Quando, por qualquer insondável capricho do destino, o lombo assado que se preparou, no pressuposto que era lombo, logo tenro e suculento, quando - dizia - em vez disso nos deparamos com um preparado infame, quando tal dissabor se abate impediedoso sobre a mesa do almoço, que fazer?
Primeiro, disfarçar!
Nada de perguntas do tipo, "Então, que tal está?" - nada disso.
Finjam-se de mortas (os).
Isto se não querem ouvir um comentário ( ainda que tímido e velado ...) desagradável.
É que estes comentários (tímidos e velados ...) dão azo a explicações que não interessam nada e deixam a cozinheira ainda mais frustrada e, frequentemente, furiosa.
Recapitulando:
Se o assado que se previa tenro e suculento virou uma coisa elástica e seca ... IGNOREM!
Não perguntem nada!
Não esperem compreensão!
É que os comensais esfaimados são lobos irracionais!
Querem qualidade.
Ponto!
Estamos, pois entendidas(os) - assobiem para o lado e nem ao menos esperem que alguém pretenda repetir!
Comem uma vez! Basta!
Sirvam então a fabulosa sobremesa. Que depois de um desastre, todas (as sobremesas) o são (fabulosas)
Não preciso de repisar, pois não?
O lombo do almoço - vá lá uma pessoa saber por quê - estava uma sola!
Tratei-lhe da saúde o quanto antes que os tempos não estão para desperdícios e fiz ...
Tadah!!!! Croquetes! |
Os mesmos comensais que no dia anterior haviam enfrentado a sola - digo, o lombo - hoje suspiraram com os belos dos croquetes.
Fois assim:
Cortei a carne em pedaços e passeia pela máquina de picar.
Juntei-lhe o molho do assado e ficou ...
Assim! |
Uma massa pegajosa e indomável que, quando muito, serviria para recheio de empadão.
Mas não era empadão que me apetecia.
Queria croquetes.
Então, com um pouco de leite, manteiga e maizena preparei um bechamel grosso, bem espesso e juntei-o ao picado.
Depois, frio, muito frio, com ele.
Durante mais de 1 hora estagiou no congelador.
Para quê?
Pois, para ganhar corpo e se deixar moldar.
Fiz bolinhas ovaladas que passei por farinha ... |
... e, a seguir. por ovo batido e pão ralado. |
Depois foi deixar que fritassem até ganharem cor - cuidado, olho neles que ao menor descuido queimam.
Esta a cor, este o ponto! |
Deixei que escorressem sobre papel absorvente para que perdessem a gordura ...
E ficaram assim, lindos, perfumados e apetitosos, servidos com alface e arroz de nabiças. |
Os comensais adoraram e - gente de memória curta - nem suspeitaram que da sola - lombo - nascem delícias!
Portanto!
Nada de grandes explicações e muito menos de justificações!
E - muito, muito importante - nada de, em plena crise de raiva, atirar com a sola - lombo - para o caixote do lixo.
OK?
Beijo
Nina