domingo, 21 de outubro de 2012

PLITVICKA JEZERA national park


Por detrás  deste quase impronunciável nome , esconde-se uma vastíssima área protegida, de uma beleza natural estonteante.

Esta foi a minha segunda visita. Na primeira, dormi no eco-hotel aí situado, durante uma noite, tendo feito um percurso num mini comboio, que me proporcionou uma panorâmica geral do parque.
Desta vez, entrei a meio da manhã, fazendo um recorrido pedestre de 3 horas, além de um passeio de "comboio" e uma travessia de barco de um dos lagos.
Fiquei com um sabor amargo na boca, um sabor a pouco.
Se me for possível nova visita, pretendo gastar dias, abandonar o relógio e deste local único fazer o meu exclusivo destino.

Serve esta introdução para justificar a escassez de palavras, no que à descrição das imagens diz respeito:


Palavras para quê?

Como descrever o mais puro estado  de beleza?

Que nos engole ...


... nos arrebata os sentidos ...

... nos faz sentir parte da criação ...

... e do criador!

Há música no ar, sons divinos ...

... detalhes avassaladores ...

... promessas de renovação cíclica eterna ...

... e a marca do criador, generoso e inspirado!

Por aqui, vagueou Adão, depois Eva ...

... pois nada mais próximo da noção do paraíso me foi dado, até hoje, observar.

Mesmo a pegada humana, mesmo essa, é cuidadosa, sensível, silenciosa, delicada.

Quero, tenho que voltar e ficar, longe do mundo, sem itinerários, sem roteiros, sem horários.

Beijos
Nina

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Feridas ...


... feridas abertas, ali, em plena luz do dia, inesperadamente, surgem, brutais.

Apesar da sua localização geográfica tão próxima, devo admitir que, quando a guerra eclodiu nos Balcãs, chegou-me aos ouvidos como algo abstrato, incompreendido, oculto por nomes estranhos como Bósnia e Herzgovina, sons sem referência, desprovidos de vida , de gente. 

Hoje, confesso-o envergonhada.

Era uma briga lá para os lados da Jugoslávia envolvendo cristãos e muçulmanos, coisa  mal compreendida que esperávamos que, tal como surgira, parasse.

Acontece que não parou.
Arrastou-se por 20 anos e, ainda hoje, existem territórios ocupados por tropas pacificadoras estrangeiras.

No norte, em Zagreb, o conflito apenas se infiltrou. As consequências, essas,  contudo, persistem. 


Deixando a capital, para sul, numa curva da estrada, o testemunho ...

...mudo, mas estonteante ...

... pela violência atroz que sugere ...

... e faz questão de perpetuar...

... para memória futura, para que as novas gerações não esqueçam.
Aqui viveu e morreu gente.
Estas, as suas casas.
Estas, as suas vidas.

A natureza, sábia mãe protetora da perpetuação da espécie, na curva seguinte, completa a lição:

Luminosa, pujante de vida, indiferente às tricas estúpidas que só o homem é capaz de criar.

Exibe pedaços de céu ...


... pedaços de vida...

... lições a tomar ...

... para que nunca se esqueça o importante ...
... que é estar vivo. Aqui e agora.

Beijos
Nina

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Home!!!!


Como dizia o ET!
Morta de vontade de regressar a casa. 
Desconfio que cada vez me apetece menos ir, partir, deixar o meu ninho.
Mesmo assim vou aderindo, digo que sim e faço malas e um pouco de frete, diga-se, que ninguém me ouve.
Estas, as malas, cada vez mais básicas, mais frugais, limitando o empacotamenteo ao mínimo dos mínimos.

Começo pelos sapatos. Só um par suplente e seja o que Deus quiser.
Saio de ténis, como vejo a maioria dos pés que comigo se cruzam  e como a imagem comprova, no belo, belíssimo, aeroporto Sá Carneiro, o meu aeroporto.


Aconselho jeans, ténis e chapéu.
Dão com tudo, compõem o look pelintra e escondem a desgraça em que infalivelmente o cabelo terminará.


Milão, aeroporto de Malpensa, foi o início do tour.
Estava tudo tão lindo, tão outonal, dourado e laranja com um pouco de verde à mistura.
No céu azul, uns farrapinhos brancos.
Temperatura amena com noites gélidas.
 Deixamos a Itália pele fronteira de Trieste para dormir em POSTOJNSKA, na Eslovénia.
Aí as grutas.
Se não fosse por outro motivo, este justificaria a viagem.
São deslumbrantes, maravilhosas, uma verdadeira renda em pedra. Estalagmites e estalactites encontram-se formando pilares de uma brancura lunar, desenvolvidas ao longo de milhares de anos.
Merece a visita, sim.
Em absoluto.
Fotografias, não tenho. Eram proibidas para preservar o ambiente.
Há que acreditar na minha palavra.
Se apenas me fosse dada uma opção de visita, escolheria este lugar mágico.


A segunda noite foi passada em Zagrebe, capital da Croácia, que visitara há alguns anos atrás.
Mas como mudou, quanto evoluiu!
As pessoas estão diferentes, mais alegres e comunicadoras falando um fluente inglês.

Eu que não vou cá em ditaduras, venham elas de onde vierem, prefiro este povo rejuvenescido.
As mulheres têm um ar desenvolto e moderno. Ocupam os locais de lazer a par com os homens, sinal de independência e que podem pagar o que gastam.
Gostei.
E são giras que se fartam. Com um bom gosto irrepreensível. E tão simpáticas e comunicativas! Fartei-me de conversar e rir com elas.

Janelas e varandas têm este aspeto!
Só podem ser ocupadas por gente de bem com a vida!

Tirando umas coisinhas que comprei para oferecer, comigo não fiz a menor despesa. Gostei, no entanto de admirar estes miminhos. Umas caixinhas fofíssimas revestidas a crochê que transformam qualquer casa de banho num "luxo"!

Lavanda aos molhos, aos montes, em ramos e saquinhos. E chinelos e gorros e cachecóis e caixinhas!!!!

Mais tentações.
São pistas para o modo de vida destas pessoas.

As igrejas, ao fim de algum tempo, acabam, inevitavelmente, por se repetir. Nelas se entra de pescoço torcido e se sai com a sensação de djeá vu. Há, contudo, excepções, como este anjo que quase voa.

O marketing em todo o seu esplendor.
Uma jovem em trajes típicos vendia souvenirs.
Atenção ao laçarote nas meias ao nível do joelho.
Recuso-me a aderir, garanto, e quanto às tranças nem pensar!
Mas cada um sabe de si!

A bandeira!
O xadrês vermelho e branco constitui o verdadeiro símbolo nacional.



Isto é o que eu chamo uma agradável sala de chá.
Confortável, cuidada, de um total bom gosto.
Comem-se bolinhos e bebe-se chá ou sumos.
Gostei!

Na parte velha e alta esta igreja que para dizer a verdade, esqueci o nome, embora fechada, apresentava este magnífico telhado.
 À volta, tudo muito cuidado, imaculadamente limpo e oferecendo um espaço onde se deambulava na maior segurança.
Zagrebe é uma cidade pequena e o que a torna diferente vê-se em poucas horas.
Nas sobrantes desse dia, visitamos os arredores o que é importante para auscultar a verdadeira pulsação do país.
Numa terreola com um nome irrepetível de tão estranho, mas onde os locais se deslocam nas horas de lazer, encontrei uma multidão que saboreava  isto,

... pasteis de "Mil folhas"!
Muito bons, para ser justa, e os quatro portugueses trataram de dividir irmamente um.

Acabo de deixar um cheirinho dos dois primeiros dias.
Agora vou cumprir, com o maior gosto, a minha obrigação:
Responder aos meus amigos queridos que não me esqueceram durante esta prolongada ausência.
Vou.
A todos ao mesmo tempo, é tarefa impossível.
Mas, paulatinamente, visita-los-ei a todos. Porque gosto muito destes meus amores.
Gosto de verdade.
Juro.

Beijos
Nina

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

CROACIA




Onde me encontro agora, usando um teclado estranho, sem acentos ortograficos e repleto de sinais inuteis e ainda mais estranhos para o potugues.

So na proxima semana retomarei o contacto diario que tanta, mas tanta falta me faz.

Tenho milhares de fotos para compartilhar, outros tantos comentarios a que responder, beijos e abracos para retribuir.

Aos meus amigos, amigos que ja sao parte da minha vida, peco paciencia e benevolencia  ... sem acentos, sem cedilhas, neste portugues truncado, que e o unico de que, de momento, disponho.

Aos novos seguidores um abraco especial e apromessa de retribuir o carinho que me ofereceram.

De Split, junto ao Adriatico, a todos  a  minha gratidao e  amizade!.

Por favor, nao me esquecam.

Beijos
Nina

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Patinhos, passarinhos, coisinhas


Gosto muito deste canto da minha sala.
numa cómoda antiga, repousa esta passarada.



Patinhos... vindos de Andorra

Aves que, de Marrocos, voaram até aqui!

Uma imensa caixa de latão com tampa a imitar tartaruga, também marroquina

Tudo sobre um dos primeiros trabalhos que costurei, um caminho estampado nas predominantes deste espaço
 Gosto.
De detalhes, de jogo de cores, de transgredir regras ( refiro-me ao caminho!), de jogar com formas e de compor conjuntos.
Qualquer dia mudo tudo.
Mudo, mudo, que eu conheço-me.

Beijo
Nina

domingo, 7 de outubro de 2012

Casinhas

... em ponto de cruz!
Apresentadas na Burda, quando a Burda ainda era melhor do que é hoje, com uma fantástica secção de propostas de artesanato.
Recortei as folhas quando  me libertei da revista ( fiz mal, eu sei. Fiz muito mal e estou arrependida. As Burdas não se destroem. Guardam-se, conservam-se respeitosamente. Aprendi!)

Pois, esta proposta era magnífica, mas, infelizmente, muita areia para a minha camioneta.
Acontece que, secretamente, tenho a veleidade de acreditar que, um dia, aprendo e dominarei a técnica.


E pronto. Foi assim que tudo começou. 


A casinha de telhado azul vai de vento em popa.

Requer alguma atenção e muita coragem, para desfazer tudo se um erro ocorrer.
Estou a adorar esta nova terapia ocupacional, enquanto, aos meus ouvidos chega:

"Gabrieeeela, sempre Gabrieeeela ..."

Beijo
Nina

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Era a peste da insónia ...



Assim é anunciada uma epidemia letal, no coração da intriga de "CEM ANOS DE SOLIDÃO".
Uma epidemia que dizimava povos e que Garcia Marques descreve :

"Com efeito, tinham contraído a doença da insónia. Úrsula, que aprendera com a mãe o valor medicinal das plantas, preparou e obrigou todos a tomarem uma beberagem de acónito, mas além de não conseguirem dormir, estiveram todo o dia a sonhar acordados. Nesse estado de lucidez alucinada não só viam as imagens dos seus próprios sonhos como viam as imagens com que sonhavam uns e outros.Era como se a casa se tivesse enchido de visitas. (...)
De início ninguém se alarmou. Pelo contrário, ficaram contentes por não dormirem porque havia muito que fazer em Macondo e o tempo mal chegava. Trabalharam tanto que depressa deixaram de ter que fazer (...)







O  efeito perverso da insónia era que, com decorrer das noites em branco se apagava a memória, pelo que  se iniciou a construção de uma máquina da memória, fosse lá isso o que fosse.

É assim que a ação se desenrola, num jogo de realidade e magia.
A partir de um acontecimento verosímil, Garcia Marques constrói uma castelo de fantasia, que nos enreda e devora.
Nesta passagem vi-me ao espelho.
A insónia não é particularmente penosa se as suas horas forem produtivas. O day after, porém, decorre assim, num jogo de espelhos que baralham a realidade.
E que a memória é afetada, é um facto.

Como vai a minha insónia?
Tem dias, melhor dizendo, noites ...
Mas a luta continua ...

Beijo
Nina