quinta-feira, 20 de junho de 2019

Bolo de cenoura e noz

Comi uma vez em Frankfurt, na Alemanha, um bolo de cenoura  que ficou para todo o sempre gravado na minha memória.
Foi em Fevereiro e estava muito, muito frio, com um céu cinza chumbo, anunciando neve que não tardou em cair.
Passeando pela cidade antiga, dei de caras com uma confeitaria/ café convidativa. Entrei. Depois de instalada numa mesa junto à janela, pedi um chá e uma fatia de bolo.
- Pode ser de cenoura? - perguntaram. 
- Sim - respondi, embora a sugestão não me seduzisse particularmente - sou, por natureza, adepta dos "de chocolate".
Chegou o chá acompanhado pelo bolo - tão perfumado, tão fofo, na textura certa, ligeiramente húmido e com uma suculenta cobertura de creme de limão. Comi e guardei desde então a experiência.

Tendo apetência para confecionar bolos, tentei por várias vezes o "de cenoura". Mas nunca sequer me aproximei daquele comido em Frankfurt.

Na net, o que não falta são receitas deste, doutros e de todos os tipos de bolos.
Cheguei porém à conclusão que, salvas raras exceções, as receitas da net são tudo menos fiáveis. Tenho tido repetidos fracassos, seguindo embora, escrupulosamente, as receitas. 
Aliás, quando entrei neste mundo cibernáutico, numa tola atitude de nova-rica, desfiz-me de um grande número de publicações culinárias, que vinha acumulando desde há muito. Repito, uma atitude tola!
Felizmente conservei a minha bíblia - O LIVRO DE PANTAGRUEL - graças ao qual dei os primeiríssimos passos na cozinha. A ele e a uma amiga experiente, fui aos poucos, muito devagarinho, num processo de fracasso/êxito, evoluindo até ao ponto de garantir a autonomia e sobrevivência do recém formado casal. O pior mesmo, foram os primeiros meses, as primeiras tentativas,  aqueles em que, teoricamente, tudo corre bem e a mim (desgraçada)  tudo saí intragável.
Desabafos!

Voltando ao que aqui hoje me traz - o bolo de cenoura.

Na semana passada, imprudente, decidi experimentar uma receita proposta num qualquer site e ... saiu uma porcaria! Uma grande porcaria. O bolo cresceu pouco, enqueijou e a cobertura talhou. Bem feito para eu não ser parva! 

Esquecido o fracasso, bolo atirado ao lixo, encontrei na FNAC um livro de culinária que despertou o meu interesse. Desfolhei-o e pareceu-me credível. Comprei-o. E dele tirei a receita que hoje apresento - introduzindo algumas alterações.





BOLO DE CENOURA COM NOZ

Açúcar - 350 g
Ovos - 3
Cenouras raladas - 3
Óleo - 200 ml
Farinha - 240 g
Fermento - 2 colheres de chá
Nozes - 100g


Cobertura

1 pacote de queijo Philadelphia
1 chávena de chá de icing sugar
2 colheres de chá de sumo de limão
Raspa de 1 limão

Preparei a massa do bolo na Bimby apenas porque é um processo prático, mas poderá ser feito de forma tradicional.

Liguei o forno a 180 graus e untei uma forma com manteiga, polvilhando-a depois com farinha.

- Comecei por ralar as cenouras e as nozes.
- Bati os ovos com o açúcar;
- Juntei o óleo;
- Adicionei as cenouras e as nozes, a farinha e o fermento. Bati até obter uma consistência cremosa e homogénea.
- Levei ao forno durante 50 minutos;
- Desenformei e deixei que arrefecesse.


Comecei por deixar que perdesse calor sobre uma grelha e, só então, o coloquei no prato


Preparei a cobertura, misturando o queijo com o icing sugar.
Juntei o sumo de limão, misturando bem.


A raspa da casca de limão é absolutamente vital.
 Dá personalidade à cobertura, quebrando o excesso de doçura que poderia enjoar.

Cobri o bolo.
Salpiquei com a casca de limão ralada.




E, assim, de repente, viajei até Frankfurt, sentei-me na mesma mesa junto à janela, na mesma pastelaria, na mesma  cidade velha, no mesmo gelado mês de Fevereiro.
Venham cá  agora dizer que isso da "máquina do tempo" é pura ficção", que eu dou a provar uma fatia deste bolo e vamos ver se não viajam até ao mais recôndito paraíso! 

Beijo
Nina