segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Croquetes




Quando, por qualquer insondável capricho do destino, o lombo assado que se preparou, no pressuposto que era lombo, logo tenro e suculento, quando - dizia - em vez disso nos deparamos com um preparado infame, quando tal dissabor se abate impediedoso sobre a mesa do almoço, que fazer?
Primeiro, disfarçar!
Nada de perguntas do tipo, "Então, que tal está?" - nada disso.
Finjam-se de mortas (os).
Isto se não querem ouvir um comentário ( ainda que tímido e velado ...) desagradável.
É que estes comentários (tímidos e velados ...) dão azo a explicações que não interessam nada e deixam a cozinheira ainda mais frustrada e, frequentemente, furiosa.
Recapitulando:
Se o assado que se previa tenro e suculento virou uma coisa elástica e seca ... IGNOREM!
Não perguntem nada!
Não esperem compreensão!
É que os comensais esfaimados são lobos irracionais!
Querem qualidade.
Ponto!
Estamos, pois entendidas(os) - assobiem para o lado e nem ao menos esperem que alguém pretenda repetir!
Comem uma vez! Basta!

Sirvam então a fabulosa sobremesa. Que depois de um desastre, todas (as sobremesas) o são (fabulosas)

Não preciso de repisar, pois não?
O lombo do almoço - vá lá uma pessoa saber por quê - estava uma sola!


Tratei-lhe da saúde o quanto antes que os tempos não estão para desperdícios e fiz ...


Tadah!!!!
Croquetes!


Os mesmos comensais que no dia anterior haviam enfrentado a sola - digo, o lombo - hoje suspiraram com os belos dos croquetes.

Fois assim:

Cortei a carne em pedaços e passeia pela máquina de picar.
Juntei-lhe o molho do assado  e ficou ...



Assim!

Uma massa pegajosa e indomável que, quando muito, serviria para recheio de empadão.
Mas não era empadão que me apetecia.
Queria croquetes.

Então, com um pouco de leite, manteiga e maizena preparei um bechamel grosso, bem espesso e juntei-o ao picado.
Depois, frio, muito frio, com ele.
Durante mais de 1 hora estagiou no congelador.
Para quê?
Pois, para ganhar corpo e se deixar moldar.

Fiz bolinhas ovaladas que passei por farinha ...

... e, a seguir. por ovo batido e pão ralado.


Depois foi deixar que fritassem até ganharem cor - cuidado, olho neles que ao menor descuido queimam.


Esta a cor, este o ponto!


Deixei que escorressem sobre papel absorvente para que perdessem a gordura ...


E ficaram assim, lindos, perfumados e apetitosos, servidos com alface e arroz de nabiças.


Os comensais adoraram e - gente de memória curta - nem suspeitaram que da sola - lombo - nascem delícias!

Portanto!
Nada de grandes explicações e muito menos de justificações!
E - muito, muito importante - nada de, em plena crise de raiva, atirar com a sola - lombo - para o caixote do lixo.
OK?

Beijo
Nina