sábado, 7 de julho de 2012

A Tasquinha do Ibraim!



Em Vila Praia de Âncora, numa perpendicular ao mar, quase em frente à lota, fica a Tasquinha do Ibraim.
Com tal localização só poderia oferecer peixe e marisco muito, muito fresco!
E é o que oferece.
Para além disso, a conversa está garantida.
É que o Ibraim é, nem mais nem menos do que ex-jogador de futebol do Benfica, astro, ao que parece, na década de 70.
A refeição decorre, por isso,  animada.
O Ibraim é um homem informado, arguto e despachado.
Logo, desde a dica preciosa do nome secreto da sua fornecedora de peixe, que, obviamente, não vou revelar, aos circuitos turísticos a explorar nas redondezas, repito, o Ibraim domina.
Recomendo o restaurante, despretencioso, mas genuíno, de qualidade acima de qualquer suspeita.

Mostro o outfit, eleito para driblar este tempo louco, com chuva pela manhã e sol e calor à tarde:


Vestido de malha sem mangas e jaqueta de jeans.
nada de especial, mas, ainda assim, confortável.

Não resisto às pulseiras que chocalham a cada movimento.

O jantar exigirá outros preparos de que, mais tarde, darei conta.

Beijo
Nina

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Polvo



Com este título refiro-me aos moluscos marinhos, com oito braços, munidos de fortes ventosas, que ocupam um lugar de destaque na gastronomia tradicional portuguesa.
Faço este esclarecimento, para evitar confusões.
 É que não me refiro ao polvo oráculo, que durante as competições de futebol, previa, ao que dizem, infalivelmente, resultados.
Tão pouco me refiro  à série "la Piovra", cuja violência estarreceu mesmo os menos impressionáveis e cuja sinopse segue, para avivar as memórias:





"La Piovra" (1984 - 402m)
SINOPSECRIME
CORRUPÇÃO
E VINGANÇA
A Primeira Série Completa
3 Discos, 6 episódios
O inspector da Polícia Corrado Cattani é transferido para a Sicília com a mulher e a filha de doze anos, Paola. Quando começa a investigar a Máfia e descobre uma rede de tráfico de narcóticos cujas transacções se escondem sob a capa de negócios legais com o apoio de um banco importante, em breve se torna alvo de ameaças. Quando a sua filha é raptada, Corrado vê-se forçado a retirar as queixas contra o suspeito principal, apesar do descontentamento dos seus colegas. Devolvem-lhe a filha, mas o estado de choque em que se encontra após ter sido violada, leva-o a exercer uma vingança implacável sobre os mafiosos.



Pois bem, esclarecidas as dúvidas, voltemos ao polvo.

Não que seja particularmente apreciadora da iguaria, mas, de vez em quando, para variar, lá me aventuro na preparação do dito, a medo, com muito medo.
É que a criatura é traiçoeira, mesmo depois de morta, mesmo depois de cozinhada por largas horas ou escassos minutos.
É um bicho imprevisível que tanto pode resultar deliciosamente tenro e suculento como, pelo contrário, virar uma sola elástica, uma borracha intragável, um monte de músculos férreos que nada nem ninguém disseca.


É muito chato!
Já segui todas as dicas para contornar o risco:
- Cozê-lo com uma cebola. Quando a cebola se apresentar cozida, assim estará o bicho !
- Cozê-lo em pouca ou nenhuma água, só com um fio de azeite!
- Cozê-lo depois de lhe aplicar uma brutal sova, desfazendo-lhe a rigidez muscular, com o martelo de madeira, sobre uma tábua!
- Cozê-lo congelado!
- Descongelá-lo e congelá-lo sucessivas vezes antes de o cozinhar!


Nada resulta sempre, pelo que concluo que estas técnicas só funcionam quando a natureza do animal o permite.
Este bicho prova a força das características inatas contrapondo-se ao poder do contexto.
Repito, é um grande chato.
Tempos houve em que cortámos relações, farta eu de ser escarnecida e , o que é mais grave, sem almoço para alimentar a família.


Entretanto, descobri numa loja de congelados uma variedade pomposamente e , convenhamos, também repugnantemente designada por polvo-vitela! 
Assim mesmo!
O certo é que a aposta é segura.
O bicharoco coze até que, através de um garfo, se comprove que está no ponto.
Depois é só aplicar qualquer uma das dezenas de receitas que o utilizam como matéria-prima.


Ao almoço, foi vedeta.
Estufado com legumes e temperado com um enorme ramo de hortelã!


Muito, muito bom!


Beijos
Nina





quinta-feira, 5 de julho de 2012

Cores, odores, sabores ...


... falemos de melancia.
Não é por acaso que exerce um fascínio magnético sobre as crianças, quando, numa fúria controlada se rasga a casca verde escura, luzidia, e um coração vermelho, suculento, quase pulsátil se exibe ...


... assim!

Depois é cortá-la em fatias, espessas, carnudas, exigindo técnica apurada para que a dentada se consuma.

Qual escolher?
Uma fatia, talvez um pouco mais!
Frescas e hipocalóricas são o remate perfeito para uma refeição de Verão ...

...ou para um lanche ...

... sob a forma de um sumo ...

... em que a polpa generosa se converte.
Saciante, deliciosa  e, fazendo jus à designação inglesa - watermellon - quase desprovida de calorias.

É o tempo dela, dela e dos melões e das meloas!
Agora estão no apogeu dos seus sabores e odores.
Há que comê-los sem remorso, sem batota de conservantes e longos estágios gelados.
Os mais sofisticados podem acrescentar ao batido uma bola de gelado, o que evidentemente, retira ao preparado a etiqueta de hipocalórico, ou, num arrebatamento de criatividade, podem retirar a polpa da casca, cortando o fruto cortado em duas metades.
Depois, usando a casca como recipiente, é enchê-la com bolinhas de melancia, melão e meloa.
É colorido! Quase chique!
Quanto a mim, que insisto no requinte da simplicidade, como-a ou bebo-a assim mesmo, ao natural!
E agora, com licença, que estou com sede e o sumo não deve esperar.

Beijo
Nina





quarta-feira, 4 de julho de 2012

Recuperada...


... e já no conforto e segurança do seu lar, a minha maquininha!



Como nova ...
... garantiu-me o técnico, uma criatura de bata escura e meia dúzia de fios de cabelo que, diligentes, lhe atravessavam o crânio de orelha a orelha.
-Foi a correia que rebentou! - esclareceu-me. Nada é eterno e com certeza que lhe dá muito trabalho, sentenciou.
Não o desdisse e paguei 10 €.
Assim, pacificamente.
Da última vez que nos vimos, a coisa correu mesmo mal.
Levei-lhe a máquina e mais uns calções por ela meio engolidos. Ia serena, mas desconsolada... não era coisa que se fizesse a uma tão empenhada, ainda que ignorante , costureira.
-A culpa é da máquina, chinesa, barata e imprestável, declarei.
O sujeito não gostou e saiu em defesa da Coroa, assim se chama a dita e, com todas as letras, chamou-me incapaz e ignorante.
Não gostei!
É certo que merecia a adjetivação, mas o aparelho era demasiado frágil, demasiado chinês ... não ajudava.
Exigi devolução, sugeri troca.
Que não! nem pensar, o defeito é da costureira que avaria o mecanismo, repetia, surdo à minha ira.
Quase cortamos relações, mas, no final, fiz-me desentendida enquanto que o comerciante ofendido me propunha a troca por um modelo mais sofisticado.
Com jeito, recusei.
É que se mudar será um Ferrari das máquinas de costura que ocupará a minha mesa.
Nem menos! Quero uma que corte, coza, borde e, se possível, fale e me dê instruções!
Com a bichinha em casa, fui às compras.
Preciso de matéria prima, preciso de desafios, preciso de projetos:

Este retalho de malha custou 1.5€

A menina que me atendeu sugeriu um pijama e deu-me as instruções, entendida como só ela que até já frequentou, durante 6 meses, um curso de costura.
As instruções foram claras e a tarefa acessível.
Vou fazer um pijama!
Se correr mal, este tecido é ótimo para lavar vidros ... reciclar é comigo, como sabem!

De cabeça perdida,não resisti à tentação e cometi uma extravagância.
Não resisti a este tecido foulard com o qual sonhei costurar uma blusa.


Como não me deixar vencer por esta beleza?

O modelo, muito, muito simples aparece na última Burda.
Vou-me a ela e seja o que Deus quiser.
Se correr mal, tenho sempre uns modelitos diferentes, daqueles que vou pescando pelas feiras do mundo, como este top falsamente chique que misturo, bem humorada, com os mais banais jeans.



Veio de Itália ... where else?
Salva a mais banal e insípida fatiota

Beijos
Nina

terça-feira, 3 de julho de 2012

Verde!


Gosto de verde dentro de casa, mas não em toda a casa. Não aprecio vasos e vasinhos semeados em cada canto, com as folhas empoeiradas e trazendo hóspedes indesejados para o interior.
 Abro uma excepção para as aromáticas que, na janela da cozinha, à mão de semear, se oferecem cheirosas.
As orquídeas, essas rainhas, quando florescem, têm honras de grandes damas e ocupam os lugares de maior destaque.
Repito, são as excepções.
Todas as outras e são muitas, habitam o meu mundo verde, aquele espaço onde paredes, tecto e móveis se vestiram dessa cor.
Aí, com uma temperatura muito propícia e luz abundante, cresce a minha floresta.


A particularidade deste bosque é que, na sua esmagadora maioria, foi obtido por propagação.
Ou a raiz foi dividida dando origem a vários exemplares, como é este caso ...

... ou, a partir de um caule a que cortei um segmento, criei outro ...

...ou  de um caulezinho minúsculo multipliquei e agigantei o exemplar.
Esta begónia linda, veio de França, do jardim de um hotel onde pernoitei.
Não resisti ao seu encanto e cortei uma pontinha que envolvi em algodão molhado, introduzido num saco de plástico. Assim viajou até aqui e ainda não parou de se multiplicar.
Às amigas com dedo verde sempre convido para que levem um galhinho.
Por isso se encontra espalhada por várias residências.

Esta begónia reproduz-se do mesmo modo. Dá um acabamento lindo aos vasos, uma vez que tapa a parte feia, a terra.

Esta veio de Viana. Estava sossegadinha à porta de um restaurante onde almocei. À saída, veio comigo na forma de duas ou três folhas.
Hoje está assim.
No mesmo vaso rebentou outra begónia que tinha dado como morta.
Acho que se sentem bem quando acompanhadas e retribuem assim a delicadeza.

Um detalhe da folha sarapintada, num jogo de muito bom gosto, de verde e prateado.

E a moribunda que resolveu renascer encontra-se pujante, cheia de vida.
Também se reproduz a partir de uma folha.

Estas são filhas de uns tronquinhos sem graça que vieram do Brasil.
Todos os anos sou obrigada a cortar-lhes os topos que batem no tecto e produzem um cacho de flores brancas, tão inebriantes, que quase nos sufocam.

Esta suculenta era uma coisita pálida e doente. Mudei-lhe o vaso e fez-se gente! Está cheia de filhotes prontos a tornar-se independentes.

Outro exemplo de sucesso.
Era uma ervita meio murcha que, por 1 €, trouxe do Lidl. Acho que o preço foi a alternativa ao lixo, seu destino fatal.
Pois assim como chegou, assim espevitou.
Está pronta para outros voos.
No outono será reenvasada pois promete grande porte.

Tudo isto para dizer que não sou fã dos hortos.
Gosto de, a partir de quase nada, ver resultados.
Horroriza-me observar que , no lixo, se despejam plantas, porque sim, porque já não dão flor, porque estão feias.
Se dependessem de mim, os hortos estariam em maus lençóis... Acho que lá, só compraria as irresistíveis orquídeas.
Mesmo falando em flores, prefiro semeá-las do que comprá-las envasadas, com a vantagem acrescida de que, deste modo, o seu preço é incomparavelmente mais baixo.
Gosto de trocar estacas, de oferecer mudas, de (confesso...) me apropriar indevidamente de umas folhinhas.

Como tudo o que nos conduziu à situação económica desastrosa em que nos encontramos, também  a moda tonta de não plantar para colher ( nem que seja só beleza, como é o caso), havia de ser revogada por lei ... ou então deveriam as pessoas pensar no absurdo da situação.

Beijos
Nina

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Fruta, compotas, poluição ...


A partir de Maio, começam a surgir todos os frutos deliciosos, perfumados e coloridos que alegram o final da Primavera e o início do Verão.
É então, porque na época própria, que são mais baratos e mais suculentos.
É então que os morangos sabem a  morango, os alperces a alperces, as ameixas a ameixas.
É então que, dada a avalanche de oferta apetece preparar compotas, aquela mistura fluída que, ao longo do ano, mesmo no pico do mais inclemente Inverno, adoça o nosso paladar com sabores e estivais e por associação de ideias, incrementa o bom-humor e alegra o cinza dos dias.
Adoro compotas e adoro confecioná-las. Não tem nada que saber ... para 1 Kg de polpa de fruta, um pouco menos de açúcar, deixando que a mistura ferva de mansinho até ao miraculoso ponto de estrada.


Gosto da mistura de coloridos, do samba dos odores ...
 Por isso, numa bancada da cozinha, sempre um variado conjunto se oferece.
No frio, guardo reabastecimento para evitar que o calor lhes deturpe a frescura, mas não gosto de trincar fruta gelada. Não! Tem que estar à temperatura ambiente e no ponto certo de maturação.

Há muito que recuso comer morangos e cerejas no natal e uvas no carnaval.
Não quero exemplares que voam vindos de outro hemisfério, se conservam não sei como e custam exorbitâncias irracionais.
 Adoro uvas, mas recuso as chilenas.
Espero pelas nossas que em breve aparecerão, com cor sabor e odor de uvas.
Os alperces, verdadeiros frutos de ouro, já por aí andam.
São maravilhosos para preparar compotas, porém, hoje, num ímpeto de organizar e arrumar, descobri que, do ano passado tenho muitas, muitas compotas à espera ... de alperce, morango, cereja, tomate, melão e marmelo.

Este frasco foi inaugurado hoje. Com queijo ou fiambre sobre uma torrada é manjar único.

De  chila, os frascos acumulam-se.
Uso esta compota para preparar outras sobremesa, mas, dada a contenção calórica que me esforço por exercer, continuam intactas.
Concluindo:
Manda o bom senso que não me entusiasme preparando mais doces enquanto perdurarem os do ano passado que ainda não foram consumidos e que, mais importante ainda, não caia na tentação de comprar qualquer exemplar que, para chegar às nossas mãos tenha sofrido os horrores do frio e das estufas, poluindo com o seu transporte o nosso tão mal tratado ambiente.

Beijos
Nina

domingo, 1 de julho de 2012

Fim de semana com sol ...



... especialmente nos meses de Julho e Agosto, equivalem a filas de trânsito imensas, em direção à praia.
Avisada, aposto num plano B.
Em vez de mar como pano de fundo, opto pelo rio, calcorreando as margens magníficas do meu Douro.
É verdade que já, por diversas vezes, mostrei fotos destas paragens, mas como o evitar, se de cada vez me maravilho, de cada vez descubro detalhes únicos, de cada vez me sinto num mundo à parte?


Hoje o rio encontrava-se polvilhado de barcos, dezenas de barcos, reproduzindo os antigos Rabelos que transportavam o vinho desde a Régua até aqui, ao Porto, para ser armazenado nas caves da margem esquerda, as caves de Vila Nova de Gaia.
Ao fundo, em primeiro plano, a ponte D.Luís I, da autoria de Gustave Eiffel.
Atrás, a moderna Ponte do Infante.

Os turistas embarcam no cruzeiro das pontes, a bordo destas embarcações.
Ao fundo, o Porto num quadro em que o antigo e o moderno se abraçam.

Um (muito feio) catmaran compete com os rabelos.
A construção granítica é a velha alfândega, hoje centro de exposições e eventos.

Pacientes e otimistas, os pescadores gastam aqui a manhã de domingo.



E o frenesim não para!
É vê-los a toda a bolina, Douro abaixo, Douro acima.

Com este irresistível pano de fundo mal me apercebi dos 6 Kms percorridos.

Depois, um expresso, água e muitos jornais.
No Fugas de sábado, um artigo prendeu-me.
Este:


Morangos caseiros, diretamente do seu vaso ou do seu jardim!

Mesmo, mesmo o tipo de desafio a que não resisto.
Foi escrito por uma engenheira agrónoma, Maria da Graça Palha, e desmistifica as impossibilidades da tarefa.
Pena que tenha sido publicado totalmente fora de tempo, ensinando a cultivar os frutos no momento em que, na realidade são colhidos.
Recortei o artigo que vai direitinho para a minha pasta de preciosidades a fazer, OBRIGATORIAMENTE.
Da leitura, conclui que a tarefa é puro gozo e garantidamente bem sucedida. Agora, é só esperar pelo próximo Outono para comer morangos caseiros em Maio.

Já em casa, com a panne da máquina de costura, completei leituras em suspenso e ... vi um episódio gravado da novela brasileira Insensato Coração, que é transmitida em horário impróprio, prolongando-se pela noite dentro.
Vi, por acaso, um episódio, transmitido diretamente, e achei divertido, excelente para ocupar os ouvidos enquanto as mãos dançam noutros afazeres. Para ser inteiramente correta, devo retificar ... ocupa os ouvidos com diálogos muito bem construídos ou hilariantes de tão insanos, mas também solicita o olhar para a decoração fabulosa do interior de algumas casa, bem como para as roupas espetaculares escolhidas para certas personagens. Fica, portanto, a revelação: Sigo uma novela.
Enquanto o faço e relaxo e desligo e descomprimo, avanço numa teia de Penélope com sobras de algodão, em algo que suspeito vir a ser uma bolsa colorida:
Esta:
  

Beijos
Nina