segunda-feira, 1 de abril de 2013

A artesã que habita em mim!



Não, não vou pronunciar a palavra mágica, sagrada ...A-R-T-I-S-T-T-A!
Não por humildade excessiva que é, como toda a gente sabe, uma dissimulada forma de vaidade.
Não vou pronunciar a tal palavra, a tal carregada de magia, que, faz levitar acima da média do comum dos mortais, porque, focada e exercitadamente honesta, sei que não se me aplica.
O que eu sou, ou procuro ser, é uma artesã, no sentido mais prosaico do termo.
Mexo, toco, manipulo materiais.
Os materiais seduzem-me. Dão-me ideias.
E lá vou eu, um pouco louca, como se usasse uma meia de cada cor, como se enfeitasse o cabelo com passarinhos, como se cantarolasse, despudorada, melodias que me ficam na memória, no ouvido.
Então, mergulho afoita em aventuras com desfechos improváveis, numa felicidade de criança prevaricadora que escapará impune da prevaricação.
Se correr mal, desmancho.Ou prossigo, delirante, ao sabor dos humores, dos apetites inimputáveis.
Assim, misturei cores, construí, desconstruí, conclui e o prazer, benévolo, permanece , que bem aventurados os pobres de espírito, que deles é o reino dos céus.
Sem pretensões faço e desfaço, inimputável, repito.
E, às vezes, gosto.



Ponto elementar que a mais não permite a sapiência.
Chamam-lhe ponto alto.
Cada carreira sua cor, numa combinação de azuis que me cativou.

A toda a volta, um remate simulando renda ...

...e um conjunto , cujos conjuntos se repetem ...

... num refrão elementar, que, desde o princípio dos tempos ... lembro as Cantigas de Amigo, as Cantigas de Amor, quando a língua não ganhara ainda estatuto com identidade própria, aí, se descobriu o filão do refrão que, numa repetição cíclica dava forma ao texto.
Também aqui, a repetição simula o refrão com efeitos embaladores e encantatórios.

Amo a minha manta!
Não é de artista.
É de artesã!
Foi bom, libertador, quase terapêutico, tecê-la, numa reprodução involuntária de Penélope no século XXI.

Sobrou fio.
Com o esquema economicista da artesã, há que aproveitá-lo.


Aguardam-se almofadas ... Irreverentes, caleidoscópicas.

Beijo
Nina