quarta-feira, 31 de outubro de 2012

É assim como se eu tivesse uma quinta!


De quando em vez, lá me chega às mãos uma  gigantesca embalagem de produtos da terra. São molhos de couves, sacos de espinafres, maçãs tortas, descalibradas, com bicho, frascos de compota de mirtilho. Tudo caseiro, tudo sem inseticida. Tudo biológico. Tudo como antigamente.


Desta vez, vieram ainda chás.
De lúcia-lima, de cidreira e de sálvia.
Gostei!
É como se eu tivesse uma quinta.


Os cházinhos já estão enfrascados, postos em bom recato.

A lúcia- lima parece-me demasiado fresca, pedindo secagem.
Vou conservar o frasco aberto.
E fazer litros e litros de chá.
Tinha dúvidas sobre a sálvia. Melhor dizendo, estava na mais completa e negra ignorância.
Por isso pesquisei e encontrei isto:




Sálvia

FICHÁRIO
Nomes PopularesSálvia, salva, erva das feiticeiras, salva de botica,salveta, chá da Grécia
Nome CientíficoSalvia officinallis / Labiadas
PlanetaJúpiter
OrigemDe origem Mediterrânea, desde a costa sul da Espanha até Marselha e na Itália.A sálvia é tida desde tempos imemoriais como a erva da longevidade. Quem tem sálvia em casa nunca envelhece, já dizia um velho provérbio chinês. Seu nome deriva da palavra latina salvere, que significa estar de boa saúde, curar. É uma ótima erva culinária também, mas é melhor não misturar com outras, pois como disse um cozinheiro chefe: "Na grandiosa ópera da culinária, a sálvia representa a prima donna caprichosa, que se ofende por tudo e por nada, Gosta de ter o palco por sua conta."
Partes usadasFolhas e flores
Lendas e
Mitos
Para os romanos era erva sagrada, cuja colheita era cercada de rituais. A crendice popular dá conta de que é uma das ervas das feiticeiras, já que protege contra feitiços. É também usada para compor o vaso das sete ervas de proteção. Ainda segundo a crença popular, toda pessoa deve ter um pé de sálvia plantado em casa, mas nunca pelo próprio dono da casa, é melhor pedir para alguém de fora.Dormir com folhas de sálvia sob o travesseiro torna os sonhos realidade.
Características
e Cultivo
Arbusto rústico e sempre verde, vai de 30 a 75 cms de altura. Folhas inseridas aos pares, verde-acinzentadas, muitas vezes manchadas de amarelo, se forem mais velhas espessas e tomentosas, de cheiro intenso e penetrante. Flores bilabiadas, vão do branco ao lilás. O caule torna-se lenhoso a partir do segundo ano.Cultivada junto à arruda e orégano vai super bem; suporta a seca e terra areno-argilosa. Em épocas frias ou de muita chuva perde as folhas, e aproveita-se para fazer novas mudas a partir de estacas de galho. Planta companheira do alecrim, morango e cenoura. Clima frio com bastante sol.
Outras EspéciesSalvia splendens - Sálvia de jardim, com flores vermelhas.
S.officinallis purpurascens - folha intensamente aromática e avermelhada.
S.o.prostrata - S.lavandulifolia - S. sclarea - S.o. Icterina - S.o. Broad leaf - S.o.tricolor
Propriedades
MedicinalAjuda a fazer a digestão e é anti-séptica, fungicida e contém estrógeno. Ajuda a combater a diarréia. O chá é bom para gengivas inflamadas, aftas, dores de garganta e problemas de mucosas, além de aliviar diabetes e sintomas de menopausa. Diminui suor excessivo e é restauradora de energia, tendo poder tonificante sobre o fígado. Usada também para dores de ovário, icterícia, depressão, tremores, vertigens, impotência sexual.O chá das folhas e flores tem ação anti-séptica, anti-sudorífera, fungicida,estimulante da digestão e balsâmica; contém estrógeno. Não deve ser tomada em grandes doses por períodos muito longos.
  • Infuso: 5 gs de folha em 100 ml de água fervente por 10 minutos. Para picadas de insetos esfregar folhas frescas no local atingido. Friccionada nos dentes, clareia-os.
Cosmética
Infusão é um bom adstringente para pele oleosa e escurescedor de cabelos. A infusão também é boa para combater a caspa e inflamações do couro cabeludo. Dentrifício caseiro para remover tártaro e clarear os dentes: Sal marinho e sálvia.
Utilização
  • Uso caseiro: Pôr folhas secas de sálvia entre as roupas, para afastar insetos. 'Faz parte das ervas inseticidas( em infusão).
  • Uso culinário: Para rechear aves, misturar com cebola. Cozinhar com carnes gordurosas (porco, pato e salsichas). Dá bom vinagre aromatizado e manteiga de ervas. Faz deliciosos pães. Receitas.Substitui o louro na aromatização de carnes e cozidos, principalmente os gordurosos, podendo também ser usada para temperar patês de queijo e peixes. A manteiga aromatizada com sálvia dá um realce especial aos assados.
  • Uso mágico: Onde o pé de sálvia cresce viçoso é porque a mulher manda na casa; considerada uma poderosa erva de proteção, afasta mau-olhado. Erva das feiticeiras, entra na composição de magias de proteção.

Aromaterapia: Na aromaterapia, o óleo essencial de sálvia é usado como antioxidante, extimulante, tônico, desinfetante, adstringente, é indicado para cabeça e cerebro ativando os sentidos, a memória, fortalecendo os nervos.
Efeitos colaterais: Não usar a erva em casos de insuficiência renal, durante a menstruação ou amamentação. Pode causar súbita elevação da pressão arterial. Não consumir em grandes quantidades ou por longos períodos de tempo consecutivos. Não deve ser tomado por mulheres grávidas e crianças.

O que mais me agrada é a garantia de que se dormir com um raminho debaixo da almofada, os sonhos se tornam realidade. Que fantasia mais sedutora!!!!
Acho que esta é a manifestação da minha costela de bruxa.
Também gostei da ideia de perfumar as roupas de casa com saquinhos cheios de sálvia. Vou fazer saquinhos.
A cereja no topo do bolo foi, no entanto, a confirmação de que casa em que a erva cresça viçosa significa que o domínio feminino no território está garantido.
Como brinde, a promessa de que afasta o mau-olhado, torna-a irresistível.

Plantem sálvia, plantem !!!

Beijo
Nina

Compro uma máquina de tricotar?





Na fase que atravesso, qualquer proposta aquisitiva me parece sedutora. Conheço-me.  Daí o perigo! Daí a questão!

Hoje, fui comprar umas lãs, na loja de sempre. Fui recebida efusivamente. Estranhei.
A vendedora falou e, então entendi!
Uma cliente da mesma loja, amiga da vendedora, queria vender por 150€ uma maquina de tricotar, usada, em perfeitas condições de funcionamento.
A vendedora lembrou-se de mim que, em tempos, lhe confidenciara a vontade pela maquineta.
A vontade, entretanto, sumiu e nunca mais pensei no assunto.
Compro ou não compro?
Eis a questão!



Relembro que a "corta e cose" ainda não saiu da caixa;
Que, de momento, sou presa fácil;
Que não sei como a dita trabalha;
Que metade do prazer do tricô reside no desenrolar lento da obra;
Que não sou friorenta e que, pelo contrário, tenho calor a maior parte do ano;
Que a "bicha" é espaçosa;

Por outro lado, o preço parece-me muito razoável;
Que num abrir e fechar de olhos concluo um projeto;
Que até poderia lançar-me na venda de tricôs e transformar-me numa empresária de sucesso;

O que é que eu faço?
Ó dúvida cruel!

Beijo
Nina

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Romãs


Fruta de Outono.
Estas, especialmente coloridas e fotogénicas, vieram de um supermercado espanhol, quando, no último sábado, lá fiz umas comprinhas.

São, lindas, não são?
De tão perfeitas, quase parecem artificiais.

Já abri e experimentei uma. Em sumo.

Sejamos claros. A romã, para além de bonita, rica em nutrientes e ... bonita, é uma grande chata.

Em sumo, depois de passar pelo espremedor de citrinos, deixa, atrás de si uma destruidora, sanguinária, mancha vermelha. Ao contrário das dóceis laranjas que permitem, sem confronto físico, que o sumo lhes seja extraído, as romãs, não! Estrebucham, espicham sumo por tudo que é sítio. Mesmo sobre o vestuário, onde ameaçam nódoas indeléveis. Uma chata, repito.
Se, em alternativa, se pretender extrair-lhe, um a um, os "rubis" vermelhos, há que pôr a paciência de molho. Ó tarefa mais detestável!!!!
Aberta, apelativa, é fruto para criança, que, a meu ver, a encarará como repositório natural de delícias coloridas. Acontece que as películas esbranquiçadas que envolvem os "frutos" são amargas como rabo de gato.
Se devemos, por tudo isto, ignorá-las?
Nem pensar!
Quando surgem, no início do Outono, há que experimentá-las, embora sabendo ao que se vai.

Li, algures, que, cortadas ao meio, largam facilmente os bagos, se espancadas com uma colher de pau.
Já experimentei. Não foi um sucesso. Acabei a tarefa, extraindo os grãos, um a um.
Acontece que tenho outras finalidades bem mais divertidas, para utilizar o meu tempo.

Indiscutível é o seu valor nutritivo,  e esta, a informação que retirei da Wikipédia.



Romã

De tonalidade e sabores únicos, este fruto delicioso oferece uma acção antioxidante e anti-inflamatória

Como em muitas plantas e frutos, a acção sinérgica dos vários constituintes da romã é superior à de cada um deles isolado. 

No geral, este fruto tem um efeito antioxidante, anticancerígeno e anti-inflamatório, algo que pode ser explicado, em parte, pela presença não só de ácido elágico, mas também de antocianidinas, galhatos, ácido ascórbico, esteróis, flavonóides, ácidos gordos e vários minerais.

A romã está indicada para a prevenção e tratamento coadjuvante do cancro da próstata e de doenças cardiovasculares (angina de peito, aterosclerose, colesterol elevado e hipertensão).

O seu efeito antioxidante e anti-inflamatório faz com que seja útil em várias patologias, nomeadamente diabetes, disfunção eréctil, infecções bacterianas, resistência a antibióticos, queimaduras solares, infertilidade, doença de Alzheimer, artrite e obesidade. 

Existem também resultados promissores ao nível do cancro do cólon, mama, pele e na leucemia, mas ainda não foram realizados estudos em humanos nestas patologias.

Ora, como, contra factos não há argumentos, investir no consumo da ROMÃ, parece-me sábia decisão.
Para o fazer sem  os padecimentos que a fruta comporta, informo que, em qualquer bom supermercado, se encontram embalagens deste sumo.
Sem complicações, sem sujeira, sem confrontos.

Beijo
Nina












segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Alecrim


Tenho uma amiga, a Maria , entendida num vastíssimo conjunto de temas, que, outro dia, ao ler os meus desabafos neuróticos, atenta, me aconselhou o alecrim, ervinha milagrosa para a tristeza existencial, que surge assim, a modos de um ataque de coceira, que quanto mais se coça, mais se agrava.
Salvaguardou a sua contra-indicação para hipertensos, número em que, felizmente, não me incluo.
Lá fui, portanto, ligeira, à ervanária.
-Que não, que não tinham, que podiam encomendar!
Não quis. Lembrei-me que no meu jardim de vasos, o alecrim cresce viçoso.
Apanhei um raminho, e já o utilizei como tempero.
Se estou já muito feliz?
Não, ainda não vejo resultados, mas como ocupação terapêutica temporária funciona.
Assim, neuróticas de Novembro, comprem uma mudinha de alecrim no horto e plantem-no, que em cabeça ocupada não entra mosca!


Entretanto, encontrei na Wikipédia, uma exaustiva informação sobre os benefícios do Alecrim. Compartilho porque, apesar da neura, continuo sendo um ser de uma generosidade extrema : -)


Resumo:
Alecrim: planta medicinal diurética,aromática, antioxidante e anti-reumática,apresentada quase sempre em forma de infusão ou em pomadas.
NomesNome em português: AlecrimNome latim: Rosmarini officinalis
Nome inglês: rosemary
Nome alemão: Rosmarin
Nome italiano: Rosmarino
Família Lamiaceae (Lamiáceas)
Constituintes Óleos essenciais (óleo essencial de alecrim), ácido carnósico, taninos.
Partes utilizadasFolhas
Propriedades do alecrim
Antioxidante, anti-reumático, depurativo, diurético
Indicações do alecrim
Uso interno (chá):
Como condimento ou aromático (cozinha), contra a tosse, para a prevenção de doenças degenerativas como o Alzheimer, devido ao forte efeito antioxidante do alecrim.
Uso externo, em pomadas (quase sempre em associação com outras moléculas):Reumatismos: artriteartrose.
Efeitos secundários Desconhecemos
Contra-indicaçõesDesconhecemos

Interações
Desconhecemos
Preparações à base de alecrimInfusão de alecrim
Pomada à base de alecrim
Óleo essencial de alecrim
Cápsula de alecrim

Onde cresce o alecrim?
O alecrim cresce principalmente no sul da Europa mas também no norte.
Quando colher o alecrim?  
O alecrim é colhido principalmente na primavera.  
Observações 
Esta planta (alecrim) é encontrada em pomadas bastante conhecidas contra os reumatismos. Além disso, no preparo interno, em infusão, a sua ação diurética é muito eficaz. Também utilizada na culinária como aromatizante e para temperar carnes e auxiliar na conservação, graças ao efeito anti-oxidante (óleos essenciais).


Reparo, agora, que não é referido o efeito antidepressivo. Lapso de quem escreveu o artigo!
Cultivar Alecrim e colhê-lo da própria cultura, ameniza qualquer tempestade emocional. Garanto.

Beijos
Nina

domingo, 28 de outubro de 2012

De mil coisas ...


... é feito um dia, é feita uma vida. Algumas empolgantes (poucas ...) , algumas chatas e rotineiras.
Cozinhar pode ser as duas.
Às vezes é tarefa abominável, poucas, no que a mim diz respeito, outras, um desafio, uma descoberta, uma experiência em que se põe à prova os sentidos.

Frango, é daquelas coisas sem mistério, sem veleidades de surpresa. A não ser que o pensamento viaje e, então, tudo pode acontecer.

Este, em pedaços, foi temperado como se uma experiência de alquimista estivesse em curso.
Primeiro, uma generosa golada de vinho do Porto, coisa que por aqui, abunda;
Depois, os inevitáveis sal e pimenta;
A seguir, negra canela, exótico gengibre e arrogante noz moscada, que é aquele cheirinho com pretensões imperialistas. Onde chega, procura dominar, reduzindo a zero os restantes sabores e odores.
Cuidado com ela, pois!



Vamos, usar agora, o mais precioso ingrediente da culinária. O tempo.
Há que dar tempo ao tempo para que o galináceo se impregne da calda dos sabores.
De um dia para o outro será ótimo, que, como todos sabemos, é inimigo do bom.
Digámos, portanto, que um par de horas é o tempo mínimo de imersão.

Em fogo lento, devagarinho, tostamos cada pedaço. Com  vagares sádicos, porque o bichinho terá que sofrer lentamente, para dourar sem queimar.

É então transferido para uma assadeira. Aí receberá uma chuva de alecrim fresco e perfumado.

...acomodando-se os pedaços.
 Vamos combinar esta amálgama de sabores com um acompanhamento inusitado. Batata doce. Em rodelas. Com casca.
Exige um banho meticuloso, escova em punho. Sem dó nem piedade, esfrega-se e volta-se a esfregar, mudando sucessivamente as águas. Só quando esta se mostrar cristalina, se considera o tubérculo pronto. Nada de facilitar!

Algumas rodelas de laranja, sumo de uma e...

...pedaços de abacaxi, completam o quadro. No forno, a 180 graus, assa por 1 hora.

E o que era banal, transcende-se. Divertido, diferente, delicioso.

Beijos
Nina

sábado, 27 de outubro de 2012

Eu e os chineses!



A minha relação com os chineses é fria e muito distante.
Vejo as suas lojas espalhadas por tudo quanto é lugar e, confesso, sinto alguma animosidade.
Nunca me fizeram mal, mas desagrada-me que me calquem os calcanhares em atenta vigilância, se me aventuro nos seus domínios, como se eu mais não fosse que uma perigosa delinquente pronta a cometer um saque no meio das suas quinquilharias.
Ainda gosto menos da falta de afabilidade, da ausência de um sorriso, das respostas com má cara!
Isso é que me chateia mesmo!
De modo que, como já disse, a nossa relação é gélida.

Porém, às vezes, ainda que raramente, se as circunstâncias o permitem, lá os visito, como ocorreu hoje em Cerveira, uma vez que, asseguro, eles estão em todo o lado.

Precisava de comprar papel autocolante para forrar prateleiras.
Tinha-o visto, na última 5ª feira no Lidl, supermercado de grandes oportunidades. Pareceu-me carote: 1.95€ cada rolo. Não comprei. Ando numa fase de enorme forretice (esqueçam a maluquice da máquina corte e cose ... vou rentabilizá-la de certeza!!!)
Estava coberta de razão, um verdadeiro monumento de sensatez!
Hoje, no Bazar Universal, em Cerveira, encontrei o mesmo papel a 1.50€. A brincar, a brincar, representa um desconto de 25%.


Ei-lo!
Num cinza liso , combinando com um padrão que sugere mármore. Vou colocá-lo amanhã!

Trouxe ainda estas molas para o cabelo por 0.50€ cada ...
... e quase caí nos braços da chinesinha (trombuda) que me atendeu.
Quase comprei lâmpadas economizadoras para a cozinha, novelos de lã a 0.80€ cada, fio para tricotar tapetes, bem como outras ofertas que, no momento, me pareceram irresistíveis.
Fiquei-me, contudo, pelo papel e pelas molas. Paguei 4€. Saí com vontade de reavaliar as relações sino-portuguesas.
Desconfio que, na minha imensa coerência, ainda me torno fã destas lojas.

Beijos
Nina

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

DUBROVNIK


As imagens, mais que quaisquer palavras, descrevem este local incrível:

Vista geral da cidade a partir das muralhas que a rodeiam

Esta, a avenida principal. A partir dela, perpendicularmente, nascem ruelas esguias.

Castelo, num dos ângulos da muralha.

Os telhados em telha clara correspondem às reconstruções exigidas pela destruição provocada pelos bombardeamentos sérvios e montenegrinos, sobre a cidade.
Foi, como se verifica, quase totalmente destruída.

Sempre o mar. O Adriático, bravo neste dia, banha a cidade.

Nas ruas, souvenirs.
Nenhum transmite a vitalidade da cidade.
Não gosto de souvenirs.

Um dos locais de defesa, construído quando o perigo era esperado vir do mar.

Intencionalmente, algumas ruínas não foram varridas.
Permanecem como acusação muda, mas viva.

Correndo o risco de incorrer em repetições, incapaz de escolher, opto por versões diferentes da mesma realidade.

Da muralha espreita-se a intimidade dos locais.
Os jardins são magníficos.

Completos, amenos, convidativos.


É a minha face voyeurista que me impele a fotografar

... estes recantos íntimos.

A este porto  chega  quem usa o mar e não a estrada como via de circulação.
À volta, mil restaurantes de peixe.

Nas janelas e varandas, sardinheiras, como tanto gosto, num estilo muito italian o.

Por detrás do porto as montanhas. Daí partiu o bombardeamento sérvio  e montenegrino sobre a cidade.

Desta guarita espreitava-se, em  inútil vigilância, o perigo que, afinal, surgiu do lado oposto.

Para que não se esqueça ...

A cidade renasceu das cinzas, mas, no ar, sente-se que o caldo de povos, esgrimindo diferentes credos, poderá, oxalá não..., em qualquer altura entrar em ebulição.
Oxalá não!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Feitas as contas ...


... aos comentários que recebi, quando ontem, confessei a minha aversão ao mês que se aproxima, conclui que não estou sozinha. Há mais quem sofra desta maleita. Tristeza e melancolia outonal, chamam-lhe os psiquiatras que, nesta época, não têm mãos a medir.
Obrigada pelos muitos ombros que me ofereceram, muito obrigada. Mas, devo esclarecer, que se o esquema se repetir, assim como vem, parte , cessam os suspiros, secam-se-me as lágrimas nos olhos e sacudo o tédio e a inércia, como uma constipação finalmente debelada.
Para já tenho cá os meus métodos. Como. E engordo.
Apetece-me chocolate, quanto mais preto, quanto mais amargo, melhor.
Sei que esta ânsia tem a ver com um componente que funciona tipo hormona da felicidade.
Não me peçam termos científicos que não tenho pachorra para procurar, mas garanto que sim. Que numa tablete de chocolate reside um fármaco natural que espevita os tristonhos.



Com leite de soja e muito chocolate...

...ressuscita-se um morto.

Acabei de me deliciar com esta mistura espessa e perfumada. Muito bom!
Pena que não esteja ainda saciada.
Fui para a cozinha e com claras congeladas fiz muffins  que cobri com doce de chila.

Ficaram muito bons, garanto. Acabo de comer um.

Com a massa restante preparei um bolinho que será comido às fatias.

Esta já é minha.

Só posso concluir que não estou nada bem. Estou um bocadinho louca. Eu que nem como doces. Há, contudo, que escutar a voz do corpo.
Obediente, limito-me a cumprir ordens.
Fazer compras, também costuma funcionar.
É um clássico!

Eu, talentosíssima costureira, comprei, esta manhã uma máquina "corta e cose". Não faço a mais pálida ideia de como funciona a coisa.
Mas, na altura, pareceu-me arrebatadora a ideia. Por isso comprei.

Pergunto-me se não seria mais sensato e mais económico marcar, imediatamente, uma consulta no psiquiatra.
Acho que sim, que era!

Beijos
Nina



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Se eu mandasse, exterminava Novembro!

Novembro é mês de neura.
Se eu mandasse, não existia. Saltava de Outubro para Dezembro, pura e simplesmente.
É coisa antiga, associo com recordações tristes, detesto.
 E fico em baixo, à beira da lágrima por dá cá aquela palha. 
Ainda por cima, agora, com o contexto social péssimo, tudo piora.
Ainda hei-de fugir daqui antes que Novembro chegue.
Escolheria o meu amado Brasil e por lá ficaria até Janeiro, mês glorioso de frio cortante.
Agora, o tempo está assim, chato ... quente, abafado, com céu de chumbo e bátegas de chuva.
E ainda não chegou o mês maldito.
Que coisa!
Ter medo de um mês não é normal, mas eu tenho.
Acho que nele me esperam todos os dissabores.
Coisa mais irracional , já sei, não existe. Deve ser por isso que os os medos e as fobias escapam à lógica e se alimentam de memórias.
Ainda me hei-de libertar, enchendo esses 30 dias funestos de cores, praia, banhos de mar, samba e caipirinhas.
Me aguardem.

Beijos (soturnos...)
Nina


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Comidas, bebidas ...


Quando nos afastamos por uns dias do nosso recanto protetor, uma das dificuldades a enfrentar passa pela comidinha nossa de cada dia.
Não me venham cá com a história que se come maravilhosamente e que tudo são experiências gastronómicas sublimes.
Não são!
Com a verdadeira  e única excepção que é o Brasil, onde, de facto, cada refeição é um ato de quase poesia, na maior parte do restante mundo, comer é uma aventura que ou pode correr bem, ou muito, muito mal.
Se pensarmos nos locais de grande fluxo turístico, a coisa, aí, pode tomar proporções de extrema gravidade ou para o estômago ou para a carteira, se não mesmo para os dois.

Posto isto, diz-me a experiência que os riscos menores ocorrem quando se opta pela culinária italiana, económica, razoavelmente saborosa e minimamente perigosa.

É, portanto, o último refúgio, enquanto que não se regressa ao peixe português imaculadamente fresco e, de um modo geral, à nossa gastronomia tradicional baseada na dieta mediterrânica, saudável e deliciosa.


Confesso, porém, que ao fim de 4 ou 5 dias balançando entre pizzas, pastas e rizzotos, atinjo o ponto de rutura.

Peço, então, um bife, peço peixe grelhado, peço o que me apetecer.

Num desses almoços, carnívoros, repletos de colesterol num bife alto e mal passado, antecedi o pecado com este gracinha:


Patê de atum.
Comido com um pão de sementes, regado com cerveja gelada, foi o pecado que mais dividendos pagou durante a viagem.
A receita está aqui


Foi servida junto a esta marina, nos arredores de Dubrovnik ...

... e foi um almoço perfeito.
Beijos
Nina

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Surpresas ...


Desde que me tornei viajante "profissional" programo cada detalhe das minhas andanças sem recorrer às agências de viagem. Foi assim que descobri o Booking.com, grande site que, a preços sem concorrência, garantem estadia em qualquer parte do mundo.
Já se sabe que, marcar por fotografia envolve os seus riscos.
Já se sabe que quem quer ceder instalações, doura a pílula.
Já se sabe!
E já tenho enfiado grandes barretes  com a prática.

Porém, nada que se compare ao que ocorreu em Split, belíssima cidade na costa Croata.

O eleito foi o HOTEL VILLA VICE ( é favor reter o nome...), um 4 estrelas com todos os "efes" e "erres".
Pois bem, foi assim:
Chegámos noite cerrada.
No GPS (invenção abençoada!!!) introduzimos as coordenadas e por duas ou três vezes a vozinha maviosa declarou:
"Chegou ao seu destino!"
Como assim? Como pode ser esta rua escura , ladeada de casa antigas, também elas escuras e às escuras,  ser o meu destino?
Não pode!
Repetido que foi o percurso,( ou deverei dizer a via-sacra?), concluímos que o VILLA VICE (repito, retenham o nome!) era ali, no meio de nada, no nº 12.
Batemos.
Esperamos.
Uma porta abriu-se.
Os maridos desapareceram.
Ao longe vozes.
Saí. 
Fui averiguar.

Nas traseiras, num jardinzeco, a porta de uma garagem aberta.
No interior uma cama King Size e os maridos dispostos a assinar não sei o quê.
Fiquei parva.

O que é isto?, perguntei.
-A bedroom, respondeu-me um croata encorpado!

Um quarto? Só se for por ter uma cama!
Onde está o hotel de 4 estrelas que encomendei e paguei antecipadamente?
-Aqui!, respondeu-me, ofendido, o proprietário do palácio.

Depois do devido raspanete aos tontos dos maridos, acedemos a instalarmo-nos no interior da "mansão" (a troco de uma quantia suplementar), num "apartamento" com cozinha e tudo, e um quarto tão exíguo que nas minhas pernas subsistem as nódoas negras provocadas pela cama (king size, atenção...) que atafulhava a área .

Argumentar que o pacote não passava de um Bed and Breakfast encapotado, foi tarefa impossível.

Lá ficámos e graças à extraordinária capacidade de adaptação do ser humano, até conseguimos três noites de sono repousado e este pequeno-almoço servido no quarto.

Do episódio, para além das nódoas negras já mencionadas, subsiste o cómico de uma situação caricata.


O certo é que, à hora combinada, num tabuleiro surgia o dito breakfast.

Numa manhã visitámos a cidade onde  o imperador Diocleciano construiu um magnífico palácio e o seu mausoléu ( de 295 a 305 DC).
Este, seria transformado, no século XVII, pelo Bispo John de Ravena, numa catedral dedicada à Assunção da Virgem Maria.

Linda, branca e elegante...

Com uma torre que se eleva acima de todas as contruções ...

... cujos degraus contei, um a um, até ao topo!

Pelo caminho, meio morta, a deitar os bofes pela boca, fui ainda presenteada pelo badalar dos sininhos.
Ainda estou um pouco surda!

Mas valeu a pena.
Vejam!

Seguiu-se a travessia, num destes ferries, de toda a baía.

Ainda intramuros, a cidade desenvolve-se em ruelas, arcos e arcadas ...

...que, por momentos, nos transportam à Idade Média.

Do barco, a cidade murada exibe-se assim ...

...e assim ...

... até que se avista a ilha de Brac ...

... por onde deambulámos ...
Conclusão:
O monumento magnífico atrai turistas numa corrente contínua.
Os locais servem os turistas.
Os locais exasperam-se.
Os turistas impacientam-se.
Uma manhã é tempo mais que suficiente para Split!
Avisei!

Beijos
Nina