Faz parte das minhas memórias mais gratas, as idas a Espanha, a Tui ou a Vigo!
Era dia planeado com antecedência e verdadeiro acontecimento - tratava-se, afinal, de uma viagem ao estrangeiro.
Implicava uma série de formalidades, já que, embora vizinhos éramos países soberanos distintos, o que, imediatamente, implicava passagem pela fronteira, mala do carro aberta (não fosse haver lugar à cobrança de impostos ...), fila de espera na fronteira e, por fim, à nossa frente, estendia-se a ponte que nos conduzia a Tui, primeira paragem obrigatória.
Na altura não me seduzia o casco antiguo - o que eu queria mesmo era fazer compras!
Logo a seguir, sem mais delongas, rumávamos a Vigo, ao El Corte Inglês e à Calle del Principe, onde nos esparramávamos em todo o tipo de compras - afinal estávamos no estrangeiro!
Só regressávamos à noite - isto quando não pernoitávamos por lá.
Mas voltemos à Ponte:
Essa ponte, única na altura, implicava toda uma magia, simbolizando um dia muito especial e, curiosamente, nunca a atravessei a pé.
Fi-lo num dos últimos fins de semana.
O destino, saindo do Porto, era Valença, a cidade fortificada na fronteira portuguesa onde, de vez em quando regresso para almoçar na magnífica Pousada com vistas sobre o rio Minho e Tui, na outra margem.
Diga-se de passagem - embora não seja este o tema deste texto - que Valença é digna de prolongada visita, por todos os motivos - até pelas compras, dado que aí se podem adquirir magníficos atoalhados, a muito bom preço.
Nesta visita agendara a travessia da ponte, a pé, uma absoluta novidade para mim.
Sobre a esta estrutura,
Aqui encontrei a informação:
Valença - Ponte Eiffel
Foi em 1879 que os governos dos dois países acordaram na construção de uma ponte sobre o Rio Minho ferroviária e rodoviária fazendo a ligação entre Valença e Tuy.
Numa época das construções metálicas, para a construção da ponte três soluções se apresentaram:
Uma que cruzava o rio defronte do velho convento beneditino de Ganfei do lado de Portugal e um pouco a jusante da confluência do rio Louro com o Minho do lado de Espanha.
Outra no local denominado da «Pesqueira da Raposeira», que exigia um túnel sob a fortaleza de cerca de 285 metros.
Uma terceira solução, que foi, aliás a que prevaleceu, que desembocava do lado português no sopé do «Baluarte do Socorro» da respectiva fortaleza.
Do projecto foi encarregado o engenheiro espanhol, D. Pelayo Mancebo y Agreda que se inspirou no sistema metálico do francês Gustave Eiffel, construtor da famosa torre em Paris no Campo de Marte que tem o seu nome.
Entretanto, é iniciado do lado português o prolongamento da linha férrea de Seguedães até à estação de Valença que veio a ser inaugurado em 6 de Agosto de 1882, enquanto do lado espanhol o ramal do caminho de ferro entre Guilharey e Tuy ficou concluído em 1 de Janeiro de 1884.
No grande investimento da ponte estiveram interessadas as seguintes firmas Carlos Gustanudy; Société de Villebrok; Odriozola; Luiz Bovier y Brulla; Braine le Comte; Société Eclosin e Gustave Eiffel. Para um preço de base de 236 718 000 réis, a obra foi adjudicada à firma «Braine le Comte» por 275 766 000 réis.
As despesas foram repartidas pelos dois países da seguinte forma : Portugal pagou 101 597 000 réis e a Espanha 104 168 010 réis. As obras começaram em 15 de Novembro de 1881 sendo benzido o lançamento da primeira pedra nesse mesmo dia pelo Bispo de Tiiy, D. Juan Maria Valero Nacarimo. As obras de construção terminaram em 10 de Outubro de 1884.
A pedra aplicada na ponte veio de Lanhelas e de Guilharey em Espanha e foram empregues 1 540 365 kg, de ferro. Composta por dois tabuleiros, o superior para transportes ferroviários e o inferior para rodoviários e peões, a ponte é constituída por 5 tramos de ferro - 3 centrais de 69 m e dois laterais de 61,5 metros. O comprimento total, incluindo os viadutos sobre as margens é de 400 metros.
O dia da inauguração (25 de Março de 1886) foi de contínua e intensa chuva e o notável acontecimento presenciado por vinte mil pessoas indiferentres à chuva. Animaram a festa as bandas de música «Caçadores 7» portuguesa e a de Múrcia espanhola com trechos à mistura de foguetes.
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Daqui, de Portugal, a vista da ponte |
Aqui chegados, foi aparcar o carro e iniciar a travessia.
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No piso principal circulam veículos e peões.
Num tabuleiro superior, os comboios. |
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Da ponte avista-se Tui ... |
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... bem como o verdejante rio Minho - A vista é linda! |
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Minutos depois, estamos em Espanha- sem fronteira, nem passaporte, nem qualquer formalidade.
Portugueses e espanhóis convivem como se um único povo fosse e isso é muito bom. |
O dia estava frio e triste, nada favorável a fotografias. Ainda assim quis registar uma nova experiência no meu curriculum.
Cruzei-me com muitos espanhóis que vinham visitar-nos a pé e com muitos portugueses que, seguramente iam almoçar a Tui, provando e comprovando as vantagens de pertencer ao Espaço
Schengen.
Bom domingo!
Beijo
Nina