domingo, 9 de setembro de 2012

Ah! E a leitura!


















Não posso deixar de referir a leitura.
Leio muito, mas durante as férias na praia, leio ainda mais.
Leio os jornais, pela manhã, com particular interesse pelas crónicas e artigos de opinião, fugindo a sete pés das desgraças que fazem os grandes títulos, as manchetes.
 Isso não leio, não quero saber do homicídio do vizinho, nem do assalto ao supermercado.
Não quero!

Gosto de ler o que me faz crescer e por isso sou criteriosa na escolha.
Leio, pois, o abastecimento antecipadamente feito para a ocasião, comprado na Papelaria Marta, onde também me fornecem o serviço pré-pago para a net, esta obrigatoriedade desgraçada, que me restringe os movimentos e cronometra o prazer.

Acabei hoje mesmo "O último minuto", um policial moderno e super movimentado, leitura para hotel, incompatível com o vento e a areia da praia, que requer o sossego do hotel.

Desde que li a trilogia  Millenium, do sueco Stieg Larson, uma novidade absoluta em termos de policial negro, fiquei recetiva à ação que se desenvolve no mundo do crime organizado e dos tenebrosos hackers, que nos revelam toda a fragilidade dos nossos segredos, todas as brechas da nossa privacidade, tão assustador que deixa, para nossa tranquilidade, a hipótese da inverosimilhança, da ficção pura e dura...
 É o caso do volume que terminei.

Longe vão os tempos em que os policiais de Agatha Christie, punham em foco uma abelhuda e inocente Mrs. Marple ou um amaneirado e arguto Monsieur Poirot que, entre jogos de ténis e chá com scones desvendavam o enredo de misteriosos crimes.
Era giro, mas suponho que, atualmente, não vende.
Atualmente, dominam os piratas informáticos e os crimes financeiros com contas secretas nas Ilhas Caimão.

O certo é que comprei os que se apresentavam como os mais vendidos na FNAC e, para já, têm cumprido satisfatoriamente o seu dever:
Entretenimento do bom!

Vou mergulhar , agora, num mundo diferente, igualmente tenebroso, mas diferente.
Pela mão de Zafon, percorrerei as ruas e ruelas de Barcelona, em meados do século passado, na teia de "Prisioneiros do céu".
Uma leitura empolgante é, sempre, um incentivo forte para recolher à tranquilidade do hotel.
Do que conheço da obra deste autor, acredito que a viagem será delirante.

Logo, logo, darei notícias deste mergulho no passado recente.

Beijo
Nina

sábado, 8 de setembro de 2012

Quando chega a noite ...


...depois de um dia ao sol, passeando junto ao mar, mergulhando e nadando, sinto-me tão cansada, tão exausta que só a noite de sono retemperará a energia.
É que isto de férias, cansa, cansa imenso.
Aprendi, e essa é a parte boa dos anos que passam, a libertar-me e a desvalorizar detalhes antes vitais.
Começando pelo cabelo, pelo meu problemático e caprichoso cabelo.
Desliguei, ignoro, esqueço, como se fosse careca.
Mergulho no mar sem restrição , o sal faz das suas, deixo que seque preso num coque e depois, no banho em casa, lá lhe acudo como posso, com amaciadores e hidratantes, adiando para as mágicas mãos da Andreia os cuidados profissionais.
Aprendi a não deixar que me escravize e esqueço o look.

Quando faço a mala, faço mal, sempre, faço sempre mal.
Um desastre que me garantirá andar limpinha, mas espantosamente mal vestida, mas  hiper despreocupada e bem disposta.
 Não quero saber.
Acho que o meu crescimento interior atingiu um patamar muito elevado, desligando-me do exterior, essencialmente do julgamento exterior.
Por outro lado, e o que é mais importante, também não me julgo nem avalio.
Daí que as malas trazem cada vez menos roupas e, mesmo assim, regressam com peças que não foram utilizadas.

Chama-se a isso, crescer, ou, desligar, ou estar-se nas tintas.
É uma sensação magnífica que se aprende a duras penas, mas, se persistirmos, chegamos lá.
Claro que há rituais incontornáveis, como é a proteção atenta da pele.
No rosto, sempre ecrã total, que não existindo, corresponde a um fator de proteção de, no mínimo, 50, enquanto que no corpo, o fator 30 é indispensável.

Depois, é desfrutar, caminhar muito, mergulhar continuamente, nadar até que os músculos gemam e chegar à noite num estado de exaustão quase miraculoso que permite mergulhar num sono santo e rejuvenescedor.

Chamo a isto férias!
Cada um sabe das suas, mas quanto a mim, repito, chamo a isto férias.

Beijo
Nina


P.S. Muito obrigada pelos comentários a que não tenho respondido. Não deixarei de o fazer logo que a logística o permita.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Já Darwin dizia ...



... adapta-te ou sucumbe, desaparece vencida por forças adversas.
 Assim fizeram os primeiros seres vivos que, saindo dos mares, aprenderam a respirar, criaram membros, rastejaram, afastaram-se das águas e adaptaram-se, numa sequência lenta de milhões de anos que acabou por dar origem aos seres bizarros e arrogantes que somos nós, os seres humanos.
Arrogância à parte, continuo a adaptar-me num exercício diário que torna mais aprazível o meu cotidiano.
Vens isto a propósito do banalíssimo tema que é o pequeno almoço ( café da manhã para os amigos brasileiros.

Posto que o cenário que tracei relativo ao Oásis, a pecar, será por defeito, fruto de alguma benevolência minha, temos que o pequeno almoço não destoa do conjunto.
É pobre , é descuidado, é irritante.

Logo, adaptei-me e fui às compras.
Assim sendo, desço para o pequeno almoço, de farnel em punho, assim como quem vai para um piquenique, e, sem pudor, monto o dito.

A saber:
- Chá verde que não dispenso em circunstância alguma;
- Nozes e ameixas secas;
- Fruta fresca variada.

Não me conformo com os chás pindéricos que me oferecem e até me ofende a fruta em conserva que expõem.

Não faço a menor cerimónia e acho que a minha atitude pode até ser pedagógica.
Só me fazem pena os restantes hóspedes que, interrogativos, procuram no pobre buffett os petiscos que eu exibo.

Sou mesmo má, não sou?

Beijos
Nina

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Quase fiquei noiva!

Assim, mesmo, como abro o texto.
Foi por um bocadinho que não fiquei noiva.
Conto:
Estava eu no mercado de fruta comprando umas belas uvas que sempre levo para a praia.
É, porém necessário lavá-las e, lá ao fundo, no mercado, existe uma torneira que cumpre a função na perfeição.
Quando me aproximei, verifiquei que estava ocupada.
Um senhor senegalês, de turbante na cabeça e vestimenta até aos pés, lavava o que me pareceu ser uma panela com restos de sopa.
Contrariada, esperei.
Foi então que o senhor senegalês de turbante na cabeça e vestes até ao chão me perguntou se eu vendia uvas.
- Que não, que comprava, respondi.
E falava francês? quis saber, ao que eu respondi com um desenvolto "oui monsieur"
Entusiasmado, o senhor senegalês de turbante na cabeça e vestes até ao chão, informou-me que fazia o tour pelas praias vendendo artesanato, concluindo a informação com nova pergunta, que investigava a minha origem.
- Sou do Porto ... isto tudo em francês, recordo!
- Que pena, concluiu. Eu vivo em Lisboa!
Sentindo no ar a frustração do senhor senegalês com turbante na cabeça e vestes até aos pés,
despedi-me com um legítimo " au revoir", recebendo em troca um amoroso "au revoir chérie".

Assim, tal e qual com acabo de reproduzir se esfumou a possibilidade de um futuro compromisso.

Beijos
Nina



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Oásis, ainda...



Porque fiquei decepcionda?

Porque há vasos com plantas mortas nos corredores.

Porque os pavimentos de tijolo rústico, outrora brilhantes, estão baços e repletos de manchas de humidade.

Porque, nos quartos, avisam que, para contatar a receção, se deve marcar 9, apesar dos telefones terem sido retirados.

Porque, sobre as camas, colchas velhas de tão lavadas, decoram o quarto.

Porque só mudam as toalhas duas vezes por semana.

Porque não existe Wifi.

Porque o edifício se encontra cercado por prédios desabitados ( ... bem feito! Quem mandou ser desmedidamente ambicioso?)

Porque continua a exibir, sem vergonha, a classificação de 4 estrelas.



Porque ainda gosto um pouquinho do Oásis?

Porque na receção, um funcionário exemplarmente afável nos acolhe.
Porque o mar continua aqui tão perto.

Pudesse eu reverter o tempo que seria capaz de aceitar o desafio de devolver qualidade, vida e muito charme a este pobre Oásis.

Beijos
Nina

P.S. Responderei aos comentários assim que possa e fá-lo-ei com todo o gosto.






segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Oásis ...


...é o seu nome, uma Estalagem perdida no meio das dunas que garante sossego, distância da balbúrdia, tranquilidade.
O edifício é lindo, uma construção de dois pisos , em "L", toda virada para o mar.
Foi inaugurada por uma senhora alemã (austríaca?) há mais de 20 anos.
Deambulando pela magnífica costa algarvia, descobriu o local perfeito.
Aí, como disse, construiu o reduto paradisíaco.
O ruído limitava-se ao canto dos pássaros, ao sussurro do vento e ao canto do mar, ali a dois passos.
Nem sequer concedeu a construção de uma piscina, não, era apenas um oásis que não permitia brincadeiras e falatório no seu recinto.
Estava-se bem, estava-se num oásis.

Mas, aos poucos, testemunhei que as coisas foram mudando, mudando para pior.

A alemã vendeu a estalagem e sumiu. Com o seu sumiço nasceu uma piscina no jardim onde a criançada se encarrega da barafunda.
Mas continuava a estar-se bem.
Até que agora, 2 ou 3 anos depois, regressei.

A estalagem é uma pálida e desgraçada recordação do que um dia foi.

Falta tudo em termos de qualidade e sobeja tudo em termos de descaso, descuido, desleixo.

Quem nunca aqui tiver estado, sairá com a má impressão de um local mal cuidado.
Quem aqui tiver estado, noutros tempos, noutra era, sairá com o coração partido, dorido pela insanidade que permite à mediocridade que assim grasse estupidamente.

Atenção, fala uma otimista convicta que insiste em ver sempre o copo meio cheio, mas nem eu, com os meus eternos óculos cor de rosa, me permito iludir a realidade.

Por isso, por pudor, por pena, por luto, não publico fotos.

Beijos
Nina



domingo, 2 de setembro de 2012

O Forno


A caminho do Algarve, parei em Vila Franca de Xira para almoçar.
fui ao Forno, um local muito agradável com excelente comida.

No centro da terra, uma casa antiguinha, abriga o refúgio.

Servem um arroz de tamboril com gambas excelente ...

... bem como umas sobremesas muito criativas.

O espaço é agradável e creio que, atualmente, é o melhor da terra.

Quem mo indicou foi o Sr. Pedro Miguel, um SENHOR, dono do emblemático restaurante Flora que, durante 57 anos, justificou uma paragem em Vila Franca de Xira.
Desta vez, esse era também o destino.
Estranhei vendo a porta de entrada semifechada.
Entrei assim mesmo.
O antigo proprietário, com tristeza que li nos seus olhos e intui na sua voz, comunicou-me que sucumbira aos loucos encargos fiscais e à falta de clientela, vítima, também ela da crise.
É assim como fechar uma catedral ou outro qualquer monumento... um crime lesa pátria.
Deveria existir uma lei que protegesse estas verdadeiras instituições nacionais.
Com fair play indicou-me o Forno e indicou bem, como já afirmei, mas no ar ficou o ressentimento por uma clausura imposta e dolorosa.
Sinal dos tempos.
Que pena!

Arranjei um estratagema complicado para dar sinal de vida e deixar agradecimentos, beijos, abraços e carinhos a todos os que sentem a minha ausência.
Será curta, muito curta, prometo e sempre que possa, além dos beijos, dos abraços e dos carinhos, deixarei num recadinho.

Nina