segunda-feira, 28 de março de 2011

Bordados

Era uma vez uma menina que sabia bordar.
Aprendeu com as freiras do colégio que, em criança, frequentou e, mais tarde, já noiva, numa instituição que se destinava a preparar as meninas casadoiras, para as prendas domésticas -- A obra das mães -- onde também recebi noções elementares sobre a gestão de uma casa e aprendi os rudimentos da culinária.

Gostava de bordar, tal como gosto de todos os trabalhos de mãos. E bordava, bordava assim:




Bordava e fazia crochet:


Cedo, porém, conclui, que tal como " a função faz o orgão", a perfeição no bordado só se atinge com a repetição e treino diário, que, há anos não realizo.
Continuo, no entanto, a adorar uma cama imaculadamente branca, coberta por lençóis bordados e rendados.
Tenho imensos, de um vastíssimo enxoval que a minha mãe fez questão em providenciar e que ainda perdura.
Às vezes, apetece-me peças mais modernas e frequentemente, não resisto e compro-as.
 Mas têm que ser muito especiais, têm que me encher as medidas e, a seu tempo, tenciono mostrá-las.
Considerando-me uma pessoa do meu tempo, reconheço, contudo, em mim, traços nostálgicos do passado, quando havia tempo para os detalhes e  para os pormenores requintados.
Serão resquícios do charme discreto da burguesia?

Beijos,
Nina

domingo, 27 de março de 2011

Momentos.




Estão à espera, ao alcance da mão, de um telefonema, de uma súbita decisão, para se tornarem únicos inesquecíveis.
Alguns fáceis, acessíveis, grátis.
Outros, nem tanto, mas não proibitivos.
Jantar no Portucale é um deles.
Já sei o que me espera, mas a emoção nunca é menor, começa em casa com a escolha da indumentária:
Há que ir bem, muito bem, ainda que fossemos apenas dois a jantar, o que jamais aconteceu.
Arranjo-me com tempo, tento que o resultado esteja à altura das duas ou três horas plenas de rituais que solicitam todos os sentidos.

Exteriormente o edifício é horrendo. Uma torre de vinte e tantos andares, semi-revestida de azulejos, numa rua que desdiz o nome -- Rua da Alegria --  feia, de passeios estreitos, muito movimento de carros e edifícios anónimos, despersonalizados.

Mais se aguça o apetite.
É como, imitando Alice, passar para o outro lado do espelho, ou, através dum túnel hediondo, alcançar o espaço mágico de todas as maravilhas.

O Portucale situa-se no 23º andar.
Existe há décadas e, após a morte do seu responsável principal, o Sr. Azevedo, quase naufragou.
Mas salvou-se, ressuscitou, recuperou a majestade.
A vista é aérea sobre toda a cidade do Porto e para além dela, para Gaia, cujo horizonte, de tão distante, não é identificável.
A visão é, assim, apaparicada, logo que se entra e ainda "a procissão vai no adro..."
No ar, paira uma música de fundo, audível no ponto certo. Está lá mas não interfere.
A decoração é correta, mas não excessiva, nas suas tolhas de linho, nas flores frescas, na louça imaculada, nas tapeçarias que revestem uma parede.
Os comensais são, maioritariamente estrangeiros, canalizados pelos guias e almanaques turísticos.
O serviço é perfeito, com uma bateria de empregados que se move como se dançassem e para quem "o cliente tem sempre razão".
A comida, tipicamente portuguesa, abundante, aposta na excelência das matérias-primas.
As sobremesas, ai!, as sobremesas, de raíz conventual dilaceram no momento de optar -- apetece todas.
Ontem, noite de chuva torrencial, fotografar o exterior era impossível...
Que pena, tenho que lá voltar!
Tenho que reviver todas as emoções, toda a gama de prazeres que tornam único este momento.

Beijos Nina

sábado, 26 de março de 2011

Oh! tempinho miserável!

Chove sem parar e estão 12 graus aqui no Porto.
Sem comentários!
Confinada à casa, resolvi aproveitar para pôr em dia a botânica.
Felizmente, as novidades são muitas, lindas e prometedoras.
Assim, uma das cerejeiras  de que  cuido, maternalmente, há quatro anos resolveu florir:



A outra, que não apresento, ou está atrasada, ou, pura e simplesmente, continua na letargia que, ano após ano, a mantem numa adolescência de folhas que não evolui.
Mas a das florzinhas encheu a minha alma de júbilo e o meu coração esperança.
Será que vou ter cerejas?
Seria a coroa de glória para a minha dedicação.
Estou preparada para tudo. Se não frutificar, quem sou eu para reclamar?
Vejamos o Japão ( esquecendo por momentos a tragédia em que está mergulhado ).
Lá, já começou a Sakura, o momento em que se inicia a floração das cerejeiras, um espétaculo deslumbrante e efémero que arrebata quem o contempla.
É  momento das festas ao ar livre, dos encontros nos parques, da celebração da vida.
E, no entanto, essas cerejeiras apenas florescem, não produzindo nunca frutos.
No meu "pomar", multiplicam-se as promessas:

Promessas de um pessegueiro
Figueira desabrochando
Num cantinho, as margaridas refrescam-se com gotas de chuva ...
Pereira em flor

Continua a chover, mas a neura já lá vai!
É o efeito apaziguador das plantas.

Beijos,
Nina

sexta-feira, 25 de março de 2011

Quando eu morrer ...

Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela...


Reza assim a composição "Fita Amarela" de Noel Rosa.

Ocorreu-me este refrão quando, hoje, ao abrir as notícias no meu PC me confrontei com um texto relativo ao desaparecimento de Elizabeth Taylor, que morreu de insuficiência cardíaca, 4ª feira, 23/03/2011, aos 79 anos.
Morreu, mas, embora a causa tenha sido uma síncope, não estando a senhora propriamente a padecer de uma qualquer doença prolongada que ameaçasse um desfecho incontornável, tomara, antecipadamente,  providências a ser aplicadas, quando a fatalidade ocorresse.

QUERIA CHEGAR ATRASADA AO PRÓPRIO FUNERAL!

Assim, a tempo e horas, determinou que, como qualquer diva que se preza, teria uma " grande entrance".
 Para que tal ocorresse, e cumprindo as orientações previamente determinadas, o corpo fez-se esperar e o funeral  iniciou-se com um quarto de hora de atraso, no Forest Lawn Memorial Park, em Glendale, Califórnia.

Durante a cerimónia, Colin Farrell (ator participante em Miami Vice), procedeu à leitura de um poema, enquanto que Rhys Taylor, neto da falecida, tocou Amazing Grace, um conhecido hino cristão, impresso pela primeira vez em 1779, constituindo um louvor à graça de Deus.

A notícia não esclarecia se os detalhes musicais haviam também sido pré-determinados pela célebre Cleópatra, tal como, Noel Rosa, fizera em Fita Amarela.
Daí eu hesitar entre considerar esta atitude o cúmulo da programação ou o delírio do star sistem em todo o seu esplendor.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Governo demissionário.

Face ao "chumbo" previsível do PEC 4 que  ocorreu na Assembleia da República, o Primeiro Ministro apresentou o seu pedido de demissão ao Presidente da República, que o aceitou, foi-nos confirmado ontem, depois da lenta agonia que foi o desempenho deste governo.
 Vamos ter eleições legislativas no próximo mês de Junho.
E daí?
Daí, nada, NADA, o desencanto grassa.
Pessoalmente, sinto-me na pele daqueles tratadores de répteis venenosos, que ocasional ou frequentemente são picados. A picada, não sendo letal, imuniza, obriga o organismo a criar anti-corpos para o veneno e, em última instância, dessensibiliza.
Os políticos e a política em geral, aborrecem-me, cansam-me, entediam-me, mas não me perturbam, o que é grave.
 É gravíssimo que uma cidadã consciente caia, facilmente, na tentação de não querer saber, de apenas sentir desprezo pelos protagonistas desta triste encenação.

 Como se nada tivesse acontecido, hoje, como todas as manhãs,  fiz a minha caminhada.
O dia estava incerto, de sol coberto e descoberto, mas o mar, esse estava assim, imperturbável, mais calmo que nunca, glorioso na sua imensidão de lago, indiferente às intrigas palacianas, às "tricas" e ao "mais do mesmo" que receio bem, nos espere em Junho.






Durante os 60 minutos do percurso, ocorreu-me que algo tem de mudar drasticamente.
Infelizmente, é destas circunstâncias que se moldam as ditaduras.
Não forçosamente, lembraram-me.
Lembraram-me da inspiradora figura de Nelson Mandela, recentemente herói de todos nós no filme Invictus.
 Ele, que após uma vida de cárcere, gerou a ideia de um país, onde as diferenças se atenuaram em nome de um interesse superior, chamado Nação.
Precisávamos de alguém assim!

Beijos,
Nina

quarta-feira, 23 de março de 2011

Figueiras

Ontem, dei livre curso à minha vertente de jardineira/agricultora e plantei uma figueira da variedade pingo-de-mel, cuja estaca comprei, sábado, na feira de Cerveira.
Arranjei um vaso enorme e tratei do procedimento:
- Uma camada de cacos para facilitar a drenagem da água;
- Uma camada de terra misturada com turfa;
- Aparar as extremidades da estaca com uma tesoura de poda;
- Introduzir a estaca na terra, cuja raíz foi, previamente, mergulhada  em água, durante 15 minutos;
- Completar o preenchimento do vaso com a mesma mistura de terra e turfa, pressionando bem a   superfície;
- Regar abundantemente.

sistema de rega automático é um investimento de retorno garantido

O recipiente tem as dimensões mínimas exigidas - 40/40 cm

O passo seguinte consiste em regar moderadamente e esperar, com muita fé, que a natureza me seja favorável.

Beijos,
Nina

terça-feira, 22 de março de 2011

Azul, azul ...

da cor do mar!

Conclui este trabalho há semanas atrás. Só que o frio e a chuva não me permitiam vesti-lo, porque a sua manga a 3/4, não me agasalhava o suficiente.
Agora, chegada a Primavera, vesti-o pela primeira vez, mas tive imenso calor ( e imensa pena...)
Será que com as mudanças climáticas perdemos a meia estação, a Primavera e o Outono, saltando, sem transição, do Inverno para o Verão?

Seja, como for, o trabalho está concluído com grande orgulho por parte da autora.

Na abertura central, apliquei dois elefantes em missanga
A manga exigia este conjunto de tranças que sugere o tricot irlandês
O decote, sem ser amplo, é afastado do pescoço

Veste assim

Gosto muito do resultado final.
Uma vez mais, comprei uma lã fina, no Corte Inglês de Vigo, durante a época dos saldos.
O modelo, retirei-o da revista SANDRA Tendencias de Punto, nº5.
Na minha opinião, pode ser tricotado com manga comprida, sem que perca a graça.

Beijos,
Nina