domingo, 28 de outubro de 2012

De mil coisas ...


... é feito um dia, é feita uma vida. Algumas empolgantes (poucas ...) , algumas chatas e rotineiras.
Cozinhar pode ser as duas.
Às vezes é tarefa abominável, poucas, no que a mim diz respeito, outras, um desafio, uma descoberta, uma experiência em que se põe à prova os sentidos.

Frango, é daquelas coisas sem mistério, sem veleidades de surpresa. A não ser que o pensamento viaje e, então, tudo pode acontecer.

Este, em pedaços, foi temperado como se uma experiência de alquimista estivesse em curso.
Primeiro, uma generosa golada de vinho do Porto, coisa que por aqui, abunda;
Depois, os inevitáveis sal e pimenta;
A seguir, negra canela, exótico gengibre e arrogante noz moscada, que é aquele cheirinho com pretensões imperialistas. Onde chega, procura dominar, reduzindo a zero os restantes sabores e odores.
Cuidado com ela, pois!



Vamos, usar agora, o mais precioso ingrediente da culinária. O tempo.
Há que dar tempo ao tempo para que o galináceo se impregne da calda dos sabores.
De um dia para o outro será ótimo, que, como todos sabemos, é inimigo do bom.
Digámos, portanto, que um par de horas é o tempo mínimo de imersão.

Em fogo lento, devagarinho, tostamos cada pedaço. Com  vagares sádicos, porque o bichinho terá que sofrer lentamente, para dourar sem queimar.

É então transferido para uma assadeira. Aí receberá uma chuva de alecrim fresco e perfumado.

...acomodando-se os pedaços.
 Vamos combinar esta amálgama de sabores com um acompanhamento inusitado. Batata doce. Em rodelas. Com casca.
Exige um banho meticuloso, escova em punho. Sem dó nem piedade, esfrega-se e volta-se a esfregar, mudando sucessivamente as águas. Só quando esta se mostrar cristalina, se considera o tubérculo pronto. Nada de facilitar!

Algumas rodelas de laranja, sumo de uma e...

...pedaços de abacaxi, completam o quadro. No forno, a 180 graus, assa por 1 hora.

E o que era banal, transcende-se. Divertido, diferente, delicioso.

Beijos
Nina