Às vezes é uma saudade tão intensa, tão absoluta que nem dói!
Apenas de mim se apodera e, digamos, me reprograma.
Então, volto a ser quem fui há muitos anos e a minha vida é satélite da minha mãe , omnipresente, minha sombra e minha guia, minha amiga e protetora.
A saudade vem do nada, de um cheiro, de um gosto, de uma ideia à toa!
Não dói!
Repito!
Apenas se faz presente.
Feliz de mim, feliz de quem guarda tal herança
Diz-se que quem assim é recordado (e amado) não morre - de facto, de uma forma muito leve, muito terna, muito doce, trago, colada na pele, essa lembrança.
Então, de repente, do nada, a "coisa" acontece. Pode ser em qualquer contexto, mas, recorrentemente, é na cozinha - universo de todos os sabores, de todos os odores - que a tal coisa se materializa.
Então, tal como naquele tempo, em que a equação das calorias ingeridas não sequer se cogitava, vejo-me cozinhando pratos que um dia a minha mãe cozinhou.
Tinha de ser tudo fresco, tudo de qualidade, mas num desprezo soberano pelas (malditas) calorias.
Surgiam estufados com legumes e massas e batatas e feijão, tudo soberbamente temperado, tudo preparado com os vagares de quem desfruta do momento.
Nada de admirar, portanto, que eu, sem me deter em avaliações calóricas tenha reproduzido o estufado de carne, acompanhado por batatas, acolitado por lacinhos de massa, envolvido em dengosa calda de feijão branco.
Está bom!
Está delicioso!
Sabe aos almoços famintos, quando chegava do liceu verde de fome e, às 2 da tarde, almoçava, engolindo, degustando cada garfada, quase em transe - então era magríssima e tudo me era permitido.
Hoje, não!
Pouco me é permitido, nesta batalha perpétua com a balança.
Mas não hesito.
Não me arrependo.
Volto a ter 15 anos!
Há lá coisa melhor?
Quem nunca provou este estufadinho , não sabe do que se fala quando se fala em delícias... |
Se engorda?
Sim! Engorda muito, porque exige acompanhamento de vinho tinto e uma discreta torradinha que se ensopa no molho!
Tal e qual!
Se vale a pena?
Pois então não há de valer?
Vale!
Vale pecar e repetir, que isto de pecados ou é ou não é!
Depois, para, no sétimo (ou oitavo) céu terminar a refeição, só, apenas e exclusivamente com a DELÍCIA DE CHOCOLATE ...
Uma coisa inenarrável! |
Vá lá que estes surtos são esporádicos ...
Mas, quando surgem fazem de mim escrava ...
E eu gosto!
Gosto muito!
Beijo
Nina
TIENE BUENA CARA ESTAS COMIDAS!!!!
ResponderEliminarENGORDARAN Y QUE???
ES UN PECADO QUE SE TIENE QUE COMETER Y DESPUES PEDIR PERDON...
;) ;)
CHAUCITO
Tão bom quando associamos sabores e odores a alguém que amamos muito e que assim desse modo se faz presente. Beijinhos querida Nina.
ResponderEliminar--
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Boa noite Nina, posso imaginar as saudades desses tempos e como os sabores fazem recordar valiosos momentos então passados. Embora ainda tenha pais, que o foram muito jovens, gosto também de fazer pratos da infância e alguns truques culinários ensinados pela minha querida avó materna.
ResponderEliminarSobre esse prato fiquei com água na boca. Adoro esse tipo de comida. Quanto ao bolo deve ser uma delícia.
Beijinhos e feliz serão.
Ailime
Nina também eu associo os aromas à minha mãe: o acordar com o cheirinho do café a chamar o pequeno almoço; o rapar o tacho do arroz doce e do leite creme em que era exímia!!!
ResponderEliminarMinha mãe era uma cozinheira de simples condimentos...com sabores da terra...cozinhava com alma...sem receitas escritas!
Que bom termos recebido heranças que nos adocicam a alma!!!
Que bom que a Nina herdou a capacidade de bem fazer e fazer bem!!!
Boa noite e bj
Oi Nina... que delícia poder lembrar de alguém tão querido pelo cheiro, ou pela comida... e tudo que engorda é absolutamente delicioso, rsrsrs Beijosss
ResponderEliminarTão bom Nina :)
ResponderEliminarAdoro, adoro esses estufados :D :D
São uma delícia :D
São se pode comer sempre, não, mas quando se comem, é um manjar dos deuses ;D
Beijinhos
Texto lindíssimo Nina, e devo dizer que concordo plenamente!
ResponderEliminarUma semana muito produtiva pra você!
Bjo
Denise
Guau, que delicioso todo!!!
ResponderEliminarEngorda si, pero de vez en cuando hay que disfrutar.
Besitos
Se a nossa escravidão for tentar reproduzir as lembranças de momentos que nos dão saudades, que sejamos todos escravos e nunca quebremos as amarras! E a receita da delicia de chocolate? Já cá calhava...
ResponderEliminarLembranças de minha mãe na cozinha, não tenho.
ResponderEliminarPorque para mim ela foi "a pior cozinheira do meu mundo".
Com muitos filhos era impossível ficar se esmerando na cozinha. Então, ela está desculpada.
Mas não foi boa cozinheira do mundo de minhas irmãs caçulas.
Sei o que sentes.
ResponderEliminarComigo "não é às vezes", mas sim sempre. No entanto ainda a tenho apenas fisicamente, o que aumenta a dor!
Ver o que ela era e no que se transformou...
O estufado e o bolo fazem "pecar" só de olhar.
Beijinhos.
Bem, mas que melhor repasto que este...
ResponderEliminarAinda por cima ter na introdução um "cardápio" tão prosaico.
Também ao longo destes oito anos que me ligam ao blog dos forninhenses, deixei receitas de minha mãe e parece que têm sempre outro sabor.
Beijos
Claro que vale a pena pecar... de vez em quando. Tens de publicar a receita, está com um ar... :)
ResponderEliminarAcontece-me quando vou a casa da minha mãe ou a casa das minhas irmãs, é impossível resistir às iguarias.
Uma doce lembrança, que terno retrato da mãe! Adorei o texto. :)
Querida Nina a essa saudade costumo chamar-lhe "doces recordações".
ResponderEliminarTambém gosto desse estufado principalmente nos dias frios de Inverno.
Beijinhos.
Esas nostalgia de tiempos idos, nos hacen volar en el tiempo. A veces es necesario.
ResponderEliminarBom dia Nina. Sigo-a há já algum tempo. Não sou pessoa de grandes comentários. Mas hoje tinha que lhe dizer o quanto gosto de como escreve e sobretudo do seu modo de encarar a vida.
ResponderEliminarPermita-me um abraço virtual.
Carolina
Maria, obrigada por me fazer feliz!
EliminarMuito obrigada.
Beijo
Texto muito bonito. E esses quitutes a gente merece. Bjs e otima semana.
ResponderEliminarOi Nina, que delicia recordar ! E este estufado me deu água na boca parece ser delicioso humm.
ResponderEliminarBeijos
Oi Nina , me sinto bem assim em relação a minha mãe!
ResponderEliminarAprendi muitas coisas boas da cozinha com ela.
Só não sou fã de chocolate... doces lembranças! bjsss
Adorei ler o teu texto :) pareces eu... Fiquei a babar de tanto olhar para o teu estufado!~Bjs
ResponderEliminarAna
http://www.receitasfaceisrapidasesaborosas.pt/
Cairia de boca em tudo isso sem me arrepender.
ResponderEliminarA balança ficaria pra outro dia.
Lembranças de mãe o que dizer...
Boa continuação de semana.
As memórias sensoriais são as mais fortes, porque não passam no pensamento, entram-nos directamente no coração.
ResponderEliminarPercebo bem esse tipo de lembranças, não da minha mãe, que a tenho ainda ao meu lado e espero que por muitos anos mais, mas da minha avó materna, por exemplo.
O estufado, apesar de calórico, deve ser bem saboroso. Para experimentar depois de umas horas na horta :) Assim desgasta sem engordar.
Beijinhos :*
Boa tarde, para mim e não só certamente, a melhor comida foi aquela que a minha mãe cozinhou, pelos visto, consigo é a mesma coisa, foram sabores únicos que ficaram para sempre, a comida não engorda, quem engorda somos nós se não sabermos a quantidade que devemos ingerir.
ResponderEliminarAG
A minha mãe está em mim e tenho recordações dela, além da cozinha, pois eu até arrasto os chinelos como ela arrastava ahaha. E, como você Nina, as minhas recordações são pura felicidade.
ResponderEliminarBoas lembranças e bons sabores... um dia não são dias... e esses pecadinhos sabem-nos bem... e dão-nos bastante conforto... também, cá por dentro...
ResponderEliminarPensa-se na balança, noutro dia... e faz-se umas caminhadazitas... para não nos sentirmos... tão pecadoras... :-D
Beijinhos!
Ana