A minha árvore de Natal é mais pindérica do que a tua.
Tenho a certeza.
Porque mais pindérica não é possível.
- Por quê, Nina? - perguntarão.
- Porque do Natal só gosto dos encontros, dos reencontros. Esses sim, esses fazem-me correr maratonas sem que me canse.
O meu Natal é mais longo que o vosso. O meu começa dia 21, com almoço a dois e jantar com a tribo. Jantar improvável contendo pratos vegan, vegetarianos e carnívoros - puros e duros. As hostilidades iniciam-se ao fim da tarde e prolongam-se noite adentro.
Gosto de comer, mas não sou de grandes comilanças. Petisco. Debico. Bebo. Brindo. Rio. Abraço. Conto peripécias. Ouço outras.
22 e 23 serão mais comedidos que para isso existem restaurantes.
Cedo às compras. São as doçarias de Natal que encomendo desde que descobri tal possibilidade.
Prendas , não. Decidimos que não. Fugimos a escravatura dos presentes. Uma libertação.
Durante todo o ano presenteio. Sem horário nem calendário. Gosto de dar. Gosto de surpreender. Somos felizes com este não esquema.
Perdi-me.
Vinha falar da árvore de Natal.
A minha é ridícula.
Para o ano não faço.
Na arrecadação tenho material para dar, vender, descartar. Tanta tralha.
Quando Dezembro se anuncia, começa lá no fundinho do meu subconsciente, uma campainha tinindo e repetindo, “ árvore de Natal “.
Faço -me desentendida, surda, distraída. Empurro com a barriga. Até que me torno no único ser à face da terra que ainda não fez a árvore de Natal.
Carregando a minha cruz lá vou a arrecadação e entre uma árvore de Natal que toca no teto e meia dúzia de outras menores, às cegas, escolho uma. E ainda uma caixa com os respetivos adereços.
Carrego-os para casa, sujo as mãos na poeira acumulada, enfrento o touro de frente.
Desta vez comecei por um conjunto de luzinhas que, depois de acesas, tremeluzentes, decidiram falecer. Lixo com elas.
Armei a árvore e distribui os enfeites. Nem estava mal, toda em dourados e vermelhos.
Apreciei de longe e aprovei.
Missão cumprida.
Afinal nem fora (muito) penoso.
Dei meia volta e , de imediato, ouvi um baque surdo, acompanhado por funesto tlim-tlim.
- O que seria?
Um quadro?
Um cortinado?
Um ...
Nada disso!
A árvore de Natal!
Ela mesmo. Sucumbira.
Suponho que algo ressentida com a minha má vontade, retribuía- me na mesma moeda.
Fez greve, sabotou-me, riscou- me da lista dos adoradores de árvores de Natal.
Tombou, gorda, espampanante, carregada de enfeites, esparramou-se ao comprido.
A coisa, o desastre, o acidente, tinha que ficar resolvida nesse preciso instante, não dando azo a que o meu instinto levasse a melhor e carregasse a dita para o lixo.
Respirei fundo. Obriguei-me a ficar calma e, decidida, agarrei um jarro pesado e zás! Enfiei-a lá dentro.
Cair não cai. Mas está tão pindérica que só visto.
Se questionada, tenho a resposta na manga:
- É apenas um símbolo! O importante é o espírito e esse está cá todo.
beijo
Nina
Tenho a certeza.
Porque mais pindérica não é possível.
- Por quê, Nina? - perguntarão.
- Porque do Natal só gosto dos encontros, dos reencontros. Esses sim, esses fazem-me correr maratonas sem que me canse.
O meu Natal é mais longo que o vosso. O meu começa dia 21, com almoço a dois e jantar com a tribo. Jantar improvável contendo pratos vegan, vegetarianos e carnívoros - puros e duros. As hostilidades iniciam-se ao fim da tarde e prolongam-se noite adentro.
Gosto de comer, mas não sou de grandes comilanças. Petisco. Debico. Bebo. Brindo. Rio. Abraço. Conto peripécias. Ouço outras.
22 e 23 serão mais comedidos que para isso existem restaurantes.
Cedo às compras. São as doçarias de Natal que encomendo desde que descobri tal possibilidade.
Prendas , não. Decidimos que não. Fugimos a escravatura dos presentes. Uma libertação.
Durante todo o ano presenteio. Sem horário nem calendário. Gosto de dar. Gosto de surpreender. Somos felizes com este não esquema.
Perdi-me.
Vinha falar da árvore de Natal.
A minha é ridícula.
Para o ano não faço.
Na arrecadação tenho material para dar, vender, descartar. Tanta tralha.
Quando Dezembro se anuncia, começa lá no fundinho do meu subconsciente, uma campainha tinindo e repetindo, “ árvore de Natal “.
Faço -me desentendida, surda, distraída. Empurro com a barriga. Até que me torno no único ser à face da terra que ainda não fez a árvore de Natal.
Carregando a minha cruz lá vou a arrecadação e entre uma árvore de Natal que toca no teto e meia dúzia de outras menores, às cegas, escolho uma. E ainda uma caixa com os respetivos adereços.
Carrego-os para casa, sujo as mãos na poeira acumulada, enfrento o touro de frente.
Desta vez comecei por um conjunto de luzinhas que, depois de acesas, tremeluzentes, decidiram falecer. Lixo com elas.
Armei a árvore e distribui os enfeites. Nem estava mal, toda em dourados e vermelhos.
Apreciei de longe e aprovei.
Missão cumprida.
Afinal nem fora (muito) penoso.
Dei meia volta e , de imediato, ouvi um baque surdo, acompanhado por funesto tlim-tlim.
- O que seria?
Um quadro?
Um cortinado?
Um ...
Nada disso!
A árvore de Natal!
Ela mesmo. Sucumbira.
Suponho que algo ressentida com a minha má vontade, retribuía- me na mesma moeda.
Fez greve, sabotou-me, riscou- me da lista dos adoradores de árvores de Natal.
Tombou, gorda, espampanante, carregada de enfeites, esparramou-se ao comprido.
A coisa, o desastre, o acidente, tinha que ficar resolvida nesse preciso instante, não dando azo a que o meu instinto levasse a melhor e carregasse a dita para o lixo.
Respirei fundo. Obriguei-me a ficar calma e, decidida, agarrei um jarro pesado e zás! Enfiei-a lá dentro.
Cair não cai. Mas está tão pindérica que só visto.
Se questionada, tenho a resposta na manga:
- É apenas um símbolo! O importante é o espírito e esse está cá todo.
beijo
Nina