translúcida muralha de coqueiros que, pretenciosamente pretendia ocultar os azuis delirantes de um imenso mar.
Foi amor, do mais perigoso, letal mesmo, amor à primeira vista.





Da piscina, o olhar salta para o mar, esbarrando neles, sempre eles, os coqueiros.

Num espaço deserto, cochicham entre si...

Com alturas diferentes, perseguem o seu destino, o firmamento!

Solitário, altivo, brinca com a nuvem.

Sentinelas, vigiam, atentos...

quais bandeiras ao vento.

Baixinhos, gorduchos, crianças ainda, não fugirão ao seu destino. 


Contra ventos e marés,



enfeitam os ares, rabiscam o rápido, quase instantâneo crepúsculo equatorial, numa festa de traços, de zigue-zagues , de pintura chinesa, cujo efeito se repete a cada entardecer.
Assim é a Costa dos Coqueiros.

Beijos,
Nina